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    Carlos Heitor Cony

    Medalha de ouro para o Rio

    21/08/2016 02h00

    Marcel Merguizo/Folhapress
    Erlon Souza e Isaquias Queiroz no p�dio para receber a prata na canoagem C2 1.000
    Erlon Souza e Isaquias Queiroz no p�dio para receber a prata na canoagem C2 1.000

    RIO DE JANEIRO - Esta cr�nica est� sendo escrita dois dias antes da Olimp�ada terminar. Sou pessimista de carteirinha e considero os otimistas mal informados. Podem acontecer ainda coisas terr�veis, balas perdidas e lutas de traficantes. At� agora tudo correu �s maravilhas, embora no aspecto t�cnico, mais uma vez, provamos que o Brasil n�o tem voca��o ol�mpica.

    Nos Estados Unidos, as modalidades esportivas praticamente fazem parte do curr�culo da maioria das universidades. Mas n�o � disso que quero falar. Da minha varanda, aqui na Lagoa, vi as provas do remo, deslizando pelas �guas os barcos da cor dos violinos. Pela TV vi outras modalidades tendo como cen�rio o Rio de Janeiro.

    Conhe�o a maioria das cidades tidas como bonitas. Dou raz�o a Stefan Zweig, que acusou o Todo-Poderoso de ter perdido a cabe�a quando fez o Rio em sua estrutura panor�mica. Tinha raz�o. Em "close" � uma das cidades mais feias do mundo, n�o tem os magn�ficos detalhes e obras de arte de cidades como Praga, Viena, S�o Petersburgo, Roma, Paris, que s�o magn�ficas em seus detalhes e perspectivas arquitet�nicas. Mas, panoramicamente, n�o chegam a amea�ar a medalha de ouro que o Rio conquistou logo depois do dil�vio.

    No aspecto material, at� agora, como disse acima, n�o houve balas perdidas nem guerras entre traficantes. Um jornal estrangeiro limitou-se a falar mal dos biscoitos de polvilho que desde Est�cio de S� s�o vendidos nas praias cariocas.

    Ouvi na It�lia uma piada que tem uma evidente verdade. Quando Deus criou o Rio de Janeiro, os anjos, arcanjos, querubins e serafins se revoltaram e foram reclamar da parcialidade do Criador em fazer uma cidade mais bonita do que o c�u onde eles vivem. Deus ouviu as queixas, mas tranquilizou a corte celestial dizendo: "Esperem, esperem. Mais tarde voc�s ver�o o tipo de gente que colocarei ali."

    Chamada - Rio 2016

    carlos heitor cony

    Escreveu até dezembro de 2017
    carlos heitor cony

    � membro da ABL. Come�ou sua carreira no jornalismo em 1952 no 'Jornal do Brasil'. � autor de 17 romances e diversas adapta��es de cl�ssicos.

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