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    Monica de Bolle

    O que esperar de Dilma em Washington?

    25/06/2015 02h00

    Passados dois anos da visita cancelada devido ao esc�ndalo de espionagem deflagrado pelas revela��es de Edward Snowden, a presidente vem a Washington. Dilma estar� na cidade no dia 30, de onde seguir� para a Calif�rnia. Certamente n�o h� de ser para viver a vida sobre as ondas. Afinal, o mar brasileiro n�o est� para peixe.

    A vinda da presidente em momento de aguda deteriora��o econ�mica no pa�s � oportuna. Embora n�o tenha havido tempo para preparar o conte�do das reuni�es, tampouco para tra�ar estrat�gia a respeito do que o Brasil pretende da rela��o Brasil-Estados Unidos –afora a suspens�o de vistos para turistas–, haver� muito o que ouvir, caso Dilma esteja disposta a escutar.

    Empresas americanas com interesses no Brasil est�o �vidas por passar � presidente algumas das dificuldades que enfrentam para manter-se no pa�s, como a guerra fiscal entre os Estados que tanto dificulta neg�cios –imagine o pesadelo de uma firma estrangeira localizada no Nordeste que precise escoar pe�as e insumos do Sul do pa�s enfrentando a brutal incerteza de regras que acompanha a disputa entre os Estados por recursos e investimentos privados.

    Na pauta dos empres�rios norte-americanos tamb�m est� o recado sobre o qu�o importante � a abertura comercial. Em meio ao lan�amento do Plano Nacional de Exporta��o e aos sinais associados � visita aos EUA, muitos querem que o governo tenha atitude mais pr�-ativa em rela��o � abertura econ�mica. N�o se trata de planos grandiosos, mas de gestos que demonstrem que as palavras mais recentes do governo sobre esse tema se transformem em medidas concretas, ainda que pontuais.

    O atraso brasileiro em engajar-se com o resto do mundo � not�rio. O Brasil n�o faz parte do seleto grupo que negocia o mais ambicioso tratado de com�rcio, investimento e transfer�ncia tecnol�gica da atualidade, o TPP, ou Trans-Pacific Partnership. Entre os 11 pa�ses que comp�em esse grupo afora os EUA, est�o o M�xico, o Peru e o Chile.

    A Col�mbia, quarta integrante da Alian�a do Pac�fico, n�o pertence ao TPP, mas por certo dever� ser convidada a integr�-lo uma vez que as negocia��es tenham sido conclu�das. Caso o TPP avance, a Col�mbia entrar� no grupo muito antes do Brasil. Pense nisso: a maior economia da Am�rica Latina ficar� fora, enquanto parceiros comerciais com quem o pa�s goza de tratados de livre-com�rcio –o Peru, o Chile, a Col�mbia– far�o parte do acordo que promete redefinir as regras internacionais.

    N�o � a primeira vez que discuto a import�ncia da abertura econ�mica neste espa�o. �, contudo, a primeira vez que essa agenda tem chances de avan�ar, nem que seja de forma modesta. Como ouvi recentemente de executivo de uma grande empresa americana, os investidores est�o apenas aguardando a sinaliza��o do Brasil para aumentar a participa��o nesse mercado que, apesar de todos os percal�os, ainda � t�o atrativo.

    A janela, por�m, est� se fechando, e a paci�ncia, se esgotando. Sem atitudes e gestos mais contundentes do governo, muitas empresas voltar-se-�o para a �ndia, onde a estrat�gia do governo em rela��o ao investimento estrangeiro � n�tida; a vontade, inequ�voca.

    Dilma vem a Washington. Que fale pouco e ou�a muito durante sua breve passagem.

    monica baumgarten de bolle

    Escreveu até setembro de 2015

    � economista. Na coluna, tratou das grandes discuss�es econ�micas internacionais adaptadas ao contexto brasileiro.

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