Beauty Talks
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Por Isabella Marinelli (@isabellamarinelli)

Quando era pequena e sonhava em fazer cinema, a curitibana Franciny Ehlke talvez não pudesse imaginar que teria sucesso a partir de outras telas — as menores, do celular, principalmente. Aos 14 anos, criou um canal no Youtube, cujo primeiro vídeo foi um tutorial de penteados com lenços. De lá para cá, mais de uma década depois, já soma mais de 11 milhões de inscritos. A comunicação, é claro, também disseminou por outras redes sociais, como o Instagram e o TikTok, de onde tira insights valiosos para a marca própria de beleza. Desde 2021, ela tem um rótulo homônimo em parceira com a Mboom, que hoje conta com mais de 40 produtos no portfólio e faturou 67 milhões de reais só nos primeiros seis meses de vendas. Aqui, ela faz um balanço da trajetória até aqui e entrega os próximos passos.

Você fez 25 anos há poucos dias. Como descreveria o seu momento pessoal atual?
Eu descreveria como um momento de muita gratidão por essa trajetória e um desejo muito grande de usar toda essa experiência para prospectar coisas novas. Com o passar do tempo, percebo cada vez mais que, quanto mais idade, mais quero me desafiar e ir atrás de novidades. Estou em busca disso: expansão, tanto no pessoal quanto no profissional.

Sei que começou a trabalhar cedo, aos 14. O que queria ser quando crescesse?
Na época, eu queria muito trabalhar com alguma coisa relacionada a vídeo, que era algo que amava desde pequenininha. Por isso, eu tinha o sonho de estudar cinema e ficar nos bastidores, ou ainda de ser fotógrafa, mas sempre atrás das câmeras. Esse desejo de ficar na frente de uma lente aconteceu de maneira muito natural por conta da internet, o que garantiu mais confiança em mim mesma e nas coisas que tenho a dizer. Acho que essa mudança acompanhou e impactou meu próprio desenvolvimento e sonhos de carreira.

Quando e por que decidiu trilhar uma trajetória no empreendedorismo de beleza?
Foi a partir do momento que tive a certeza do interesse da minha audiência nesse assunto. A beleza sempre foi um dos meus assuntos favoritos, mas foi a internet que me fez confiante e, aos poucos, deixar a vergonha de lado quando pensava e falava sobre isso. Também tive a sorte de pertencer a uma geração que valoriza o poder das mulheres no mercado. Foi inspirada nessas mulheres, como a Huda e a Kylie, que consegui enxergar potencial em mim e encontrar esse sonho de criar algo que levasse meu nome. Eu sempre construo meus projetos pensando em levar cada um deles comigo para o resto da vida, e minha marca de maquiagem também está nessa! Acredito que todo o apoio e engajamento que tive do meu público me deu suporte para investir nesse sonho. Esse primeiro passo aconteceu quando eu tinha apenas 20 anos e tenho certeza de que vai me acompanhar para sempre.

Fran Ehlke — Foto: Divulgação
Fran Ehlke — Foto: Divulgação

Quais os maiores aprendizados até agora?
Ninguém é melhor do que ninguém e cada um tem seu jeito único. Nossa maior preocupação deve ser manter a essência! Um outro aprendizado importante é que ninguém é obrigado a gostar de você, já que não conseguimos agradar a todos. Por isso, não vale ficar chateada com críticas ou comparações, já que tudo depende de identificação e da verdade de cada um. Essa consciência deixa tudo mais leve e alegre. Estamos aqui para aprender, todos nós, independentemente de qualquer coisa.

De que forma participa do processo criativo?
Da parte interna, acabo deixando para meu time expert em cosmetologia da MBOOM criar as formulações de acordo com todas as regras e necessidades, acompanhando de perto para entender tudo o que compõe o produto. Depois, estou presente testando cada um em mim mesma para ter certeza da qualidade, durabilidade, conforto, resistência, se causa oleosidade ou ressecamento, e tudo que envolve a performance. É a etapa que vai garantir o interesse, a compra e a satisfação, então não poupo esforços. Na parte externa, fico com a equipe de arte pensando desde a embalagem do produto até a caixa em que ele vai ser comercializado. Da ideia até chegar nas lojas, todas as etapas passam pelo meu OK!

