Irineu Marinho

Em 29 de julho de 1925, 149 dias após sua renúncia à presidência da Noite, Irineu Marinho lançou seu novo jornal, O Globo. A campanha de lançamento começou um mês antes, por meio de anúncios publicados nos principais periódicos da capital federal, convidando o público a escolher o nome do seu novo vespertino. A redação recebeu quase 30 mil cartas. Como o título mais votado, Correio da Noite, já estava registrado, foi escolhido o segundo colocado na enquete, O Globo, com 3.080 votos.

Duas semanas antes do lançamento, no dia 14 de julho, o jornal distribuiu um boletim com informações frescas sobre o jogo de futebol Paulistano x Fluminense, realizado naquela mesma tarde no estádio das Laranjeiras. O impresso, distribuído gratuitamente por toda a cidade, anunciava o já tão aguardado vespertino de Irineu Marinho. Outro boletim seria distribuído, às vésperas do lançamento, noticiando o batismo das novas instalações do jornal.

Primeira equipe de O Globo em agosto de 1925 — Foto: Arquivo/Agência O Globo

Para promover o novo jornal, foi composto um foxtrote, intitulado 'O Globo', que teve a partitura impressa e distribuída por toda a cidade, com enorme sucesso. A campanha de lançamento do jornal fez uso também de um meio de comunicação que, na época, dava seus primeiros passos: o rádio. O jornal patrocinou concertos de música popular e transmitiu notícias através da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro e da Rádio Club.

Quando o primeiro número de O Globo chegou às ruas, no final da tarde de 29 de julho de 1925, o jornal já era conhecido e ansiosamente aguardado pela população carioca.

As instalações

A redação e as oficinas do jornal O Globo foram instaladas no prédio do Liceu de Artes e Ofícios, com entrada no Largo da Carioca, no centro do Rio. A primeira rotativa, uma Hoe, foi alugada do comunista Leônidas Rezende, proprietário, com Maurício de Lacerda, do vespertino A Nação. Os dois jornalistas, escondidos da repressão do governo Artur Bernardes e impedidos de publicar o periódico, fizeram acordo com Irineu Marinho para que, mais tarde, o maquinário arrendado rodasse dois jornais oposicionistas, A Manhã e A Nação.

5 fotos

O primeiro número

A primeira edição de O Globo saiu às 18 horas, seguida de outra, às 20h, num total de 33.435 exemplares vendidos. Em formato standard, o jornal tinha 8 páginas e trazia colunas e seções como 'Ecos' (escrita por Irineu Marinho e Horácio Cartier); 'O Globo nos Theatros', 'O Globo nos Sports', 'O Globo no Operariado', 'O Globo entre as Senhoras', 'O Folhetim de O Globo', entre outras.

Na equipe inicial do vespertino, estavam trinta e três jornalistas de A Noite, que acompanharam Irineu Marinho no seu novo empreendimento. Entre eles, Herbert Moses, Antônio Leal da Costa, Eurycles de Mattos, Eloy Pontes, Henrique Gigante, Manoel Gonçalves, e os caricaturistas Raul Pederneiras, Francisco Acquarone, Fritz e Bastos Tigre.

Irineu Marinho não viveu para ver o sucesso de seu novo jornal. Morreu, subitamente, de enfarte, no dia 21 de agosto, pouco antes do Globo completar um mês de vida.

Mais de Irineu Marinho