• Colunistas

    Tuesday, 16-Jul-2024 21:13:09 -03
    Ronaldo Caiado

    De costas para a sociedade, governo n�o escapar� ao fisiologismo

    10/09/2016 02h00

    A efetiva��o do presidente Michel Temer, na imediata sequ�ncia do impeachment, processou-se como mero ato burocr�tico, despojado do simbolismo que o acontecimento impunha. Pol�tica tamb�m � feita de gestos e s�mbolos. Foram subestimados.

    Ato cont�nuo, as for�as derrotadas, que levaram o pa�s � ru�na e protagonizaram os maiores esc�ndalos financeiros de toda a nossa hist�ria —mensal�o, petrol�o e agora o ataque aos fundos de pens�o, o fund�o—, foram �s ruas, em atos de vandalismo expl�cito, "denunciar" as medidas de austeridade a que o pa�s ter� de recorrer para curar-se das les�es que elas pr�prias lhe impuseram.

    O governo Temer come�a a perder uma batalha vital: a da comunica��o. O ambiente de desobedi�ncia civil, com conclama��o a greve geral e at� mesmo a guerra civil, proclamado por pelegos das centrais sindicais e autoridades da ordem deposta —a come�ar pela pr�pria Dilma e seu mentor, Lula—, transmite ao p�blico sinais invertidos: de que o impeachment n�o apenas � golpe mas impor� sacrif�cios desnecess�rios para lesar "conquistas sociais".

    Quem fala s�o investigados da Justi�a –alguns j� r�us, caso de Lula, ou denunciados, caso de Dilma–, a adotar tom acusat�rio, quando t�m s� direito � defesa nas barras dos tribunais. E o que fazem o presidente e seu governo? Limitam-se a conversar com o Congresso, em busca de aprovar medidas legais contra a crise. Isso � indispens�vel, mas n�o basta. De costas para a sociedade, n�o escapar�o ao fisiologismo.

    O novo governo ir� se legitimar nas ruas se estiver sintonizado, em permanente comunica��o. � preciso que a sociedade saiba como est�o as contas do pa�s e quem e como as dilapidou. A analogia com o or�amento dom�stico � de f�cil assimila��o pelo cidad�o.

    Simples: n�o se pode gastar mais do que se tem; n�o se pode endividar al�m da capacidade de pagar. O governo deposto gastou o que tinha e n�o tinha –e gastou mal. E roubou –muito.

    Os n�meros s�o eloquentes. Segundo os investigadores, o ataque aos fundos de pens�o –um assalto a aposentados e vi�vas de pensionistas!– soma mais de R$ 50 bilh�es.

    � mais que o petrol�o, com os seus R$ 42 bilh�es j� auditados pela Lava Jato —e que o jornal "The New York Times" havia classificado como o maior roubo da hist�ria da humanidade. E h� ainda por investigar, entre outros, BNDES, Caixa, Banco do Brasil, Dnit, Eletrobras. E a quadrilha � exatamente a rec�m-deposta pelo mais brando dos seus delitos, o crime de responsabilidade fiscal: PT, seu governo e seu aparato sindical, os mesmos que hoje bagun�am as ruas, no inacredit�vel papel de acusadores indignados.

    � o ladr�o acusando a v�tima de roub�-lo. Sem interlocu��o do governo com as ruas, a v�tima acabar� abra�ada ao ladr�o e acusando a pol�cia e a Justi�a. J� h� sinais preocupantes.

    A elite vermelha do PT, que controla v�rias centrais sindicais, investe no caos, em defesa de seu projeto bolivariano, indiferente � crise, que j� produziu 12 milh�es de desempregados. Com uma m�o, pressiona o governo por aumentos a categorias que j� desfrutam de estabilidade funcional e amea�a com greve geral; com a outra, saqueia os fundos de pens�o, lesando os aposentados. A sociedade precisa saber disso.

    Precisa repudi�-las e entender que n�o se sai da crise sem sacrif�cio. Por�m, � preciso a for�a moral do exemplo, cortando na pr�pria carne. Da� o desastre simb�lico dos aumentos e da submiss�o aos lobbies corporativistas. O governo precisa enfrentar o PT e seus asseclas, sobretudo agora, quando seus crimes come�am a vir � tona.

    ronaldo caiado

    � senador pelo DEM-GO.
    Escreve aos s�bados,
    a cada duas semanas.

    Edi��o impressa

    Fale com a Reda��o - [email protected]

    Problemas no aplicativo? - [email protected]

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024