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    A�cio Neves

    Indica��o de Guterres e Nobel a Santos alimentam expectativas sobre a paz

    10/10/2016 02h00

    John Vizcaino/Reuters
    O presidente da Col�mbia, Juan Manuel Santos, d� entrevista em Bogot�; ele ganhou o Nobel da Paz pelo esfor�o de pacifica��o do pa�s
    Agraciado com o Nobel da Paz, presidente da Col�mbia, Juan Manuel Santos, d� entrevista em Bogot�

    No intervalo de poucas horas, na semana passada, duas not�cias no front internacional nos deram esperan�a de dias melhores no planeta. A indica��o do portugu�s Ant�nio Guterres como novo secret�rio-geral da Organiza��o das Na��es Unidas (ONU) e o pr�mio Nobel da Paz conferido ao presidente colombiano Juan Manuel Santos s�o acontecimentos emblem�ticos que alimentam expectativas em rela��o � capacidade global de enfrentar com mais assertividade quest�es decisivas para a paz mundial.

    A escolha do presidente da Col�mbia se deu cinco dias ap�s os colombianos rejeitarem o acordo de paz com as Farc (For�as Armadas Revolucion�rias da Col�mbia), do qual Santos � o principal art�fice. Apesar do "n�o" colhido no plebiscito, a sociedade colombiana parece disposta a encontrar sa�das para os impasses vividos pelo pa�s. O pr�mio dado a Santos deve exercer uma press�o positiva para que os esfor�os em torno de um acordo prossigam com mais celeridade.

    O cessar-fogo que vigora no pa�s, como fruto das negocia��es entre governo e guerrilheiros iniciadas h� quatro anos, j� � uma conquista pol�tica not�vel que justifica o reconhecimento internacional. S�o 52 anos de guerra, mais de 250 mil mortos, 45 mil desaparecidos e sete milh�es de deslocados internos, neste que � o conflito mais antigo da Am�rica Latina.

    Na ONU, um dos maiores desafios de Guterres ser� a quest�o dos refugiados. Segundo relat�rio da ag�ncia para refugiados (Acnur), que o pr�prio Guterres presidiu por dez anos, o n�mero de pessoas for�adas a se deslocar pelo mundo por conflitos, persegui��o, viola��es de direitos humanos ou viol�ncia de forma geral j� supera os 65 milh�es. Em sua maioria, crian�as.

    Este � um quadro inaceit�vel. � inconceb�vel que milh�es de pessoas sejam obrigadas a abandonar suas casas e pa�ses em busca de sobreviv�ncia. Em momentos pontuais cada vez mais frequentes somos atingidos por imagens de meninos e meninas em situa��es de extrema vulnerabilidade. Ano passado, a foto do corpo do garoto s�rio em uma praia da Turquia, morto numa fuga fracassada pelo mar, estampou a crueldade da realidade vivida pelas crian�as refugiadas. A compaix�o que o mundo sente por essas v�timas inocentes deve ser traduzida em a��o efetiva contra a barb�rie.

    A escolha de uma personalidade experiente como Guterres significa uma aposta em uma agenda mais ambiciosa para ONU. Ele tem sido umas das vozes mais enf�ticas sobre a calamidade humanit�ria em curso na S�ria e � natural que haja uma grande expectativa em rela��o � sua capacidade de mobilizar o mundo por decis�es mais r�pidas e consistentes.

    Afinal, para milh�es de pessoas, nada � mais urgente do que a paz e a revers�o em definitivo do sofrimento gerado pela intoler�ncia.

    a�cio neves

    Escreveu até maio de 2017

    � senador pelo PSDB-MG. Foi candidato � Presid�ncia em 2014 e governador de Minas entre 2003 e 2010. � formado em economia pela PUC-MG.

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