• Cotidiano

    Monday, 18-Nov-2024 04:41:17 -03

    Em Pedrinhas, 63% das mortes de 2013 s�o 'a esclarecer'

    JULIANA COISSI
    DE S�O PAULO

    09/05/2014 02h00

    O massacre no complexo prisional de Pedrinhas, em S�o Lu�s, evidenciou a crise do sistema carcer�rio do Maranh�o e do pa�s e exp�e agora as defici�ncias da investiga��o policial.

    De 60 presos mortos dentro das celas de Pedrinhas em 2013, a pol�cia n�o sabe o que ocorreu em pelo menos 38 casos (63% do total).

    O governo Roseana Sarney (PMDB) informou � Justi�a o andamento dos inqu�ritos, em documento obtido pela Folha. Em alguns casos, a Pol�cia Civil n�o sabe nem o nome correto da v�tima.

    Nos outros 22 inqu�ritos, a pol�cia identificou autores em nove casos. Os 13 restantes n�o s�o citados no material enviado � Justi�a.

    Ap�s a revela��o da crise em Pedrinhas, no come�o deste ano, o complexo prisional se tornou s�mbolo da viol�ncia nas cadeias do Brasil.

    Entidades internacionais entraram no circuito, cobrando do Brasil resultados nas apura��es desses crimes.

    O horror na pris�o alcan�ou proje��o internacional ap�s a divulga��o do n�vel da viol�ncia no local -retratado, por exemplo, em v�deo publicado pela Folha em que detentos registram a decapita��o de outros presos.

    Mais sete detentos morreram neste ano em Pedrinhas. A Procuradoria-Geral da Rep�blica estuda se pedir� interven��o federal no Maranh�o diante da situa��o.

    editoria de arte/folhapress

    'LEI DO SIL�NCIO'

    O levantamento dos casos � um resumo da Pol�cia Civil, de janeiro deste ano, sobre a situa��o dos inqu�ritos.

    Dos 38 casos com autor "a esclarecer", 37 s�o de homic�dio e um de morte acidental. Em todos, a pol�cia pede � Justi�a mais prazo de apura��o, mesmo para mortes ocorridas em janeiro de 2013.

    A superintendente da Pol�cia Civil em S�o Lu�s, Katherine Lima, disse que a principal dificuldade para chegar aos assassinos de
    Pedrinhas � a chamada "lei do sil�ncio".

    "Os presos sempre falam que estavam dormindo, que n�o viram nada", afirmou.

    A delegada tamb�m responsabilizou a Sejap (Secretaria da Justi�a e da Administra��o Penitenci�ria) pela demora nos inqu�ritos.

    "[A Sejap] demora a apresentar presos ou simplesmente n�o apresenta, n�o responde a pedidos dos delegados, n�o fornece imagens [internas de seguran�a]", disse.

    A Sejap n�o se manifestou.

    Marlene Bergamo - 10.jan.14/Folhapress
    Detentos participam de culto religioso no complexo prisional de Pedrinhas (MA), onde 60 presos morreram em 2013
    Detentos participam de culto religioso no complexo de Pedrinhas, onde 60 presos morreram em 2013

    Para o defensor p�blico Paulo Rodrigues da Costa, falta investimento para apurar crimes em pres�dios. "Como o efetivo policial � pequeno, j� h� defici�ncia para apurar crimes fora da pris�o."

    O �ndice de homic�dios elucidados em Pedrinhas em 2013 (15% do total) est� pr�ximo ao de outras regi�es do pa�s, afirma S�rgio Adorno, coordenador do N�cleo de Estudos de Viol�ncia da USP.

    Segundo Adorno, a falta de provas t�cnicas e a fragilidade dos testemunhos dificultam a solu��o dos casos. "Para o coletivo [social], o custo do crime parece baixo."

    No Estado de S�o Paulo -que apresenta padr�o de resolu��o um pouco acima da m�dia das demais regi�es do pa�s-, o �ndice de elucida��o de homic�dios dolosos � de 38%, segundo o governo Geraldo Alckmin (PSDB).

    Questionada, a pol�cia maranhense n�o respondeu sobre o �ndice geral de elucida��o de homic�dios no Estado.

    Fale com a Reda��o - [email protected]

    Problemas no aplicativo? - [email protected]

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024