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Por Paula Jacob (@pjaycob); Fotos Enda Bowe/Divulgação


Se você acompanha o nosso #MulherBacanaLê, já deve estar por dentro do livro queridinho dos millennials Pessoas Normais, da Sally Rooney. O romance publicado em 2018 não tinha nem entrado para o hall da fama da literatura contemporânea e seus direitos já haviam sido comprados para uma adaptação na TV, numa co-produção entre a BBC Three, Hulu e Element Pictures. E caso você tenha se apaixonado por Marianne e Connell no livro, se prepare: a série Normal People fala ainda mais sobre intimidade, amor e dores da juventude, em cenas extremamente sensíveis e uma química quase inexplicável entre os atores protagonistas, Daisy Edgar-Jones e Paul Mescal. "Jamais imaginei que teria essa repercussão, de termos fãs. Estou muito surpresa com a recepção e extremamente feliz", conta a atriz. Para tentar entender um pouco mais sobre essa aventura de adaptar um livro para as telas com tanta maestria, conversamos com o diretor Lenny Abrahamson (mesmo de O Quarto de Jack) e os atores Daisy e Paul. A seguir, mais detalhes dessa que pode ser a sua série de romance preferida, já disponível no STARZPLAY:

Como fazer a adaptação de um livro

Normal People: série fala sobre intimidade, amor e dores da juventude (Foto: Enda Bowe/Divulgação ) — Foto: Glamour
Normal People: série fala sobre intimidade, amor e dores da juventude (Foto: Enda Bowe/Divulgação ) — Foto: Glamour

Sally Rooney ganhou status de estrela da literatura atual com a sua forma de escrever, a construção de personagens "normais" e um amor profundo na juventude. Adaptar os devaneios mentais e os sentimentos presentes no livro foi um dos grandes desafios para Lenny. "Os escritores têm a sorte de ter as palavras. No nosso caso, tínhamos a sorte de ter atores e roteiristas extremamente bons. Só assim fomos capazes de traduzir esses diálogos internos de uma forma sutil", conta o diretor.

Diferente do livro, que acaba usando o recurso de flashbacks para justificar os momentos atuais de cada capítulo, a série traz uma linha cronológica mais clássica, só que nem por isso óbvia ou chata. "Quando falamos de personagens, relações e a maneira como contar uma história precisamos pensar em formas de evitar os clichês, para, então, conseguir surpreender a audiência e ela se identificar com o que está vendo", diz Lenny.

A naturalidade é outro grande forte da série, que deixa o relacionamento entre Marianne e Connell despretensioso, mas intenso. E essa atmosfera segue por todos os episódios e nas histórias paralelas dos outros personagens. "Precisávamos nos desafiar a todo momento, tentando sempre trazer e fazer o melhor de cada cena. O trabalho era bem aberto, vivo e tudo era conversado. Às vezes o roteiro dizia uma coisa, mas ali encenando, os atores – e até eu mesmo – percebiam outras nuances, trocávamos sugestões."

Química entre os atores

Normal People: série fala sobre intimidade, amor e dores da juventude (Foto: Enda Bowe/Divulgação ) — Foto: Glamour
Normal People: série fala sobre intimidade, amor e dores da juventude (Foto: Enda Bowe/Divulgação ) — Foto: Glamour

Carentena que fala? Normal People pode ser uma série com ~certos gatilhos~ sexuais, porque é extremamente íntima, poderosa, excitante e erótica – mesmo sem querer ser. A beleza da relação de Marianne e Connell nas telas vem muito da potência da atuação de Daisy Edgar-Jones e Paul Mescal, e da inegável química criativa entre eles. "Tudo na série dependia de um bom trabalho de seleção de elenco. Sabíamos disso desde o início", conta o diretor. Foram mais de três meses para recrutar todos os atores, e Paul foi um dos primeiros. "A audição de Paul foi brilhante. Ele que vem do teatro irlandês, trouxe uma coisa muito forte para o Connell. Sabia que seria ele logo de cara." Depois de selecionar o jovem talento, a missão se voltou para encontrar a Marianne perfeita, e isso dependia muito de como rolaria a atuação em conjunto – já que estamos falando de um casal. "Ela foi mais difícil, fomos buscar em todos os lugares, da Inglaterra à Austrália. Assistimos as audições, vimos várias meninas, e numa dessas, não sei como, revi a fita de Daisy e percebi essa sensibilidade e entrega da parte dela que me tocou. Trouxemos ela de Londres para o teste com Paul. Posso dizer que foi tão potente que todo mundo que estava na sala ficou com lágrimas nos olhos", revela Lenny.

