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    Ronaldo Caiado

    Sem reforma, Estado continuar� covil de ladr�es

    15/07/2017 02h00

    Miguel Schincariol - 13.jul.17/AFP
    Former Brazilian president Luiz Inacio Lula Da Silva (C) speaks during a press conference in Sao Paulo, Brazil, July 13, 2017. Brazil's former president Luiz Inacio Lula da Silva was sentenced to nearly 10 years in prison for graft in a stark fall from grace for the iconic leftist leader. Lula, who ruled Brazil from 2003-2010, was convicted and handed a 9.5-year prison term on Wednesday for accepting a luxury seaside apartment and $1.1 million, the latest twist in a giant corruption probe engulfing Latin America's largest economy. / AFP PHOTO / Miguel SCHINCARIOL
    O ex-presidente Lula, condenado por Sergio Moro, durante entrevista em SP

    A condena��o de Lula �, sem d�vida, um avan�o. Atingiu a c�pula da organiza��o criminosa que, em 13 anos, devastou a economia, incitou o �dio na popula��o e degradou a pol�tica.

    O pa�s levar� anos, talvez d�cadas, para inventariar o estrago, sobretudo no campo moral, perpetrado pela era PT.

    A economia conserta-se em menos tempo. Mas o desgaste imposto � atividade pol�tica, sem a qual n�o h� democracia —e nem civiliza��o—, demora bem mais. Muito mais.

    N�o basta, por�m, ir ao topo; � preciso, simultaneamente, ir �s ra�zes do problema, �s distor��es que favoreceram todo esse conjunto de anomalias, jamais visto em nenhuma parte do planeta.

    Refiro-me ao Estado brasileiro, cujos gigantismo e obesidade alimentam a corrup��o e o desperd�cio de dinheiro p�blico.

    � preciso enxug�-lo, retir�-lo de atividades que n�o lhe dizem respeito e, sobretudo, impedir que continue sendo moeda de troca do fisiologismo pol�tico. O PT levou essa pr�tica nefasta ao paroxismo.

    Ela j� o precedia, mas o padr�o que lhe imp�s, sist�mico, n�o tem precedentes. Tornou-o um m�todo de gest�o. E o resultado v�-se na Petrobras, que, diga-se, n�o foi o �nico bem p�blico destru�do pela sanha petista.

    A rigor, nenhum cofre p�blico foi poupado, nem os fundos de pens�o dos aposentados das estatais. O PT banalizou o bilh�o e introduziu o trilh�o na contabilidade do crime.

    A condena��o de Lula tem, por enquanto, for�a simb�lica. � apenas a primeira, em primeira inst�ncia, de um conjunto de cinco processos, sem contar as dela��es em curso, como a de Antonio Palocci, em que � figura central.

    Nem por isso, no entanto, deixa de ter relev�ncia. O juiz Sergio Moro, ao sentenciar pela primeira vez um ex-presidente por delito criminal, mostra que a Justi�a �, de fato, para todos.

    Isso inclui o presidente Michel Temer, acusado pelo Minist�rio P�blico tamb�m por corrup��o passiva.

    Mas n�o basta condenar um ex-presidente e depor outros dois se o que vier a suced�-los tiver de gerir a mesma m�quina ensandecida.

    Al�m da bagun�a salarial, da disparidade absurda entre as aposentadorias dos setores p�blico e privado, h� a n�o menos absurda inger�ncia do Estado em setores da economia que lhe s�o alheios. E que resultam em inefic�cia e preju�zo.

    O pa�s tem hoje 149 empresas estatais; 47 delas criadas nos 21 anos do regime militar, de forte centralidade estatal.

    Em 13 anos, o PT quase o igualou, criando nada menos que 43 estatais —e elas incluem desde uma f�brica de semicondutores no Rio Grande do Sul at� uma, em Pernambuco, de produ��o de medicamentos derivados do sangue, a Hemobras, sob investiga��o pela Justi�a em face de roubalheira. Nenhuma justificou sua exist�ncia.

    � claro que h� muitos outros exemplos, mas que n�o cabem neste.

    As 28 estatais n�o financeiras criadas na era PT geraram, segundo dados do Instituto Teot�nio Vilela, preju�zo acumulado de R$ 7,99 bilh�es, sem contar a folha salarial de mais de R$ 5,4 bilh�es.

    Entre as novas crias do PT, h� duas subsidi�rias da Petrobras, n�o por acaso as mais deficit�rias entre elas: a Citepe, criada em 2009, teve preju�zo de R$ 4,01 bilh�es; a Petroqu�mica Suape, de R$ 3 bilh�es.

    Al�m do rombo econ�mico e da inefic�cia, h� o amplo espa�o que oferecem para o saque de seus cofres, como nos tem mostrado pedagogicamente a Opera��o Lava Jato.

    N�o h� d�vida de que a Justi�a, em especial a 13� Vara Federal de Curitiba, tem prestado inestim�vel servi�o ao saneamento moral do pa�s.

    Mas a n�s, pol�ticos, cabe completar a obra, saneando o Estado brasileiro. Como est�, continuar� a ser um covil de ladr�es.

    ronaldo caiado

    � senador pelo DEM-GO.
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