Café

Por Daniela Walzburiech e Isadora Camargo — Florianópolis e São Paulo

Existem diversos tipos de café, uns mais ácidos, outros com sabor frutado, doce achocolatado, que vão dos leves aos fortes. Tudo depende da variedade do grão utilizado.

Ao longo dos anos, mais de 100 espécies do fruto, que pertence à família Rubiaceae e ao gênero Coffea, foram identificados, mas apenas duas têm importância comercial: a arábica e a canéfora. Dentro desses dois grupos, as variedades preenchem uma enorme lista. Conheça!

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Arábica

Café arabica — Foto: Alexandre Soares/Emater-MG
Café arabica — Foto: Alexandre Soares/Emater-MG

Variedade que domina a produção no Brasil, o Arábica possui 142 cultivares no Registro Nacional de Cultivares (RNC), órgão ligado ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), mas somente 40 são usadas comercialmente e em larga escala.

Conforme a Embrapa, são três os motivos para o número baixo: pouco conhecimento, desempenho agronômico e características das cultivares disponíveis para o plantio. Minas Gerais, São Paulo e Espírito Santo são os Estados que mais produzem a variedade originária da Etiópia e que foi catalogada por volta de 1750.

Canéforas

Esse grupo de cafés é formada por duas principais variedades, o grão robusta e o conilon, que passam por um ‘boom’ no campo de no mercado. A oportunidade se abriu para a produção brasileira, enquanto problemas climáticos afetam a safra do principal produtor desse café, o Vietnã.

Conilon

Café Conilon — Foto: Divulgação
Café Conilon — Foto: Divulgação

Cultivado principalmente no Sul da Bahia e no Espírito Santo, que é o maior produtor de conilon do país, responsável por mais de 60% da produção nacional. Por possuir um amargor, é um componente crucial aos blends da indústria e para o café instantâneo.

Sua planta tem muitos arbustos, característica que reflete na rentabilidade dos grãos. Tem uma maturação precoce e possui aromas que vão desde amêndoas torradas, chocolate amargo e castanhas.

Robusta

café robusta — Foto: Globo Rural
café robusta — Foto: Globo Rural

Originário do Congo e da Guiné, responde por 1/4 da produção mundial concentrada na África, Ásia e América do Sul. No Brasil, a variedade foi desenvolvida com ajuda da pesquisa da Embrapa e que ganhou o nome de Robusta Amazônico em 2016, quando a produção em Rondônia já estava consolidada.

Na região, povos originários também cultivam esse café em modalidades diferentes, entre elas a produção orgânica que tem rendido lotes especiais da bebida. Sua maturação é tardia e é uma espécie mais resistente às variações climáticas. Possui um amargor característico e é intenso, com quase 3% de teor de cafeína, praticamente o dobro do arábica.

Acaiá

A cultivar foi desenvolvida pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e é 100% arábica. A planta tem porte alto, copa média, fruto vermelho e grão grande, com época de maturação entre precoce e média. A região cafeeira no Sul de Minas Gerais produz grande quantidade do café Acaiá, que agrada pela suavidade, sabor achocolatado e notas frutadas.

Bourbon

Café Bourbon Amarelo, de Patrocínio (MG)  — Foto: Fernando Martinho
Café Bourbon Amarelo, de Patrocínio (MG) — Foto: Fernando Martinho

Como o nome já sugere, o Bourbon é originário da França e chegou ao Brasil em 1959 na variedade amarela, mas também é encontrado na vermelha. A primeira é adaptada a locais altos e com temperaturas amenas, como o Cerrado, e apresenta sabor adocicado que lembra avelã. Já a outra, produzida em menor quantidade, não é tão suave.

Catuaí

Desenvolvida em 1949 no Instituto Agronômico de Campinas pelo geneticista Alcides de Carvalho, a variedade é 100% brasileira e considerada resistente, de fácil manejo e boa capacidade de produção. Conforme a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), tanto a cultivar amarela como a vermelha são produzidas, principalmente, em Minas Gerais. A bebida é leve, suave e com acidez na medida certa.

Catucaí

Assim como a cultivar Catuaí, a Catucaí é separada em grãos amarelos e vermelhos e conhecida pelo dulçor natural, acidez média e notas cítricas e frutadas no paladar. O café adaptou-se às regiões de altitude elevada no Brasil, principalmente em Minas Gerais, e apresenta grãos grandes e maturação precoce e uniforme. Recentemente, ela está sendo plantada no interior de São Paulo, nas áreas de montanhas, como Pardinho, que fica há cerca de 210 km da capital paulista.

Caturra

De acordo com a Embrapa, a variedade é uma mutação natural do Bourbon vermelho, tem porte alto para baixo e é encontrado no município de Manhumirim (MG). A entidade completa que, em razão do baixo vigor, não é usada com frequência comercialmente, mas o cultivo acontece pelas semelhanças ao Bourbon. Neste caso, a produção visa os cafés especiais.

Geisha

Geisha — Foto: Creative Commoms/ Flickr
Geisha — Foto: Creative Commoms/ Flickr

Variedade originária da Etiópia, o Geisha é mantido por instituições de pesquisa e produtores de café especiais no Brasil, informa a Embrapa. A planta tem porte alto, copa grande, folhas nas cores verde e bronze e fruto vermelho. Considerado por muitos o café mais valioso do mundo, apresenta aroma floral, corpo cremoso e notas que lembram jasmin e também mamão. A produção é destaque no Panamá.

É uma variedade que se desenvolve bem acima dos mil metros de altitude. Ano passado, em São Sebastião da Grama (SP), o geisha da Fazenda Rainha, da Orfeu Cafés, foi leiloado por R$ 84,5 mil a saca de 60 quilos e superou o recorde se tornando o café mais caro do mundo. Quem comprou foi a japonesa Sarutahiko Coffee, no Cup of Excellence 2023, que arrematou três sacas. O valor pago foi o maior da história para um café de via seca brasileiro.

Icatu

O café surgiu após cruzamento entre uma muda de Robusta com uma de Bourbon em 1950. A planta apresenta porte alto, diâmetro da copa grande e cor das folhas divididas entre verde e bronze. Além disso, o grão é médio e tem o período de maturação tardio. A bebida consumida é encorpada, tem aroma de amêndoas e notas de chocolate. Uma curiosidade é a adaptação ao clima de várias regiões.

Kona

O café produzido no Havaí próximo a dois vulcões, o Hualalai e o Mauna Loa, é considerado por muitos o melhor do mundo. O preço mais alto em relação aos demais – R$ 96 o quilo na internet – deve-se, principalmente, aos cuidados no cultivo, como a colheita 100% manual e a secagem ao sol. Entre as características, o destaque fica pela acidez moderada e o aroma com notas de chocolate, frutas e especiarias.

Mundo Novo

O nome é uma homenagem ao município paulista onde as sementes foram plantadas, segundo a Embrapa, após o cruzamento realizado pelo Instituto Agronômico de Campinas entre as cultivares Sumatra e Bourbon Vermelho. O café é cultivado no Sul de Minas Gerais e apresenta aroma que lembra caramelo, corpo médio e sabor doce.

Topázio

A cultivar surgiu do cruzamento entre Catuaí Amarelo e Mundo Novo no Instituto Agronômico de Campinas em 1960. Na sequência, a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e instituições parceiras também desenvolveram a planta de porte baixo, copa média, folhas na cor bronze e fruto amarelo. O grão é cultivado no Sul e Cerrado de Minas Gerais e tem sabor suave e aroma cítrico. O uso é indicado para coqueteis de café gelado.

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