Olimpíadas 2024: por que atletas tatuam anéis olímpicos no corpo?

"Eu queria marcar aquele momento na minha vida", diz Chris. Apesar de não faltarem motivos para o ritual, sua primeira tatuagem olímpica na verdade foi feita na linha da cintura, de forma a ser escondida debaixo da sunga. Posteriormente, o estadunidense fez mais duas iguais, na cintura e no braço.

Em grande parte, os atletas optam por tatuar os anéis apenas após participarem dos Jogos - não durante, muito menos antes. A tatuagem de Shane, o irlandês da natação, foi feita depois de sua primeira vez como atleta olímpico, em 2016 no Rio de Janeiro, e voltou a ser atualizada só com o fim do ciclo olímpico de Tóquio.

O surfista Ítalo Ferreira é um dos brasileiros a terem uma tatuagem dos anéis, e esta foi feita só após garantir o ouro no surf em 2021. Juntam-se ao desenho os ramos de louro, tradicional símbolo da vitória.

Thomas Jaeschke, do vôlei norte americano, também estreou nos Jogos do Rio, e só foi tatuar sua versão monocromática dos anéis depois de receber a medalha de bronze. O desenho, como não poderia deixar de ser, está no braço que usa para o saque.

Para Simone Biles, a tatuagem olímpica, feita em 2017, também foi sua primeira vez tatuando uma parte do corpo. Ela se deve à performance notável em 2016, quando aos 19 anos se destacou em praticamente todos os equipamentos da ginástica artística.

"Nunca é tarde demais para tatuar os anéis olímpicos" diz em publicação no Instagram celebrando o desenho.

De fato, para alguns, o problema é ser precoce demais. Mary Tucker (atiradora esportiva dos EUA que devido ao atraso das Olimpíadas de Tóquio na época da pandemia acabou marcando sua sessão de tatuagem antes de competir), disse em entrevista ao site das Olimpíadas em abril saber que estava agindo "meio que contra as regras". Ao USA Today, comenta que já viu quatro colegas fazerem o desenho antes das qualificatórias, apenas para ficarem de fora dos Jogos.

Para atletas que passam anos de sua vida se preparando para um único momento de glória, uma tatuagem destas pode representar também certo alívio. Joseph Schooling, nadador do Singapura que fez fama em 2016 ao passar no frente de Michael Phelps no 100m borboleta, expressou um sentimento simples ao falar do desenho nas redes sociais: "Já fazem alguns anos, mas acho que finalmente mereci essa tatuagem."