Uma pesquisa feita no Nordeste e no norte de Minas Gerais visa apontar as melhores opções de forrageiras para ovinocultura e bovinocultura de corte e de leite na região do semiárido. O trabalho, parceria do Instituto CNA com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), passou pela primeira etapa de campo. A fase seguinte é de testes em sistemas produtivos, com a expectativa dos primeiros resultados entre o segundo semestre deste ano e início de 2025. Veja Mais “O intuito é fazer com que o produtor entenda que, em regiões de escassez hídrica, precisa organizar o sistema produtivo e um cardápio de forrageiras para não ficar na necessidade de comprar milho”, explica Marina Zimmermann, assessora técnica do Instituto CNA. O projeto, chamado de “Forrageiras para o Semiárido - Pecuária Sustentável”, começou em 2017, com a escolha de mais de 30 variedades que poderiam ser aplicadas na pecuária adaptando-se ao semiárido. O objetivo é avaliar o desempenho dessas plantas nas condições de solo e clima e sua resiliência às condições de pastejo por ovinos e bovinos de corte e leite. A pesquisa inclui gramíneas para pastagem (forragem perene), como os capins piatã, paiaguás e massai; culturas anuais, como milho, milheto e sorgo; além de palma forrageira. Na primeira fase, foram plantadas em 12 Unidades de Referência Tecnológica (URT), dez em Estados do Nordeste e duas no norte de Minas Gerais. Esta etapa inicial terminou em 2020. Marina explica que, a partir dos resultados, foram selecionadas as variedades com melhor desempenho e sugeridas opções de combinação de palma, capim e grão de silagem para sistemas intensivo, semi-intensivo e mais extensivo nas diversas regiões de pesquisa. A intenção é obter o melhor “cardápio forrageiro” para o rebanho em cada região. “São plantas com maior adaptabilidade e conteúdo proteico e energético maior, porque aguentaram mais a condição de estresse hídrico”, diz ela. “Se o pasto não estiver suportando, o produtor entra com outros tipos de forragem”, acrescenta. Palma forrageira é uma das plantas analisadas pela Embrapa — Foto: Fernanda Muniz Bez Birolo / Embrapa A segunda fase da pesquisa vem sendo executada desde o final de 2021. As variedades com melhores desempenhos na etapa anterior serão implantadas também em 12 URT’s nos Estados do Nordeste e no norte de Minas Gerais. Nesta etapa, os animais irão para o campo e seu ganho de peso, avaliado. “Organizamos as unidades, plantamos o capim, o sorgo ou milheto e a palma forrageira. Os animais vão pastejar, fazer testes de ganho de peso, e, conforme o crescimento, vamos coletando as informações”, explica a assessora técnica do Instituto CNA. Marina explica que quatro dessas áreas de pesquisa serão dedicadas à bovinocultura de corte, com a utilização apenas de forragem perene. Nas demais, dedicadas à bovinocultura de leite e à ovinocultura de corte, será testado o sistema com palma, capim e grãos para silagem. "Tendo um sistema produtivo de silagem composto por milheto e sorgo, como são cultivos anuais, o produtor pode plantar, colher e estocar em sistemas de silo de superfície ou trincheira. Quando precisa, vai ter”, avalia Marina. A parceria da Embrapa e do Instituto CNA colocou à disposição dos produtores a ferramenta Orçamento Forrageiro, que permita estimar os custos em propriedades do semiárido. O sistema alia uma base de dados de forrageiras com informações incluídas pelo usuário a respeito de seu rebanho bovino, caprino ou ovino. E faz um balanço entre a oferta e a necessidade da fazenda. Mais recente Próxima Infestação de besouros no Amapá: veja vídeos e saiba o que causou a 'invasão' dos insetos