Você tem uma comunidade engajada no Instagram e do TikTok. Você tira insights das redes sociais para os seus lançamentos?
Com certeza, é muito importante! Sempre acompanho para checar se a comunicação está acontecendo e quais os desejos do público. Entender o que mais engaja no anúncio de um lançamento ou mesmo na forma de fazer conteúdo de beleza é o que garante que vamos ter uma resposta concreta sobre o interesse em cada produto. A ideia é fazer algo marcante que faça a pessoa lembrar do que viu na internet assim que ver o produto na vitrine de uma loja, sempre inspirada no que está em alta nas redes sociais. São várias táticas, mas, em resumo, é um estudo constante sobre formatos novos e interessantes para o público.

Quais produtos podemos esperar para este ano? Algum spoiler?
2024 será um ano com muitas novidades! Vamos expandir nosso portfólio de cores, entrar em segmentos que ainda não atuamos... Sem deixar de atender o que as consumidoras estão nos pedindo muito: mais opções de glosses sem efeito de aumento labial.

Você é alguém, como falamos, com uma comunidade ativa. Como enxerga a responsabilidade de se comunicar com tanta gente?
Crescendo na internet e crescendo como mulher, fui entendendo que tudo o que digo e compartilho gera impacto na vida das pessoas. Eu tento ao máximo evitar assuntos que podem fazer alguém se sentir desmotivado ou que afete a autoestima, focando sempre em conteúdos mais alegres e que inspirem as pessoas a procurar pelo próprio bem-estar, se arrumarem e se sentirem bonitas com elas mesmas. Recebo várias mensagens de fãs que, graças aos meus vídeos, se sentem motivados a seguirem seus sonhos. Esse é meu maior propósito. Por falar muito sobre maquiagem e me cuidar, assuntos como as dores do “padrão de beleza” se tornam recorrentes, mas faço questão de reforçar que isso é uma ideia que vem do outro e não podemos deixar que nos afete. Enquanto fizermos por nós, estamos no caminho certo. Acabo conversando esses assuntos com terapeutas para encontrar as palavras certas e reforçar a ideia da maneira mais saudável. Sei também que muitas pessoas passam por dificuldades e momentos tristes e eu reconheço que não estou aqui para ser uma psicóloga ou um antidepressivo, mas entendo que a internet tem capacidade de alegrar, e isso se tornou um objetivo: trazer valor ao que falo e compartilho.

Você já passou por alguns procedimentos estéticos, como silicone. Faria novamente?
Faria! O silicone era um desejo meu desde muito nova e me ajudou na minha autoconfiança. Talvez hoje eu não dependeria tanto do silicone para isso, mas, naquele momento, aos 18 anos, fazia sentido para mim. Atualmente, não colocaria um tamanho tão grande, por exemplo, já que na época eu me comparava muito ao padrão e, por isso, fui além. Acredito que o amadurecimento afeta na forma como lidamos com essas questões, principalmente quando se trata de uma certeza só nossa, sem interferência da opinião alheia.

Você se sente impactada pelos padrões de beleza? Como lida com isso?
Com certeza. Sinto que é uma questão inevitável. É difícil não seguir os padrões porque sempre acabamos caindo na armadilha de nos comparar e reconheço o impacto da indústria e das pessoas nas minhas decisões. O silicone que coloquei aos 18 anos, por exemplo, não era proporcional ao meu corpo, mas a ideia do padrão me fez ter certeza de que era o correto. Com o tempo, acabei preferindo diminuir o tamanho, mas, ao mesmo tempo, a tendência do momento também era essa. Indiretamente, a gente acaba se sentindo influenciado, porque o consumo molda boa parte das nossas opiniões.

O que levou em consideração antes de partir para intervenções como essas?
O que mais levei em consideração em qualquer intervenção foi o tempo em que desejei realizar. Qualquer decisão que mude sua aparência deve ser feita com certeza, e isso leva meses, às vezes até anos, nada pode ser feito de um dia para o outro. O silicone, por exemplo, foi um sonho de anos.

Quando olha no espelho hoje, o que enxerga?
Eu enxergo uma mulher normal! Com suas qualidades e defeitos, seus traços de confiança e suas inseguranças. Sei que não sou perfeita, mas estou num momento em que me sinto na minha melhor versão. Me vejo bonita e boa no que faço, e para conseguir entender isso demorou muito tempo. É uma imagem bem diferente da que eu tinha quando comecei na internet.

Qual sonho ainda quer realizar?
Quero muito ver o crescimento internacional da minha marca de maquiagem e ter a oportunidade de, no futuro, poder criar ainda mais em outros segmentos. No pessoal, além de ter minha família do meu lado sempre, quero construir a minha própria: casar e ter filhos são sonhos. Sei que tudo tem seu tempo, então aguardo ansiosa por essas realizações.

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