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    Ronaldo Caiado

    As institui��es brasileiras vivem no mundo da lua

    18/11/2017 02h00

    Renato Costa/FramePhoto/Folhapress
    Sess�o do Congresso Nacional, sob o comando de seu presidente, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), para vota��o de vetos presidenciais e da Lei de Diretrizes Or�ament�rias (LDO) de 2017
    Parlamentares em sess�o do Congresso Nacional

    � cada vez mais profundo o abismo entre o pa�s real e o institucional. Enquanto a viol�ncia, nos meios urbano e rural, cresce de maneira assustadora, sem que o Estado se mova para cont�-la, a agenda parlamentar inclui entre suas prioridades temas como abertura de cassinos, sucess�o presidencial e reforma ministerial.

    Mundos desconectados, sem di�logo, o que explica o cont�nuo desgaste das institui��es perante a sociedade.

    N�o h� exagero em afirmar que as institui��es brasileiras vivem (e n�o � de hoje) no mundo da lua, alheias �s demandas mais elementares da popula��o.

    A viol�ncia rural fica em segundo plano. O agroneg�cio �, h� d�cadas, o sustent�culo da economia brasileira. Responde por mais de 30% dos empregos formais e � o respons�vel pelos sucessivos superavit na balan�a comercial. Neste momento de crise, carrega o pa�s nas costas.

    O Brasil �, hoje, com todos os contratempos ao produtor, o segundo exportador mundial de alimentos, s� atr�s dos EUA —e com um diferencial: temos potencial de crescimento.

    Se hoje j� alimentamos mais de 1 bilh�o e meio de pessoas no planeta, temos condi��es de ampliar bem mais esse mercado. Isso, em circunst�ncias normais, tornaria o setor priorit�rio, independentemente de qual corrente ideol�gica estivesse no poder.

    N�o �, por�m, o que ocorre. No discurso dito progressista, o produtor rural � descrito como retr�grado, perverso, herdeiro das mais aviltantes tradi��es coloniais, cultor de pr�ticas escravagistas e predador ambiental, entre outras aberra��es.

    � evidente que tal perfil contrasta enormemente com o fato de ser ele reconhecido mundialmente como um dos mais sofisticados, em ci�ncia e tecnologia de ponta. N�o h� como conciliar os dois perfis.

    O discurso ideol�gico quer criar condi��es pol�ticas e morais para justificar as invas�es criminosas que t�m aumentado.

    St�lin, quando quis estatizar a produ��o rural sovi�tica, n�o hesitou em matar de fome, entre 1932 e 1933, 7 milh�es de camponeses ucranianos, confiscando alimentos e fechando as fronteiras, em meio a um inverno de -30�C.

    Aqui, o processo, obviamente, � outro, mas o objetivo � o mesmo. Promovem-se, via milicianos do MST, invas�es e depreda��es, de propriedades produtivas; reivindicam-se para os �ndios terras que est�o h� gera��es nas m�os dos atuais propriet�rios, devidamente documentadas; imp�em-se multas bem acima da capacidade de pagamento do produtor, al�m de aumentos escorchantes de impostos. Entre outras barbaridades.

    N�o h� d�vida de que se postula a estatiza��o do agroneg�cio, como etapa do projeto bolivariano, engendrado por Lula e seu ex�rcito vermelho, comandado por St�dile, que p�e em risco a economia do pa�s e a subsist�ncia da popula��o.

    H� dias, assistimos a alguns epis�dios dessa natureza no Rio Grande do Sul e na Bahia. E o que fez o Estado? Aprofundou o processo de emiss�o de multas, aumentando a inseguran�a jur�dica dos produtores. Nenhum miliciano invasor foi preso. N�o se registrou nenhuma manifesta��o das autoridades do governo federal, empenhado em reformar o minist�rio para se manter no poder.

    A bancada petista no Congresso, como � de praxe, inverteu o julgamento moral, considerando v�timas os agressores e vil�es os agredidos. Na m�dia urbana, o tema preponderante � a sucess�o presidencial.

    Enquanto o pa�s real est� � deriva, o institucional, voltado para o pr�prio umbigo, considera razo�vel cortar R$ 10 do sal�rio m�nimo para que o Or�amento do pr�ximo ano tenha seu deficit reduzido.

    ronaldo caiado

    � senador pelo DEM-GO.
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