Descrição de chapéu Crítica
Restaurantes

Campeão do Masterchef combina mineirices e apuro técnico no Benza

Elementos se misturam numa cozinha que inquieta e sem fronteiras

São Paulo

Benza

O nome (da expressão "benza a Deus") já sugere a origem mineira do acolhedor restaurante Benza, e é mesmo de Minas Gerais que vem o chef Pablo Oazen, que deixou para trás seu gastrobar em Juiz de Fora, dois anos depois de ganhar um Masterchef.

No cardápio as pistas mineiras chegam miscigenadas com ingredientes de outras partes do Brasil e referências culinárias de outros países, numa cozinha que inquieta e sem fronteiras.

Coelho braseado, purê de cenoura com laranja e cenourinhas orgânicas servido na casa
Coelho braseado, purê de cenoura com laranja e cenourinhas orgânicas servido na casa - Rubens Kato/Divulgação

O curioso pão de queijo cita um petisco japonês (o bolinho de polvo, takoyaki), preparado com presunto cru, molhado com glace de café e coberto com lascas de queijo Canastra (R$ 36).

O tostex de rabada na cerveja preta, com maionese de agrião e picles de maxixe (R$ 32), passeia alegremente pelo Brasil, enquanto a blanquette de língua bovina braseada com creme e cogumelos (R$ 39) mimetiza a receita francesa de vitelo, sem passar vergonha.

A língua também protagoniza um prato com alho negro, coco e pupunha (R$ 82); e num aceno à Itália, há um suculento pato assado e cozido no seu molho servido com massa fresca (maltagliati) e ora-pro-nóbis (R$ 154 para dois).

As sobremesas também trazem inspiração diversa —como aquela (provavelmente do inglês Heston Blumenthal) em forma de goiaba que, na verdade, é uma esfera de sorvete da fruta recheada com goiabada, Catupiry e queijo Canastra (R$ 32). Ou a engenhosa "pão, café com leite e telha feita nas coxas" (espuma de doce de leite, telha de café, leite e sorvete de pão na chapa, R$ 29).

Nem sempre as boas ideias funcionam —os quiabinhos tostados com limão, espuma de vatapá sem gosto e farofa de milho com aviú (R$ 22) chegam a ser enjoativos. E no almoço (menu a R$ 54,90), o trivial filé suíno com tutu de feijão e couve se perde pelo excesso do cocção —fica seco como, a bem dizer, seria na tradição mineira, mas não deveria num restaurante com este apuro técnico.

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem

Últimas

Ver mais