Festival Acontece: Séries e Documentários – Novas Narrativas
Uma conversa sobre formatos cada vez mais populares
16 abr 2024 | Por Globo
Audiovisual em Projeção
FESTIVAL
ACONTECE
Festival Acontece 2024
Conhecer o brasileiro é a única maneira de contar as suas histórias e contar histórias também é uma ferramenta de construção de futuros. E nós queremos construir esse futuro juntos.
O Festival Acontece, realizado nos estúdios Globo, nasce dessa ideia, de compartilhar conhecimento e aprender com o mercado, num processo contínuo de diálogo que tem como objetivo gerar ainda mais encantamento para quem se conecta com os conteúdos audiovisuais brasileiros.
Um festival dinâmico, brasileiro, ousado, celebrativo, surpreendente, profundo e, acima de tudo, com muito conteúdo. Sejam todos bem-vindos!
Confira aqui a mesa de conversa
Séries e Documentários: Novas Narrativas – Debatendo formatos cada vez mais populares
Narrativas podem vir em diversos tamanhos e formatos. Dois deles têm se destacado recentemente nas nossas telas e despertado um grande interesse do público: as séries e os documentários. No painel “Séries e Documentários: Novas Narrativas” do Festival Acontece, a jornalista e codiretora do documentário “8/1 – A Democracia Resiste” Julia Duailibi recebeu convidados que atuam em produtos audiovisuais de grande impacto, focado nessas duas formas de contar histórias. Os autores Juan Jullian, de “Reencarne”, Raphael Montes de “Bom Dia, Verônica” e “Dias Perfeitos”, e Lucas Paraízo de “Sob Pressão” e “Os Outros” se juntaram a diretora artística de “Vale o escrito” e “Xuxa, o documentário”, Mônica Almeida, e a diretora das séries documentais “Jessie e Colombo” e “Pecados Revelados”, Susanna Lira, para discutir como essas narrativas estão ganhando cada mais espaço, seus desafios, processos e particularidades.
A conversa se iniciou com uma pergunta direcionada a Raphael Montes: como aumentar a qualidade e os números das produções de séries no Brasil? Raphael dividiu um pouco de seus processos e disse que é fundamental não perder de vista o desejo de contar boas histórias, histórias que você gostaria de ver como espectador. O autor disse ainda que outro aspecto que sempre considera, é pensar em uma narrativa que prenda a audiência e criar bons personagens que geram identificação. Montes revelou que o primeiro produto audiovisual que consumiu com regularidade foram as novelas, e que esse toque de melodrama está sempre presente em sua escrita, criando assim uma estrutura narrativa de série, com ganchos e reviravoltas, mas sempre com esse rastro de melodrama.
"Há uma necessidade de ver mais do Brasil retratado nas telas, para isso temos que ampliar o perfil de quem está com a caneta na mão. Para termos um retrato mais genuíno, plural, acolhedor e lucrativo do Brasil, temos que ter mais diversidade na frente e atrás das câmeras
"
Juan Jullian
Roterista
Sendo o Brasil um país tão grandioso e com uma história riquíssima,
o que não nos falta são personagens e enredos para serem retratados, ao mesmo tempo, as particularidades do público brasileiro são diversas. Para Juan Jullian, sua série “Reencarne” foi uma oportunidade de usar enredos já conhecidos do gênero, mas com personagens mais diversos e em um local pouco visto em obras audiovisuais dentro desse estilo: o Centro-Oeste brasileiro. “Há uma necessidade de ver mais do Brasil retratado nas telas, para isso temos que ampliar o perfil de quem está com a caneta na mão. Para termos um retrato mais genuíno, plural, acolhedor e lucrativo do Brasil, temos que ter mais diversidade na frente e atrás das câmeras”, disse Juan.
