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Lino diz que vitória do CSA sobre o Vasco em 1992 marcou sua carreira

Ex-jogador lembra com carinho da partida que classificou o Azulão na Copa do Brasil. Dago entrou durante o jogo e fez o gol da vitória em São Januário

Por Maceió-AL

Todo profissional no mundo do futebol tem o seu jogo inesquecível guardado na memória. Em Alagoas, mais precisamente na capital Maceió, no bairro do Mutange, o atual auxiliar técnico do CSA, Elinaldo da Silva Lira, o Lino, relembrou com carinho da histórica vitória do Azulão sobre o Vasco da Gama, por 1 a 0, em São Januário, no Rio de Janeiro. O confronto daquele 25 de setembro de 1992 era válido pelas oitavas de final da Copa do Brasil.

Após empatar o jogo de ida por 3 a 3, no Estádio Severiano Gomes Filho, em Maceió, o time azulino precisava realizar a façanha de bater o Gigante da Colina, fora de casa. Era algo quase impossível. Quase. Porque no futebol, impossível é um termo que não pode ser levado a risca.

Lino, técnico do CSA (Foto: Paulo Victor Malta/GLOBOESPORTE.COM)Jogo contra o Vasco foi inesquecível para o auxiliar técnico do CSA (Foto: Paulo Victor Malta/GLOBOESPORTE.COM)

Duas décadas depois do jogo que marcou a história do CSA na Copa do Brasil, Lino revelou que o triunfo quase foi ameaçado por uma greve do elenco.

- Primeiro o time ia fazer greve. Não ia viajar porque os salários estavam atrasados. Em cima da hora, no aeroporto, foi aquela complicação "a gente viaja ou não viaja?", mas no final das contas fomos ao Rio de Janeiro, batemos o Vasco da Gama e conseguimos nos classificar para a próxima fase.

A sexta-feira do dia 25 de setembro de 1992 proporcionou fortes emoções aos jogadores do time alagoano. A decisão foi disputada às 22h daquela noite. Apesar da escuridão do céu no momento em que a bola rolava, a camisa azul e branca teve o seu momento de brilho diante de um gigante do futebol nacional. O meio-campista do CSA Dago estava no banco e entrou no decorrer do jogo. Foi dele o chute que pegou o goleiro do Vasco, Carlos Germano, de surpresa e sacramentou a classificação dos nordestinos para as quartas de final.

- Eu lembro daquele gol. Foi de longe, no meio de campo. Roubamos a bola, o Dago deu um toquezinho, adiantando-a e depois chutou, surpreendendo o Carlos Germano. Ele estava adiantado, não conseguiu defender. Foi histórico - lembrou Lino.

Tomamos sufoco, mas jogamos muito. Foi a primeira vez que eu fui ao Rio de Janeiro, e ganhei do Vasco"
Lino, ex-jogador do CSA

- Foi o dia que nós jogamos muito, jogamos bem. Tomamos sufoco, mas jogamos muito. Foi a primeira vez que eu fui ao Rio de Janeiro, e ganhei do Vasco - disse o ex-jogador.

O Azulão do Mutange era treinado pelo técnico João Félix e foi a campo naquele dia com: Flávio; Raul, Ozéias (Dago), Marcelo Barreto e Carlinhos Marechal (Piti); Mário Xavier, Talvanes, Marcelo Gomes e Chiquinho; Lino e Edson. Já o Vasco, que tinha no comando o folclórico Joel Santana, teve nos onze titulares renomados craques e ídolos da torcida vascaína, como Edmundo e Roberto Dinamite (atual presidente do Vasco). A escalação do time carioca na ocasião foi: Carlos Germano; Luís Carlos Winck, Alê, Tinho e Cássio; Leandro Ávila, Bismarck, William (Roberto Dinamite) e Luisinho; Edmundo e Valdir (Hernande).

- O time deles tinha Edmundo, Roberto Dinamite, Carlos Germano... Foi uma alegria muito grande, até hoje fica na história. Você jogar com o Vasco dentro de casa já é difícil, imagine fora de casa. E vencer. Foi um sonho eliminar uma equipe grande e ficar na história toda vez que lembra desse confronto. A gente guarda com muito carinho - afirmou Lino, lembrando que a reação da imprensa, dos jogadores e torcedores adversários foi de surpresa.

Vasco Roberto Dinamite com Edmundo no aniversário (Foto: Divulgação / Vasco.com.br)Roberto Dinamite e Edmundo faziam parte do time do Vasco em 1992 (Foto: Divulgação / Vasco.com.br)

- Todo mundo ficou surpreso, o time jogando pelo empate dentro de casa, mas foi surpreendido. O CSA é grande no Nordeste e também tem seus feitos nacionalmente, mas o Vasco é um gigante. Até hoje a gente lembra.

No entanto, a volta para Maceió trouxe o time para a realidade. Salários atrasados e promessa de 'bicho' aguardavam o elenco no desembarque.

O CSA estava em crise, o Claudio Farias era o presidente na época e ofereceu um bicho de um milhão de cruzeiros. Foi difícil receber o bicho, nem me lembro se recebi (risos)"
Lino, auxiliar técnico do CSA

- O CSA estava em crise, o Claudio Farias era o presidente na época e ofereceu um bicho de um milhão de cruzeiros. Foi difícil receber o bicho, nem me lembro se recebi (risos) - contou.

Apesar das dificuldades encontradas naquela temporada, Lino recordou com carinho do seu jogo inesquecível.

- Eu tinha uma vantagem, tinha muita personalidade para jogar. Os jogos decisivos eram muito melhores. Eu preferia jogar contra time grande. Eu tinha 20 anos, joguei os 90 minutos, não fui substituído.

Lino voltou a enfrentar o Vasco pela Copa do Brasil em 2002. O ex-meia foi reserva e participou dos 15 minutos finais da vitória do Azulão por 2 a 1, no Estádio Rei Pelé. Outra façanha dos azulinos, que conseguiram bater o time de Fábio, Felipe e Romário. No jogo da volta, o Gigante da Colina aplicou uma goleada por 4 a 0, tendo o baixinho Romário marcado duas vezes, e devolveu o troco pela eliminação em 92.

Atualmente, prestes a completar 42 anos no próximo primeiro de novembro, Elinaldo da Silva Lira ocupa o cargo de auxiliar técnico do CSA. Após aposentar as chuteiras, Lino partiu para o banco de reservas, onde se tornou técnico de futebol. O treinador exercia a função até agosto passado, quando comandava o já eliminado CSA na Série D do Brasileiro.

(*) Paulo Victor Malta colaborou sob supervisão de Victor Mélo.