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    Ronaldo Caiado

    Temer virou um prisioneiro palaciano, sem condi��es de andar pelas ruas

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    29/07/2017 02h00

    Pedro Ladeira - 11.jul.17/Folhapress
    BRASILIA, DF, BRASIL, 11-07-2017, 22h00: O presidente Michel Temer faz pronunciamento sobre a aprova��o da Reforma Trabalhista no Senado, no Pal�cio do Planalto. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)
    O presidente Michel Temer no Pal�cio do Planalto

    Em pol�tica, como em tudo o mais, as oportunidades n�o se repetem. O presidente Michel Temer, lamentavelmente, perdeu a sua.

    Quando assumiu, antes mesmo de consumado o impeachment, n�o soube captar a expectativa de mudan�a que moveu a sociedade e levou multid�es in�ditas �s ruas de todo o pa�s.

    O Brasil pedia uma mudan�a radical nos padr�es morais e administrativos.

    Tirar Dilma Rousseff sem remover todo o aparato predat�rio que a cercava —39 minist�rios, mais de 100 mil cargos comissionados, al�m de toda a pr�tica fisiol�gica da Era PT— foi trocar seis por meia d�zia.

    A popula��o n�o caiu no engodo.

    E eis que, um ano depois, e n�o por acaso, o presidente Temer exibe a mesma impopularidade que sua antecessora: rejei��o de 95% da popula��o. E os motivos s�o os mesmos: corrup��o, m� gest�o do Or�amento, insensibilidade � agenda da sociedade.

    � imposs�vel governar o pa�s cedendo �s corpora��es e ao apetite voraz de uma base parlamentar de 26 partidos. N�o h� como atend�-los e, simultaneamente, atender �s verdadeiras prioridades do pa�s.

    Foi, por�m, o que o presidente fez desde o in�cio, quando cedeu � press�o corporativa, dando aumento � c�pula dos tr�s Poderes, que, al�m de desfrutar de estabilidade, aufere os maiores sal�rios do Estado. Enquanto isso, o contingente de desempregados passou de 12 milh�es para 14 milh�es em um ano.

    E o enredo se repete: falta dinheiro at� para o combust�vel dos ve�culos da Pol�cia Rodovi�ria, mas o presidente, cuja prioridade � manter-se no cargo, libera, em menos de um m�s, nada menos que R$ 3,8 bilh�es em emendas parlamentares.

    Precisa afagar sua base para rejeitar a den�ncia de corrup��o passiva da Procuradoria-Geral da Rep�blica.

    At� nisso, lembra os dias finais de Dilma, quando Lula fez-se operador da presidente, distribuindo verbas e cargos, na tentativa de impedir o impeachment. Se Temer tivesse assumido a agenda da sociedade, teria a legitimidade que s� ela � capaz de proporcionar. Optou, por�m, por outra maioria: a congressual.

    E selou o seu destino. Sem dinheiro em caixa para as concess�es que continua fazendo, compromete o �nico segmento que ainda exibia resultados razo�veis: a economia. J� n�o exibe, e isso o leva a a��es nefastas, como as mais recentes.

    Em uma, pressionou o STF a que restabelecesse as contribui��es do Funrural, punindo o agroneg�cio, setor sustent�culo da economia; em outra, aumentou impostos.

    N�o conseguindo cumprir a meta or�ament�ria de 2017 —um deficit de R$ 139 bilh�es—, aumentou o PIS e o Cofins dos combust�veis, desprezando o prazo legal de 90 dias para que entrasse em vigor.

    Mais uma vez, o povo paga a conta, sem a garantia de que ela ser� efetivamente paga, j� que o governo n�o descarta novos aumentos de impostos.

    O presidente n�o percebeu que, para impor sacrif�cios ao povo, carece de autoridade moral. Ao optar pela maioria congressual, tornou-se ref�m de sua base. N�o cumpriu o compromisso de enxugar a Esplanada dos Minist�rios, reduzindo-a a 15 pastas, ocupadas por gente qualificada moral e tecnicamente. Manteve a m�quina inchada e aparelhada.

    A excel�ncia que buscou na �rea econ�mica comprometeu-a com a desqualifica��o de seu entorno pol�tico, em grande parte investigada na Lava Jato.

    O resultado a� est�: denunciado pela PGR por corrup��o passiva e associado a figuras execr�veis como os irm�os Batista, tornou-se um prisioneiro palaciano, sem condi��es de andar pelas ruas do pa�s.

    A resposta vir� pelas urnas, se o povo tiver paci�ncia de aguard�-las. Infelizmente, 2018 est� muito longe

    ronaldo caiado

    � senador pelo DEM-GO.
    Escreve aos s�bados,
    a cada duas semanas.

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