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Por Lia Kubelka — Florianópolis


Entre muitas funções, o intestino apresenta duas de extrema importância, a primeira é a digestão e a absorção de nutrientes, e a segunda é a atuação como uma barreira de proteção contra a penetração no organismo de macromoléculas e compostos tóxicos. Em situações onde essas funções sejam prejudicadas, pode ocorrer um aumento da permeabilidade intestinal, ou conhecida também do inglês, como Leaky Gut, onde essa barreira para de funcionar da maneira adequada. Isso pode provocar inflamação e alterações na microbiota intestinal (bactérias normais) que podem levar a problemas no trato digestivo e além dele.

Cansaço pode estar ligado à alimentação — Foto: Getty Images

As pesquisas nessa área estão crescendo cada vez mais e com os avanços no conhecimento do microbioma, o entendimento da permeabilidade intestinal e suas consequências para saúde também tem aumentado. Modificações nas bactérias intestinais e inflamação podem desempenhar um papel no desenvolvimento de várias doenças crônicas comuns.

Todos nós temos algum grau de permeabilidade intestinal, já que essa barreira não é completamente impenetrável. Algumas pessoas podem ter uma predisposição genética e podem ser mais sensíveis a mudanças no sistema digestivo, mas o DNA não é o único culpado. A vida moderna pode realmente ser o principal fator causador da inflamação intestinal. Há evidências emergentes de que a dieta, que é pobre em fibras e rica em açúcar e gorduras saturadas, pode iniciar esse processo. O uso pesado de álcool e o estresse também parecem perturbar esse equilíbrio.

Alguns sinais da presença da permeabilidade intestinal são:
- Problemas digestivos, como gases, inchaço, diarréia ou síndrome do intestino irritável;
- Alergias sazonais ou asma;
- Desequilíbrios hormonais;
- Diagnóstico de alguma doença autoimune como Lupus, Artrite reumatoide, doença celíaca, entre outras;
- Diagnóstico de fadiga crônica ou fibromialgia;
- Depressão, ansiedade, deficit de atenção;
- Problemas de pele, como acne, rosácea ou eczema;
- Diagnóstico de cândida;
- Alergias ou intolerâncias alimentares.

A ferramenta mais poderosa contra a permeabilidade intestinal e o equilíbrio do microbioma é a dieta. Em situações em que o processo está avançados é necessário uma dieta de eliminação formulada por um profissional. Mas para manter um intestino saudável é importante priorizar:

- Alimentos ricos em fibras, eles estimulam a microbiota do “bem”;
- Alimentos Pré-bióticos,
- Alimentos probióticos (iogurte de boa qualidade, kefir, Kombucha e alimentos fermentados);
- Evitar alimentos industrializados e com alto teor de açucares adicionados e gorduras de má qualidade;
- Priorizar os vegetais na alimentação;
- Utilizar grãos integrais não refinados

A microbiota intestinal é importante no suporte da barreira epitelial e, portanto, desempenha um papel fundamental na regulação dos fatores ambientais que entram no corpo. Vários relatórios recentes mostraram que os probióticos podem reverter o intestino permeável, aumentando a produção de proteínas importantes na manutenção do equilíbrio intestinal; no entanto, estudos adicionais e de longo prazo ainda são necessários.

Referências:
Leaky Gut As a Danger Signal for Autoimmune Diseases. Frontiers in Immunology, May 2017.
The intestinal Epithelial Barrier: a Therapeutic Target? Nature Reviews Gastroenterology & Hepatology, November 2016.

*As informações e opiniões emitidas neste texto são de inteira responsabilidade do autor, não correspondendo, necessariamente, ao ponto de vista do Globoesporte.com / EuAtleta.com.

Mestre em biotecnologia e doutora em biologia celular e do desenvolvimento com habilitação em genética molecular humana pela UFSC. É membro da American Society of Human Genetics e do Institute for Functional Medicine. Hoje é diretora técnica do Biogenetika, centro de medicina individualizada (Foto: EuAtleta) — Foto: EuAtleta

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