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Por João Ribeiro, Marcelo Barone e Priscilla Basilio — Rio de Janeiro


Carlos Alcaraz marcou presença no Rio Open pelo terceiro ano consecutivo. No entanto, a participação do espanhol na edição de 2025 é duvidosa. O contrato com o tenista, atual número 2 do ranking mundial, expirou este ano e, embora seja tratado como prioridade pela organização, um novo vínculo ainda é negociado.

Lui Carvalho, diretor do Rio Open, classifica edição de 2024 como histórica — Foto: divulgação/Rio Open

Diretor do Rio Open, Lui Carvalho concedeu uma entrevista exclusiva ao ge no último domingo. Ele sinaliza que Carlos Alcaraz é o plano A da organização do torneio e acredita que o carinho do espanhol pela competição e pelos fãs poderá ser um diferencial.

- Estamos trabalhando para isso, mas é cedo para falar sim ou não. A fatalidade (lesão com 18 minutos de jogo diante de Thiago Monteiro) não ajuda, porque deixa uma memória recente não muito positiva. Mas foi aqui que ganhou o primeiro jogo de ATP, o primeiro ATP 500, tem carinho do público, as pessoas são loucas por ele. É uma febre mundial, um garoto despertando esse sentimento por todos os países que passa. O calor do brasileiro ajuda. É ovacionado ao entrar em quadra. Isso ajuda a buscarmos a renovação de contrato. Estamos engajadíssimos nisso, vamos fazer de tudo para trazê-lo. Se não conseguirmos por alguma razão em 2025, vamos procurar outras estrelas do tênis mundial, o que fazemos desde a primeira edição.

Carlos Alcaraz prestigia Rio Open e é tietado por fãs

Carlos Alcaraz prestigia Rio Open e é tietado por fãs

Lui admite que sonha com dois astros da modalidade: Alexander Zverev e Stefanos Tsitsipas. Ambos estão no radar para 2025. E, caso não marquem presença no ano que vem, seguirão nos planos para edições futuras.

- Tenho alguns nomes (risos). Não é um sonho só meu, tem feedback de rede social, o Wawrinka foi muito aclamado. Gostaria de trazer o Zverev um dia, é um jogador que vai encaixar muito bem com o Rio e com o Brasil, e o Tsitsipas. Esses dois estão no radar para 2025. Se não for para 2025, pode ser para 2026, vamos tentar ao longo dos anos.

Alexander Zverev está no radar da organização — Foto: REUTERS/Issei Kato

Confira outros tópicos da entrevista:

Edição 2024

- Foi uma edição histórica, como estávamos buscando. Foram três brasileiros nas quartas. Essa foi a primeira grande história, que começou com o primeiro brasileiro passando pelo quali. Tivemos recorde de público no quali, o que é gratificante. A chuva atrapalhou na última terça, houve a lesão do Alcaraz, mas na quarta-feira surgiu o João Fonseca como uma grande estrela até então brasileira, agora mundial. Todo mundo tentando saber um pouco mais sobre ele. Nós o acompanhamos há muito tempo. Temos fotos dele com nove anos, ele vem desde a primeira edição. O João entrou para a história dessa edição fantástica dos brasileiros e do público. O título inédito do Rafa Matos. A energia foi sentida internacionalmente, o Andy Murray tuitou sobre isso. Fico feliz que as pessoas estejam nos reconhecendo por isso.

Chave feminina

- É um assunto que estamos abordando há alguns anos. O Rio Open começou como um torneio masculino e feminino, mas, por decisão estratégica, só o masculino continuou. Acreditamos no produto feminino, principalmente com a Bia Haddad. Mas não é só ela, a Bia está abrindo portas para outras meninas, como a Nauhany e a Victoria. Estamos esperando a oportunidade certa para trazer o feminino de volta. É importante enfatizar que o evento junto no Jockey não é possível porque não temos quadra, não tem espaço suficiente. E durante o dia não dá para jogar por conta do calor. Estamos estudando formas para trazer a Bia, a Laura, a Luisa... está no radar, mas não temos prazo. Esperamos que em um futuro breve.

Bia Haddad em ação no Rio Open: evento não tem mais chave feminina — Foto: Divulgação

João Fonseca

- Os resultados eram um bom indicativo. Prezamos os convites para dar oportunidade à nova geração, para que eles testem, para verem o nível que estão diante dos grandes jogadores. O João é prata da casa, um menino que conhecemos há bastante tempo, é carioca. Os resultados dele são impressionantes, foi número 1 do mundo no juvenil, possui um nível altíssimo de jogo. A gente falava com treinadores, empresários e diziam que ele era a nova sensação do tênis mundial. O que ele fez aqui foi histórico. A gente nem coloca em perspectiva, porque, muitas vezes, não damos tanto valor ao que é nosso. A verdade é que, aos 17 anos, nas quartas, sob pressão do público... e o jeito que administrou a situação como um todo, é motivante para o futuro dele no tênis.

Aos 17 anos, João Fonseca parou nas quartas do Rio Open

Aos 17 anos, João Fonseca parou nas quartas do Rio Open

Torcida brasileira

- É sabido em qualquer esporte que a hospitalidade e a energia do brasileiro são as melhores do mundo. Sabemos fazer festa, no bom sentido. Os eventos esportivos, como Copa do Mundo e Olimpíadas, são marcados por isso. Estive com o Wawrinka, e ele falava que joga tênis para isso hoje em dia. Depois de ganhar três Grand Slams e tudo o que ganhou, a motivação dele é jogar diante de um público engajado, contra ou a favor. E fez referência a lugares do mundo que não têm esse componente que nós temos. Vamos bater nessa tecla nos próximos meses para seguir crescendo, melhorando, desenvolvendo o tênis na América do Sul. O Rio Open está bem posicionado para isso.

Campeões inéditos

- As condições desafiadoras são características nossas, como o saibro, o calor, a umidade, o que faz com que os resultados não saiam conforme o esperado. Isso é algo que sempre falo, porque o Rio Open revela novos talentos por ter essas condições. Você vê ao longo da história jogadores de menor expressão, como o Casper Ruud, Aliassime, Alcaraz... Quando as pessoas veem resultados diferentes, se assustam, mas eu falo: "Calma, daqui a dois anos você vai entender". É um jogador buscando seu lugar ao sol. Vejo isso com bons olhos, e os jogadores veem como uma chance de jogarem um ATP 500 e poderem despontar e começar um carreira de sucesso.

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