Mas como criar obras com longevidade? Como prender o público por temporadas e mais temporadas, por anos até? Lucas Paraízo, autor de “Sob Pressão” que conta com 5 temporadas e “Os Outros” que já teve sua terceira temporada confirmada, acredita que ter uma ideia conceito que possa atravessar o tempo é o segredo dessa longevidade. “Em ‘Sob Pressão’, o nosso conceito foi ‘a saúde está doente’, já em ‘Os Outros’ é ‘O que acontece quando todo mundo tem certeza de que tem razão?’. Somar os propósitos das temporadas com os seus conceitos gera profundidade, relevância e longevidade”, concluiu Lucas. Já para a diretora Suzanna Lira, o segredo é unir diversificação e aprofundamento. Ter executivos que ousam e permitem que os criativos ousem, libera a possibilidade de pensar em diversos formatos, e o aprofundamento nas pesquisas traz inúmeras possibilidades de narrativas e histórias, segundo Suzanna.
"O Brasil tem histórias e personagens reais que parecem ter saído de uma obra de ficção
"
Mônica Almeida
Diretora
É perceptível o aumento do interesse dos brasileiros por documentários.
Sejam filmes ou séries, sobre política, jornalismo, esporte ou entretenimento, o gênero cresceu e em 2023 a Globo produziu 32 documentários, 98 episódios e mais de 800 horas de conteúdo documental. E para a diretora artística Mônica Almeida, um aspecto importante dessa mudança foi perceber como o Brasil tem histórias e personagens reais que parecem ter saído de uma obra de ficção. Ela dá o exemplo de que quando iniciaram os trabalhos da série “Vale o Escrito”, o objetivo era contar a história do jogo do bicho, mas quanto mais pesquisavam, mais parecia uma novela e que se entendeu que a história a ser contada era sobre as famílias envolvidas no jogo do bicho. Outro processo importante da narrativa documental, de acordo com Mônica, é achar a linha tênue entre a realidade e esse toque de ficção, de contar histórias que parecem tão surreais, que soam como ficção.
Então, se essas histórias e personagens tão únicos são parte fundamental de um documentário de sucesso, como chegar a esses personagens? Como ter acesso a eles? Para a diretora Suzanna Lira é impossível fazer uma narrativa documental sem um acesso total ao personagem e que esse acesso só vem de uma relação de confiança. Suzanna contou que em seu primeiro documentário para o canal GNT, sobre o personagem de humor Zé Bonitinho, criado e vivido pelo ator Jorge Loredo, viu como essa relação é fundamental: “Fui entrevistar a ex-mulher do Jorge na frente dele, e ela falou muito mal dele. Eu pensei ‘vou ter que tirar tudo isso’, mas logo depois ele disse para eu não tirar nada, que tudo o que ela tinha dito, ele merecia. Que essa era a história dele. E essa compreensão de eu não quero te atacar ao contar a sua história, mas quero ser honesta, vem também de um interesse sincero nos personagens”. Já Mônica Almeida destacou como ter tempo é um fator inegociável para ter acesso aos personagens. Ela expôs que a produção de “Vale o Escrito” demorou muito até conseguir falar com todos que aparecem na obra e que quando já estavam finalizando o documentário um personagem fundamental resolveu falar, e eles tiveram o prazo estendido para conversarem com essa pessoa. Essa flexibilidade permitiu que a série fosse mais completa e tivesse ainda mais qualidade.
Para finalizar, Julia Duailibi perguntou aos convidados do painel “O que vai acontecer no formato de séries e documentários que já está acontecendo?”. Para o autor Lucas Paraízo é união de formatos e recursos, pessoas e propósitos. Já Raphael Montes acredita que as histórias serão cada vez mais um híbrido de séries e novelas. Ver novos olhares sobre temas que são familiares e ressignificar clichês é a aposta de Juan Jullian. Suzzana Lira espera ter cada vez mais liberdade para diversos formatos de documentários e que o gênero tenha mais espaço para experimentação. A diretora artística Mônica Almeida concluiu declarando que esse presente-futuro das séries e documentários é e será tudo isso e mais um pouco, cada vez mais.
"O que vai acontecer no formato de séries e documentários que já está acontecendo?
"
Julia Duailibi
Jornalista e diretora
Texto: Globo
Diagramação: Roger Arruda, Daniel Friase e Izabella Donafe
Revisão e edição:Tiago Lontra e Pamela Machado
Imagem de capa: Getty Images - MStudioImages
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