Economia

Por Luciana Franco — São Paulo

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de junho teve alta de 0,21%. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os preços dos alimentos foram a principal influência para a alta do indicador em junho. O grupo de alimentação e bebidas subiu 0,44%, mas se manteve abaixo dos 0,62% de maio.

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O resultado de alimentação e bebidas em junho respondeu por quase metade da alta do IPCA no mês, com impacto de 0,10 ponto percentual na taxa de 0,21% do indicador. No resultado dos alimentos em junho, houve pressões em sentidos contrários.

Enquanto os preços do leite e da batata-inglesa subiram, houve queda de mamão e cebola, também entre os principais produtos que puxaram para baixo o indicador do mês.

Na avaliação de Thiago de Oliveira, coordenador da seção de economia da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais (Ceagesp), no geral, 70% da formação dos preços dos alimentos se refere às condições climáticas e 30% se deve à pressão de consumo e à sazonalidade da produção.

Confira o motivo das maiores altas e quedas de preços em junho

Batata-inglesa (+14,49): De acordo com o economista da Ceagesp, as chuvas no Sul do País, especialmente no sul do Paraná e em Santa Catarina, que receberam precipitações por vários dias seguidos, interromperam a colheita. Com redução no escoamento, os preços subiram.

A tendência é de que com o avanço da colheita em outros Estados, como por exemplo Minas Gerais, os preços normalizem. No atacado já há a tendência de queda de preços da batata-inglesa, que deve chegar ao varejo nos próximos dias.

Leite longa vida (+7,43): De acordo com informações do Cepea, os preços do leite pagos ao produtor estão em alta há sete meses. O movimento se explica pela redução da produção no campo. Em junho, os preços dos lácteos avançaram até a segunda quinzena do mês.

Além dos menores investimentos dentro da porteira no final de 2023, o avanço da entressafra no Sudeste e Centro-Oeste e o atraso da safra no Sul limitam a oferta do leite cru. Consequentemente, a disputa entre laticínios e cooperativas por fornecedores para garantir o abastecimento de matéria-prima sustentou a valorização do leite.

“No que diz respeito ao leite longa vida, essa menor oferta está relacionada tanto ao período de entressafra, principalmente nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, quanto por conta de um clima adverso na região Sul do país”, explica Oliveira.

Manga (+17,14): Foram registradas chuvas no momento da florada em fevereiro, o que derrubou algumas flores e impediu uma polinização correta. No final de abril também ocorreram chuvas, o que prejudicou a colheita na região de Petrolina (PE), derrubando tanto a produtividade quanto alterando o aspecto das frutas, que ficaram manchadas.

A redução da oferta elevou os preços. “Alguns permissionários da Ceagesp relatam que no início de junho houve redução de 30% no numero de veículos que descarregaram mangas”.

Café moído (+3,03%): O mês de junho se encerrou com preços dos cafés robusta e arábica em alta no mercado nacional, mas a comercialização de novos lotes ainda esteve em ritmo lento. No entanto, o cenário de oferta restrita global e a desvalorização da moeda brasileira contribuíram para esse avanço nos preços internos, de acordo com informações do Cepea.

Arroz (+ 2,25): Informações do Cepea dão conta de que o mercado de arroz em casca no Rio Grande do Sul encerrou junho com preços firmes, apesar do ritmo lento de negócios em meio ao cenário de incertezas. O suporte veio principalmente da demanda internacional aquecida, já que as exportações continuaram mais atrativas do que as vendas internas.

No entanto, as menores saídas de arroz beneficiado para grandes centros consumidores nacionais limitaram a liquidez e os aumentos nos valores da matéria-prima. De modo geral, vendedores mantiveram suas propostas firmes devido aos altos custos estimados.

Mamão (-17,31%): Os preços do mamão foram os que mais contribuíram para as quedas das frutas em junho. “Sem sombra de dúvida esse produto foi o que mais contribuiu para queda de preços no índice do grupo de alimentos”, diz Oliveira. O aumento da oferta com o avanço da colheita no Espírito Santo, em Minas Gerais e na Bahia derrubaram os preços.

Aumento da oferta com o avanço da colheita no Espírito Santo, em Minas Gerais e na Bahia derrubou os preços — Foto: Globo Rural
Aumento da oferta com o avanço da colheita no Espírito Santo, em Minas Gerais e na Bahia derrubou os preços — Foto: Globo Rural

Cenoura (-9,47%): A melhora no clima e a retomada da colheita em regiões menos impactadas pelas chuvas elevou a oferta em junho em Minas Gerais, Goiás e Bahia. O aumento gradual da oferta que ocorreu a partir da segunda quinzena de junho contribuiu para a queda dos preços.

Cebola (-7,49%): Há uma redução de oferta todo ano nos meses de março e abril, quando o mercado interno é abastecido por cebola importada, em especial a argentina e a chilena. A partir do momento em que começam a entrar safras da região Centro-Sul é normal que os preços caiam. “É questão apenas de sazonalidade”, diz Oliveira.

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