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    Ronaldo Caiado

    Brasil quer fim da rep�blica dos Batista

    09/09/2017 02h00

    S�rgio Lima - 7.set.17/AFP
    Joesley Batista, dono e presidente da JBS, o maior embalador de carnes do mundo, chega ao aeroporto depois de falar como testemunha do procurador-geral do Brasil, Rodrigo Jano, em Bras�lia, em 7 de setembro de 2017. Testemunho dos executivos da ind�stria de carnes, que dizem que administraram um enorme suborno rede, est� no cerne do caso contra o presidente brasileiro Michel Temer
    O empres�rio Joesley Batista no aeroporto de Bras�lia

    O Estado brasileiro vive sob a suspeita, fundada, de ter sido capturado, em seu conjunto, pelo crime organizado. N�o se trata, como muitos pensam, s� do Poder Legislativo.

    Este, por ser o mais aberto e transparente, � o que mais se exp�e, mas est� longe de ser o �nico infectado. Na verdade, todos o foram —e exercem forte protagonismo na crise.

    O �udio de Joesley Batista, repugnante, um circo de horrores, � (n�o a �nica) prova disso. Exp�e m�todos com que agia nas tr�s esferas do Poder, comprando apoios, obstruindo a Justi�a, impondo interesses que passam ao largo do bem comum.

    Temos visto sucessivos depoimentos de agentes p�blicos e privados descrevendo o mesmo cen�rio abjeto: a rela��o incestuosa entre o p�blico e o privado, sob os ausp�cios do contribuinte. Tudo numa sequ�ncia vertiginosa que leva o cidad�o comum, j� sem refer�ncias institucionais, a quase desistir do Brasil.

    A corrup��o � crime hediondo —e nocauteou o pa�s. Contemplado com um acordo de dela��o privilegiado, que o isentou de qualquer puni��o, Joesley admite assim mesmo que n�o contou tudo.

    "Se fiz 30 traquinagens, conto apenas 20", diz, com a arrog�ncia de quem se sente de posse do pa�s.

    Escarnece da lei, das institui��es e das autoridades dos tr�s Poderes. Cita o ent�o procurador Marcello Miller como colaborador e parceiro de sua dela��o —o mesmo que deixaria a PGR para advogar para a pr�pria JBS.

    Com um gravador no bolso, bilh�es nos cofres e nenhum senso moral, diz como planeja continuar a destruir a Rep�blica. N�o lhe faltam coadjuvantes. Na sua dela��o, disse ter comprado mais de 1.200 pol�ticos em todo o pa�s, em todos os partidos.

    O fen�meno Joesley n�o brotou aleatoriamente.

    � fruto de a��o planejada da organiza��o criminosa petista (a express�o � do ministro Celso de Mello, do STF), que Janot agora, enfim, denuncia, e que chegou ao poder com Lula. Produziu empres�rios amestrados, como os irm�os Batista e Eike Batista, para gerar um caixa paralelo aos integrantes do poder, servindo-se do aparelho estatal.

    O pa�s quer saber como os irm�os Batista, que possu�am um pequeno frigor�fico no interior de Goi�s, tiveram, no governo Lula, acesso a R$ 45 bilh�es do BNDES —e, em tempo recorde, tornaram-se os maiores produtores mundiais de prote�na animal. Pior: tornaram-se condest�veis da Rep�blica.

    A pol�tica � uma atividade nobre —a mais nobre de todas, segundo Arist�teles. Surge como alternativa � guerra, meio civilizado de dirimir os conflitos do conv�vio humano.

    Se deixou de fazer jus � sua origem, a culpa n�o � dela, mas de distor��es da conduta humana.

    O advento das ideologias, sobretudo das ideologias de massa —comunismo, socialismo, nazismo, fascismo—, conspurcou a pol�tica e a desviou de sua finalidade original, de instrumento pacificador, para torn�-la fundamento da a��o revolucion�ria, que postula refundar a sociedade, destruindo-a.

    A corrup��o sist�mica, instalada na era PT, moveu-se com o prop�sito de promover a revolu��o socialista bolivariana no continente. Para tanto, associou-se a empres�rios e agentes p�blicos inescrupulosos.

    Essa alian�a levou as institui��es do Estado a um desgaste moral sem precedentes, em que a ru�na econ�mica � s� um dos subprodutos. Mais dif�cil que reconstruir a economia � refazer a credibilidade institucional. � preciso dar o primeiro passo.

    Justi�a e transpar�ncia s�o as palavras-chaves. O pa�s n�o suporta mais a "rep�blica" dos Batista. Precisa refund�-la, em novas e mais sadias bases morais, se n�o quiser v�-la sair pelo ralo.

    ronaldo caiado

    � senador pelo DEM-GO.
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