Em Botucatu, interior de São Paulo, nove tourinhos jovens da raça holandesa estão em quarentena desde 30 de abril e, ao completarem 12 meses de vida, iniciarão a coleta de sêmen com a finalidade de reprodução de animais com aptidão leiteira. O objetivo é potencializar melhoramento das raças por meio de engenharia genética na pecuária. A coleta vai acontecer Central de Coleta e Processamento de sêmen do município paulista, informou o Ministério da Agricultura e Pecuária. Leia mais Laticínios e produtores de leite devem se unir para melhorar resultados Seleon eleva aposta em genética bovina Criadores de gado Jersey investem na certificação da raça leiteira Veja Mais O gado holandês De acordo com informações da Associação Brasileira de Criadores de Bovinos da Raça Holandesa (ABCBRH), a raça é conhecida por ser a que mais produz leite em volume, podendo atingir mais de 50 litros em um dia. Os primeiros animais teriam sido domesticados há mais de 2000 anos nas terras planas e pantanosas do Norte da Holanda e Oeste da Província da Frísia, tendo sido introduzidos no Brasil ainda nos tempos das capitanias hereditárias, entre 1530 e 1535. Devido a sua origem europeia, a raça não é adaptada a regiões quentes e reduz sua alimentação e produção de leite quando submetido a temperaturas entre 24ºC e 26ºC. Por isso, é mais comumente utilizada no Sul do país e como matriz em cruzamentos que visam transmitir o gene expressivo de alta produção leiteira para as novas linhagens. “São animais de alta performance e genética das melhores criações americanas com finalidade de melhoramento genético do rebanho brasileiro”, explicou o chefe da unidade regional do Mapa, Jean Joaquim. A viagem Para desembarcarem no Brasil, os touros viajaram milhares de quilômetros: saíram do Texas com exames clínicos feitos, e foram até Miami. Ali, alguns foram identificados com 'pink eye', uma doença bacteriana que custou a esses animais a permanência na viagem. "No Brasil, os nove tourinhos ficaram sob o acompanhamento do Serviço Veterinário Oficial (SVO) e dos veterinários da empresa importadora. A qualquer sinal de doença, o SVO seria acionado para acompanhar a coleta de exames e manter a vigilância sanitária", informou a nota do Ministério. A quarentena dura no mínimo 30 dias em local específico, com monitoramento diário. Nos próximos dias, os animais devem ser liberados pelo Serviço de Saúde Animal do Mapa”, afirmou. As importações desse tipo de animal ainda acontecem, apesar do contingente da raça no Brasil, porque, no país, dá-se preferência às fêmeas produtoras de leite e os touros não são provados, explica, em comunicado, o superintendente técnico da Associação Brasileira de Criadores de Bovinos da Raça Holandesa (ABCBRH), o zootecnista Silvano Francis Valoto. "Um touro provado é aquele que passou por processo de seleção genética e seus filhos e filhas já apresentaram resultado para as principais características desejadas. Quanto mais descendentes ele tiver, maior o teste a que ele foi submetido e mais confiáveis são os resultados", detalhou a nota do Mapa. O processo é caro e demorado, já desenvolvido em outros países e ainda em evolução no Brasil para o gado leiteiro. Segundo a ABCBRH, o Brasil recebeu sêmen de 664 touros, que foram nacionalizados entre de janeiro de 2023 a junho de 2024. "Nacionalizar o material genético significa registrá-lo no país para que os descendentes possam ser também registrados. A maioria veio dos Estados Unidos (460), Canadá (91) e Holanda (52)", acrescentou o comunicado. Regras para importação de animais O Brasil tem programas de melhoramento genético de raças, especialmente para gado de corte. Karen Peres, auditora fiscal do Serviço de Fiscalização de Insumos e Sanidade Animal do Mapa em São Paulo (Sisa-SP), explica que as raças mais importadas para cruzamentos são a holandesa (leite) e a angus (corte). “Para a importação de reprodutores ou de seus materiais de multiplicação, o Mapa emite uma certificação zootécnica que visa, além de garantir a identidade do animal ou do sêmen/embrião, agregar melhoria genética ao rebanho nacional”, explicou Peres. É necessário, ainda, verificar as condições sanitárias sob as quais estavam os animais. A Embrapa Gado de Leite colabora com as avaliações genéticas oficiais de animais utilizados nos rebanhos brasileiros. Mais recente Próxima Lula quer taxar carnes? Entenda o que muda com a reforma tributária