Vozes do Agro

Por Tiago Piassum*


À medida que o setor agrícola avança, a gestão de crédito rural enfrenta desafios crescentes que exigem inovações para melhorar a eficiência operacional, reduzir custos e aumentar a segurança. Nesse contexto, a emergência dos contratos inteligentes baseados em blockchain promete uma transformação profunda nas operações de crédito, redefinindo as interações tradicionais e introduzindo maior transparência e segurança para investidores e administradores.

A previsão é que a tokenização de ativos cresça significativamente no mundo, alcançando um mercado de até US$ 10 trilhões até 2030, de acordo com análises da consultoria global Roland Berger. Isso representa um aumento considerável a partir do valor atual de cerca de US$ 300 bilhões, marcando um avanço importante no setor de tokenização de ativos reais.

No setor de agronegócio, o acesso a crédito mais flexível baseado em blockchain pode ser transformador. O financiamento é um desafio crítico para o setor agrícola brasileiro, especialmente diante das significativas perdas pós-colheita.

Além disso, os contratos inteligentes podem incluir verificações automáticas de elegibilidade e conformidade regulatória, utilizando padrões como ERC-725, ERC-734 e ERC-735 para verificar identidades. Isso é fundamental em um ambiente regulamentado como o crédito rural, onde a conformidade precisa ser rigorosamente monitorada e garantida.

Os contratos inteligentes são auto-executáveis dentro da infraestrutura de blockchain, realizando termos contratuais automaticamente quando as condições pré-estabelecidas são cumpridas. Essa automatização elimina a necessidade de intermediários, reduzindo custos administrativos e de processamento. No contexto do crédito rural, esse método se traduz em execuções de contrato mais rápidas e econômicas, minimizando erros humanos e fraudes.

 — Foto: Globo Rural
— Foto: Globo Rural

Um exemplo prático é a adoção do padrão ERC-3643 no Ethereum, facilitando a tokenização de ativos reais de forma compatível. Essa digitalização permite a tokenização de direitos e produtos agrícolas, aumentando a liquidez e o acesso a mercados globais, superando barreiras tradicionais que limitam os agricultores de menor escala.

Aprovado em dezembro de 2023, o ERC-3643 foi criado com base no padrão ERC-20 e incorpora duas camadas distintas de permissões para melhorar a segurança e a conformidade. Cada transação é cuidadosamente analisada, com verificações de elegibilidade baseadas em um robusto "ID On-chain". Esse processo não só fortalece a segurança, mas também alinha as transações de tokens com as regulamentações atuais, consolidando a confiança no ecossistema.

Anteriormente chamado de protocolo T-REX, o ERC-3643 é utilizado para tokenizar aproximadamente US$ 28 bilhões em ativos. Segundo informações do site ERC-3643.org, este padrão de contrato é aplicado em mais de 180 jurisdições ao redor do mundo, oferecendo mais de 120 funções distintas e gerenciando mais de 40 tipos de tokens.

A segurança é um benefício-chave da blockchain devido à sua natureza descentralizada e imutável. Uma vez que um contrato é registrado na blockchain, ele não pode ser alterado retroativamente, garantindo que os termos acordados permaneçam intactos e imunes a manipulações, fortalecendo a confiança entre todas as partes envolvidas.

A incorporação de contratos inteligentes e blockchain na gestão de crédito rural não é apenas uma inovação tecnológica, mas uma reformulação fundamental dos princípios de negócio, prometendo impactar como o crédito é administrado no setor. À medida que essas tecnologias ganham adoção, espera-se que tragam eficiência operacional, segurança e transparência, beneficiando todos os stakeholders envolvidos no agronegócio.

*Tiago Piassum é CEO e founder da Rivool Finance

Obs: As ideias e opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva de seu autor e não representam, necessariamente, o posicionamento editorial da Globo Rural

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