Capturando a intimidade

Normal People: série fala sobre intimidade, amor e dores da juventude (Foto: Enda Bowe/Divulgação ) — Foto: Glamour
Normal People: série fala sobre intimidade, amor e dores da juventude (Foto: Enda Bowe/Divulgação ) — Foto: Glamour

Depois de selecionar o casal protagonista desse romance jovial entre idas e vindas, a hora da gravação também foi essencial para garantir o resultado de tirar o fôlego que vemos em Normal People. A série, inclusive, conta com o trabalho excepcional de Ita O'Brien, coordenadora de intimidade de set – sim, ela faz uma captura essencial dos personagens, atores e história, para as cenas de sexo. Ita também auxilia em I May Destroy You e Sex Education.

Bom, mas além dela, essa intimidade emocional também conta com a atuação (claro!) de Daisy e Paul, da direção de Lenny e da direção de fotografia de Suzie Lavelle. "Quando eu li o livro, eu senti tanto a intimidade entre Connell e Marianne quanto a intimidade que o próprio leitor cria com esse casal. É como se você fosse capaz de sentir o que rola entre eles sem nada acontecer", explica o diretor. Gestos, toques, olhares, respiração: tudo é captado na série de um jeito belíssimo, sem banalização do sexo ou do corpo da mulher, sem estereótipos, sem nada. Apenas, perfeito. E nessa onda, a fotografia de Suzie Lavelle chega para somar. A câmera bem pertinho dos atores mostra a dinâmica desse encontro de corpos, almas e amor. E já que estamos falando dela, a diretora de fotografia também merece seus louros com a captação da natureza e da arquitetura de Dublin e da pequena cidade de County Sligo, ambas na Irlanda. Um visual incrível para envelopar lindamente essa história de amor.

Aperte o play!

Normal People: série fala sobre intimidade, amor e dores da juventude (Foto: Enda Bowe/Divulgação ) — Foto: Glamour
Normal People: série fala sobre intimidade, amor e dores da juventude (Foto: Enda Bowe/Divulgação ) — Foto: Glamour

Se tem uma coisa que as séries de TV têm feito ultimamente com maestria é a escolha da trilha sonora. A música ganhou um status importante nas histórias – como, por exemplo, Little Fires Everywhere. Em Normal People, não é diferente. Lenny trabalhou com o colaborador de longa data, Stephen Rennicks. "Para a série, quis fazer um mix entre a trilha original, criada por Stephen, e, pela primeira vez, fiz uma seleção de músicas contemporâneas para complementar as cenas", diz. Espere por um indie gostosinho, com novos nomes da música irlandesa para adicionar já à sua playlist da quarentena.

Fandoms da internet

Normal People: série fala sobre intimidade, amor e dores da juventude (Foto: Enda Bowe/Divulgação ) — Foto: Glamour
Normal People: série fala sobre intimidade, amor e dores da juventude (Foto: Enda Bowe/Divulgação ) — Foto: Glamour

