O Tricolor do Vale, que tinha terminado a primeira fase na décima colocação, cresceu durante o mata-mata da competição do interior paulista e conseguiu conquistar a taça. O time ainda contou com o apoio dos torcedores da Garça, que encararam mais de sete horas de estrada para acompanhar o momento histórico do time. O GloboEsporte.com relembra a história dessa conquista.

No primeiro ano na elite estadual, o Guará não teve regularidade em momento algum durante a primeira fase, alternando bons e maus resultados. Não à toa, terminou com o número de vitórias e derrotas quase igual, com sete vitórias e oito derrotas. Na reta final da primeira fase, o time teve uma sequência de quatro jogos seguidos sem vencer e terminou esta etapa na décima colocação, com 25 pontos.

Com Palmeiras (em quinto) e Corinthians (em nono) entre os times que não conseguiram a classificação para as semis do Paulistão, o Tricolor do Vale teve direito à última vaga para o Troféu do Interior, pois o campeonato não permite a participação de equipes da capital.

Na semifinal da disputa, a Garça enfrentou o Paulista de Jundiaí, que terminou em sexto lugar, com 31 pontos. Por ter pior campanha, o Guará fez o primeiro jogo em casa, enquanto a volta foi disputada fora do Dário Rodrigues Leite.

O time fez bonito e surpreendeu o Galo ao vencer as duas partidas. No primeiro confronto, em casa, vitória por 1 a 0, com gol marcado pelo zagueiro Carlinhos, aos 43 minutos de jogo. Na volta, o Paulista assustou e saiu na frente. Porém, com gols de Alê e Vandinho, o Tricolor do Vale virou o jogo, venceu por 2 a 1, e avançou para a final do Troféu do Interior.

Na decisão, o time teve pela frente o Noroeste, que terminou a primeira fase na sétima colocação e que, na última rodada, venceu o próprio Guará por 4 a 2, fora de casa.

O primeiro jogo foi disputado no estádio Dario Rodrigues Leite, em Guaratinguetá. A Garça saiu na frente aos 13 minutos, com um gol de Dinei, mas levou o empate logo em seguida, aos 15.

O time da casa pressionou o jogo todo, porém não conseguiu furar a forte defesa dos visitantes, donos da quarta melhor defesa de todo o campeonato. Com isso, o primeiro jogo terminou empatado por 1 a 1, e a decisão ficou para o jogo de volta.

Apesar de ter a vantagem de poder empatar para ser campeão, o Noroeste queria aproveitar o apoio do torcedor, que lotava o estádio Alfredo de Castilho, para tentar garantir o troféu com o mínimo de sofrimento possível. Com isso, o time partiu para cima desde o início de jogo e criou as melhores chances do primeiro tempo.

Graças a uma ótima atuação do goleiro Edson Bastos e do esquema defensivo montado pelo técnico Márcio Araújo, o Guaratinguetá conseguiu segurar o ímpeto dos mandantes e terminou o primeiro tempo com o placar zerado.

Com duas alterações no intervalo, o Guaratinguetá mudou totalmente de postura no segundo tempo. Necessitado da vitória para se sagrar campeão, o time passou a ter controle da bola no campo adversário e volume ofensivo. Chegou a acertar duas bolas na trave logo no início da etapa complementar. O meia Nenê, da Garça, que entrou no segundo tempo, lembra que tudo fez parte da estratégia montada por Márcio Araújo para a partida.

- O pessoal estava meio apreensivo porque o Noroeste estava dominando a partida, só que ficaram bem mais tranquilos porque a gente sabia que a nossa intenção no primeiro tempo era justamente isso, segurar o ímpeto deles. E a partir do momento que até os atletas viram a gente já pronto para entrar pro jogo, o pessoal ficou mais tranquilo porque sabia que a gente iria atacar também, e foi o que aconteceu. A partir do momento que mudou a parte tática nossa, a gente ficou um time bem mais ofensivo e o Noroeste passou a tomar vários sustos - disse o jogador.

O Noroeste não estava entregue e também chegou com perigo, com Otacílio Neto, que obrigou Edson Bastos a fazer mais uma grande defesa para os visitantes.

Na reta final de jogo, o Guará foi para cima e passou a pressionar mais. Até que, os 37 minutos, finalmente chegou ao gol salvador. Vandinho avançou pelo lado direito do campo e cruzou para dentro da área. O goleiro rebateu a bola no pé de Michel, que foi travado duas vezes pelos zagueiros. A bola sobrou para Nenê tocar para o fundo da rede.

O meia Nenê, Pé de Anjo da Garça autor do gol derradeiro, conta que depois de marcar, todo o time se uniu rapidamente em campo combinando como iriam se defender até o final da partida.

- A bola entrou e foi aquela festa. Comemoramos e falamos “agora vamos segurar. Ninguém entra mais. Só deixa um na frente ali, vamos marcar todo mundo aqui e sair nos contra-ataques”. Foi difícil porque eles também vieram pra cima. Mas, como disse, nossa equipe era muito experiente, vários jogadores com uma rodagem muito boa, ajudou muito - conta.

Com menos de dez minutos para o jogo acabar, o Noroeste fez substituições para deixar o time mais ofensivo. Foi para o tudo ou nada e tentou pressionar o Guará, mas não obteve sucesso. Parou na forte marcação montada pelos visitantes.

Aos 48 minutos do segundo tempo, o árbitro encerrou o jogo. Vitória do Guaratinguetá por 1 a 0, título garantido, e comemoração para jogadores, comissão técnica e para torcedores.