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    Ronaldo Caiado

    Feira da corrup��o

    09/04/2016 02h00

    O ambiente pr�-impeachment, que transformou a pra�a dos Tr�s Poderes em balc�o de neg�cios, evoca frase lapidar do falecido humorista Bar�o de Itarar� (que, a prop�sito, era comunista): "O homem que se vende vale sempre menos do que recebe".

    Mas n�o se trata apenas do aspecto moral. Mesmo sob o �ngulo estritamente utilit�rio, que impulsiona carreiristas e oportunistas, a oferta � uma cilada. A presidente Dilma oferece cargos aos deputados que se dispuserem a votar contra o impeachment. Mas o que significa aceit�-los diante de um governo em ru�nas, reprovado, segundo o Ibope, por 90% da popula��o e submetido aos rigores de uma investiga��o policial implac�vel, que j� acumula dezenas de grav�ssimas den�ncias? E n�o � s�: um governo que n�o sabe o que fazer com a crise que ele mesmo criou e que se agrava dia a dia.

    � o mesmo que comprar lotes na lua. E este � um dos aspectos mais bizarros que este momento oferece ao olhar da na��o: a vaidade e a ambi��o contrapondo-se � raz�o, ao bom senso e � �tica. Al�m de burrice, � jogar contra os interesses do pa�s. O governo �, hoje, um mercador de nuvens: oferece uma mercadoria que n�o tem, pelo trivial motivo de que ele pr�prio j� n�o existe. � uma ilus�o.

    Faliu financeira, moral e politicamente. A na��o, por isso mesmo, n�o o quer. O m�ximo que pode oferecer aos seus futuros ministros � o usufruto de um carro executivo preto, um chofer e um punhado de assessores t�o perdidos quanto ele pr�prio; gente que afaga o ego com um t�tulo vazio que, em vez de status, imp�e um estigma, o fim precoce e inapel�vel de uma carreira equivocada.

    N�o se governa de costas para a na��o. O governo Dilma luta para ficar, mas nada justifica que o fa�a, j� que n�o tem projeto para o pa�s. O seu projeto � ficar. A Opera��o Lava Jato revela, a cada dia com mais detalhes, a sequ�ncia s�rdida de delitos que praticou para reeleger-se e conservar-se no poder.

    Conseguiu, mas � custa de preju�zos que, apenas parcialmente contabilizados, levaram o jornal "The New York Times" a considerar o petrol�o "o maior esc�ndalo financeiro da hist�ria da humanidade". De fato. A t�tulo de compara��o, o esc�ndalo da Fifa, que abalou o mundo, contabiliza US$ 150 milh�es.

    O petrol�o, at� aqui, contabiliza R$ 42 bilh�es. A ex-presidente da Petrobras Gra�a Foster contabilizou R$ 88,8 bilh�es. Somente um gerente da Petrobras, Pedro Barusco, devolveu US$ 100 milh�es. O esc�ndalo da Fifa, portanto, equivale a um Barusco e meio. E estamos falando de uma �nica estatal. H� outras caixas-pretas ainda por abrir: Eletrobras, fundos de pens�o, BNDES, Dnit, Banco do Brasil, Caixa Econ�mica.

    Sabemos por diversas dela��es premiadas –e nesta semana foi a da diretoria da Andrade Gutierrez– que essa dinheirama, al�m de fornir a conta de governistas e empreiteiros, financiou a reelei��o de Lula e as duas de Dilma. Para qu�? Criar um desgoverno corrupto.

    O Tribunal de Contas da Uni�o acaba de revelar outro esc�ndalo, desta feita relativo � reforma agr�ria. Identificou mais de 578 mil benefici�rios irregulares. O rombo, segundo o TCU, � de R$ 2,5 bilh�es, decorrente de cr�ditos e benef�cios atrelados � previs�o de 120 mil assentados entre 2016 e 2019. Mais um.

    Enquanto isso, mil�cias governistas, sob o olhar c�mplice da presidente, ocupam o Pal�cio do Planalto e amea�am invadir fazendas, gabinetes e resid�ncias de parlamentares advers�rios. N�o s�o sem-terra; s�o sem-lei, criminosos.

    � esse ambiente devastado a moeda oferecida em troca de votos contra o impeachment. N�o funcionar�. A press�o popular h� de triunfar.

    ronaldo caiado

    � senador pelo DEM-GO.
    Escreve aos s�bados,
    a cada duas semanas.

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