O Pal�cio do Planalto n�o � mais hospedeiro exclusivo da crise. Ela est� presente e alastrada por todo o Congresso Nacional, comprometendo seu funcionamento enquanto Poder Legislativo.
Em um impasse como esse, o que se espera em rea��o � o afastamento de todos os agentes envolvidos como forma de proteger o Congresso Nacional das intemp�ries dos esc�ndalos que se seguem. N�o � o que est� acontecendo. Ao mesmo tempo, o andamento dos trabalhos � tocado em total descompasso com a realidade, pautado pelos mais inoportunos projetos, a exemplo da repatria��o de recursos il�citos (PLC 186/15), aprovada em car�ter terminativo no Senado Federal nesta semana.
Como argumentar com a sociedade quando, em um momento como o atual, est�o validando a repatria��o de recursos, mediante acordo e anistia, de crimes como evas�o de divisas; lavagem de dinheiro; crime contra a ordem tribut�ria; sonega��o; falsifica��o de documentos; falsidade ideol�gica; descaminho (contrabando); e falsifica��o de declara��o tribut�ria? � praticamente um compilado de palavras-chave das fichas corridas do petrol�o!
� imposs�vel contestar a desilus�o e o descr�dito com os quais a classe pol�tica est� sendo vista. Quem tenta corre o risco de cair no mesmo rid�culo do PT, que tanto bradou para deslegitimar os movimentos que ocuparam as ruas das principais cidades brasileiras pela quarta vez no ano no domingo passado. Receberam a resposta dois dias depois: a pesquisa Ibope indicando que 70% da popula��o brasileira segue rejeitando o governo Dilma, um n�mero recorde que se mant�m h� meses.
Como m�dico, sei que um paciente que segue em quadro agudo, apesar de todos os rem�dios ministrados, precisa mudar o tratamento ou quem o ministra. Em nosso caso, as duas op��es. As medidas adotadas sem crit�rio para enfrentar as crises pol�tica e econ�mica t�m impacto nulo porque n�o h� nenhuma credibilidade de quem aplica. �s vezes a m�o do m�dico � mais importante que o medicamento. E, no caso atual, a principal respons�vel por tratar esse quadro grave � a mesma pessoa que nos colocou nessa situa��o.
Vale aqui ressaltar um aspecto curioso do relat�rio da Fitch, segunda grande ag�ncia a rebaixar a nota do Brasil a um n�vel especulativo: em nenhum momento s�o citados problemas t�picos de economias em dificuldade, como colapso de setores produtivos, adversidades clim�ticas ou concorr�ncia externa. S�o os pr�prios erros do governo que nos trouxeram at� aqui. Em determinado momento, a ag�ncia fala: "As constantes mudan�as na meta de superavit prim�rio minaram a credibilidade da pol�tica fiscal". Algu�m discorda?
A crise atinge diretamente a atual presidente Dilma, o seu antecessor Lula e um n�mero que ultrapassa mais de 60 congressistas. Como acreditar que o atual governo poderia nos apresentar solu��es, sendo ele o respons�vel pela crise? Ao mesmo tempo o Congresso em descompasso e a reboque do Supremo Tribunal Federal. � deprimente ver o Poder Legislativo rebaixado. Por isso defendo a ren�ncia geral e elei��es para presidente da Rep�blica e Parlamento. Seria uma sa�da in�dita precedida de mudan�as constitucionais. Estar�amos praticamente estabelecendo um novo mecanismo de recall em nossa democracia moderna. Nada que n�o possa ser feito.
S� assim teremos parlamentares de C�mara e Senado que possam resgatar as prerrogativas de um Poder esvaziado.
Um Feliz Natal e que 2016 seja um ano de mudan�as. Caso contr�rio, a previs�o ser�, infelizmente, de piora dos indicadores pol�ticos e econ�micos.
� senador pelo DEM-GO.
Escreve aos s�bados,
a cada duas semanas.