Irineu Marinho

Irineu Marinho nasceu em 19 de junho de 1876, em Niterói (RJ), filho de João Marinho Coelho Barros e Edwiges de Souza Barros. Seu pai era natural de Celorico de Bastos, pequena vila do Distrito de Braga, em Portugal. Nascido em 1828, João Marinho deixou a terra natal aos 13 anos para fazer a vida no Brasil. Estabeleceu-se na cidade de Resende, onde morava um tio, e se casou com Edwiges de Souza Barros, sua prima de segundo grau.

João Marinho Coelho de Barros trabalhou desde cedo como guarda-livros, espécie de contador ou administrador de bens daquele tempo. Em 1858, após naturalizar-se cidadão brasileiro, passou a exercer cargos públicos e, já gozando de algum prestígio social, recebeu a patente de alferes da Guarda Nacional. Entre outras distinções, exerceu o cargo de mordomo da Santa Casa de Misericórdia de Resende e recebeu o grau de grão-cavaleiro da maçonaria. Em 1874, no entanto, deixou Resende e se mudou com a família para o Rio de Janeiro.

Do Minho para Niterói

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Dois anos depois, em 1876, com a família já fixada em Niterói, nasceu Irineu Marinho Coelho de Barros, o filho caçula do casal. Edwiges de Souza Barros morreu em 1887, quando o filho mais novo tinha apenas 11 anos. João Marinho Coelho de Barros, por sua vez, morreu em 1906.

Os primeiros passos no jornalismo

Órfão de mãe aos 11 anos e levando uma vida modesta, Irineu Marinho estudou no Liceu Popular Niteroiense, colégio particular administrado pelo escocês William Cunditt, e concluiu seus estudos no Liceu de Humanidades de Niterói. Em 1892, ainda na escola, fundou o Grêmio Literário Silvio Romero e lançou o jornal estudantil O Ensaio. Foi sua primeira e precoce experiência com o jornalismo, atuando como redator e editor-chefe.

No Grêmio Literário do Liceu, existiam dois jornais rivais. Irineu Marinho, que editava O Ensaio, travou uma briga com Luís de Azevedo, crítico literário que assinou um artigo para o União. A briga ganharia espaço na imprensa de Niterói. E, assim, em setembro e outubro de 1892, Irineu Marinho escreveu seus primeiros artigos para um veículo de grande circulação, o jornal O Fluminense, do qual foi colaborador até o ano seguinte.

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Na imprensa da capital

Ainda na época da escola, Irineu Marinho trabalhou como suplente de revisão do Diário de Notícias, então dirigido pelo jornalista e político Antônio Azeredo, e para o qual colaboravam personalidades ilustres, como Rui Barbosa e Medeiros e Albuquerque.

Em 1893, aprovado em um concurso, foi selecionado para revisor da Gazeta de Notícias, um dos matutinos mais importantes da então capital federal. Além do trabalho como revisor, realizou reportagem sobre os primeiros acontecimentos da Revolta da Armada. No ano seguinte, aceitou o convite para trabalhar em A Notícia, vespertino de Manoel de Oliveira Rocha. Conhecido como Rochinha, o jornalista foi um dos grandes mestres de Irineu Marinho.

No vespertino A Notícia, Irineu Marinho desempenhou, mais uma vez, a função de revisor. Sua vontade, no entanto, era tornar-se repórter. Na primeira oportunidade, então, mudou-se para A Tribuna, jornal de Antônio Azeredo, à época dirigido por Alcindo Guanabara. Na Tribuna, Irineu atuou como repórter de polícia e revisor. Nesse período, estreitou os laços de amizade com Antônio Leal da Costa e Eurycles de Mattos, futuros gerente e diretor de redação de O Globo.

Gazeta de Notícias

Em 1904, Irineu Marinho voltou a trabalhar na Gazeta de Notícias, onde fez carreira e permaneceu até fundar o seu próprio jornal, A Noite, em 1911. Nesse período, Manoel de Oliveira Rocha acumulava a direção da Notícia com a da Gazeta. E, mais uma vez, Irineu Marinho pôde trabalhar ao lado do amigo e mestre. Na Gazeta, foi chefe da revisão, depois repórter, secretário de redação e, por fim, diretor financeiro.

A Gazeta de Notícias foi, de fato, a verdadeira escola onde Irineu Marinho aprendeu as engrenagens de um grande jornal. Ali, teve contato com estrelas do jornalismo e da literatura, como Olavo Bilac, José do Patrocínio, Artur Azevedo, Coelho Neto e Machado de Assis. Na agitada redação do diário, o jornalista fortaleceu laços profissionais e de amizade mantidos por toda a vida.

Irineu Marinho na Gazeta de Notícias (Revista Fon-fon, ano II, nº 14, de 11/7/1908, p. 26) — Foto: Brun/Acervo Roberto Marinho

Em 1911, quando decidiu deixar a Gazeta de Notícias para lançar A Noite, Irineu Marinho foi seguido por alguns de seus companheiros de redação, que intuíram o sucesso da iniciativa. Irineu contou, também, com o incentivo do próprio Rochinha, que apadrinhou A Noite e assinou o primeiro artigo do novo jornal.

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