É aquela coisa, né: casal lindo, química, tesão, amor. Não tem como a geração Tumblr não pirar em Marianne e Connell. O sucesso desse encontro artístico foi tamanho que até a corrente usada pelo personagem na série virou tema de um perfil no Instagram. O @connellschain reúne imagens de Paul Mescal em cena com destaque para a sua correntinha – impossível não querer ser ela. Daisy Edgar-Jones também não fica de fora. O visual da sua personagem varia ao longo da série, dando momentos ótimos para a sua franjinha. Vale checar o @mariannesbangs para entender a tour. "Jamais imaginei que a série teria essa repercussão, de termos fãs, essas páginas. Estou muito surpresa com a recepção e extremamente feliz", disse Daisy. E ainda completou: "É tão bonito ver que quando uma coisa dá certo, todas as pessoas são contempladas por isso. A Connell's Chain mostra o quanto o trabalho da figurinista Lorna Marie Mugan é primoroso. Assim como a Marianne's Bangs, sobre as incríveis Sonia Dolan e Sandra Kelly que fizeram maquiagem e cabelo na série". Fofa!

Vulnerabilidade à vista

Normal People: série fala sobre intimidade, amor e dores da juventude (Foto: Enda Bowe/Divulgação ) — Foto: Glamour
Normal People: série fala sobre intimidade, amor e dores da juventude (Foto: Enda Bowe/Divulgação ) — Foto: Glamour

O grande feito tanto da escritora Sally Rooney, que assina o roteiro ao lado de Alice Birch, quanto da direção de Lenny Abrahamson é a captação dos sentimentos de uma geração que foi ensinada a não sentir, a não mostrar fragilidade, a não saber lidar com as frustrações, desejos, anseios. Mas, apesar disso, luta para se entender dentro de si. É difícil ver a série sem chorar, sem sentir raiva, tesão ou o que for. A conexão é tão real que parece que o espectador faz parte disso tudo. "As pessoas podem entender com Normal People o quanto cada ser humano é complexo, cheio de sentimentos, de dor, felicidade", fala Paul Mescal. "É possível perceber também o quanto os sentimentos são fáceis de serem sentidos, mas difíceis de serem expressados. E, para mim, é isso que deixa a série muito sincera", complementa o ator.

Daisy Edgar-Jones concorda com o parceiro de cena e acrescenta que "todos os sentimentos são válidos" e que "ninguém é igual a ninguém". "O que é ser uma 'pessoal normal'? Na série vemos que todos somos muitas coisas, menos pessoas normais, dentro desse padrão social. Por isso, é sempre importante lembrar que cada um pode ou está passando por uma coisa e tá tudo bem sentir. Precisamos abraçar tudo isso, porque é isso que nos faz nós mesmos, aproveitar a jornada e não tentar viver a vida perfeita – ela não existe."

E a segunda temporada?

Normal People: série fala sobre intimidade, amor e dores da juventude (Foto: Enda Bowe/Divulgação ) — Foto: Glamour
Normal People: série fala sobre intimidade, amor e dores da juventude (Foto: Enda Bowe/Divulgação ) — Foto: Glamour

Chegar ao último episódio dos 12 disponíveis não é fácil; acabá-lo, então, impossível. O que deixou muita gente curiosa para saber se terá alguma sequência, se podemos esperar uma segunda temporada. Mas, infelizmente, por enquanto é só o que teremos. "Eu gosto da ideia de pensar em uma segunda temporada daqui 10 anos, com os mesmos atores, para mostrar como estão Marianne e Connell", brinca o diretor. Já Daisy diz que não imagina a série sem a mente brilhante de Sally Rooney, sugerindo que precisaríamos também de um segundo livro – não vamos reclamar também, né?

O final aberto (sem spoilers) é bem gostoso de digerir, só vem acompanhado de várias lágrimas. "É bom pensar que Marianne e Connell estão vivos, respirando, dentro de mim e em algum lugar. Fico imaginando como seria a vida deles depois e penso que para ambos desejo que se auto aceitem, e sejam felizes dentro dos seus sonhos", fala Daisy. "Esse final aberto só mostra o quanto os personagens são profundos e complexos. É impossível pensar claramente como seria o futuro deles depois, o que eles querem ou vão fazer", complementa Paul Mescal. Já pegou o lencinho, a pipoca e o cobertor?

Norma People tem 12 episódios de 30 minutos cada e está disponível na íntegra e com exclusividade no STARZPLAY.

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