A partida aconteceu um dia depois de Juninho demitir o técnico Marcinho. O Galo foi comandado pelo auxiliar Douglas Leite.

Márcio Freitas foi demitido 11 dias após Juninho Paulista bancar o treinador, dizendo que a gestão "nunca age pela emoção" e que não poderia "ceder à tentação de interromper um projeto como esse".

Marcinho teve apenas 34% de aproveitamento em nove meses e foi dispensado após a eliminação na primeira fase da Copa do Brasil, que fez o Rubro-negro perder a chance de faturar quase R$ 1,5 milhão, caso empatasse com o São Luiz e avançasse na última quarta-feira.

Juninho falou sobre essa "mudança de opinião" após 11 dias, revelou que foi ele próprio que demitiu o técnico e disse que a troca foi feita "com dor no coração".

– Quando eu falo, a gente acredita. É realmente aquilo que estou pensando naquele momento. Eu segurei o Marcinho (11 dias atrás) porque achava que a situação iria melhorar, porque é uma pessoa que encaixa perfeitamente no nosso clube. Por isso resolvi manter ele naquele momento. Foram mais três jogos, os resultados não vieram e não podemos trocar todo mundo. Conversei bastante com o Marcinho, principalmente nos últimos dois jogos. A eliminação da Copa do Brasil foi muito dura para nós. Aí eu resolvi a troca com dor no coração, porque não acho que essa é a filosofia. Em relação ao Douglas (Leite, auxiliar), temos que estudar. Se for trazer alguém para somar nesses últimos dois jogos, temos que ser bem criteriosos e vamos trazer. Se não, vamos com Douglas – disse o ex-coordenador da seleção brasileira.

O Ituano tem apenas duas vitórias nos últimos 24 jogos, contando a reta final da Série B 2023 e as 11 partidas de 2024, com Paulistão e Copa do Brasil. Além do triunfo sobre o Sampaio Corrêa no ano passado, o Galo de Itu derrotou o Corinthians neste ano. O time tem quatro gols marcados e 16 sofridos, no acumulado de 2024.

Perguntado pelo ge sobre essa sequência negativa e o fato do time estar lutando contra o rebaixamento pelo terceiro campeonato seguido, Juninho Paulista fez autocrítica, mas também apontou os problemas em outros setores do clube, citando até uma defasagem na estrutura do departamento médico.

– Fazemos uma autocrítica, uma autoanálise e é claro que tudo que pensamos, o jogador que trazemos, acha que vai dar certo e não dá. Eu me cobro bastante, juntamente com toda minha equipe, de prestarmos mais atenção, ser um pouco mais criterioso nas escolhas. Acho que não só na parte de jogador, mas no todo: treinador, jogador, staff. Sabemos que tem ainda uma deficiência na parte médica. Nossa estrutura ainda não condiz com o tamanho que o Ituano tem hoje. A gente vem trabalhando, mas essas coisas não são resolvidas da noite para o dia – avaliou Juninho Paulista.

Sobre o futuro do Galo, o gestor voltou a defender o perfil de Marcinho, eximiu o ex-treinador de culpa e citou o trabalho integrado com as categorias de base.

– É um momento difícil. Estudamos a pessoa para trazer (para o clube). O Marcinho tem o perfil que o Ituano gosta, até em termos de entendimento de jogo, de ser uma equipe que pressiona mais alto, fica mais com a bola que o adversário. Participa de outras coisas fora do campo em relação ao clube, categorias de base. Hoje os meninos se destacando no profissional também é fruto dessa integração. Analisamos os jogadores para contratação, tentamos encaixar a característica do jogador com as nossas. Só que têm momentos que isso não funciona tão rápido. O Marcinho eu fui resistente, porque é o estilo da nossa gestão, de escolher a pessoa certa na nossa cabeça e dar a tranquilidade dele trabalhar. No caso do Marcinho foi isso. Tiramos agora e eu falei para os atletas: 'não pensa que vamos tirar uma peça e jogar as pedras tudo na mochila dele, ele vai embora e vão acabar os problemas'. Não é assim, até porque ele não é o culpado. Futebol tem essa cultura de sempre tirar o treinador e achar que as coisas se resolvem – disse.

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Questionado pela repórter Wânyffer Monteiro, da TV TEM, Juninho Paulista garantiu que dá para apostar em planejamento a longo prazo, mas que o momento é de buscar pontos para evitar o rebaixamento. O gestor também demonstrou ainda não ter uma decisão sobre trazer um novo técnico ou manter o auxiliar Douglas Leite no comando.

– Dá pra apostar (em planejamento à longo prazo). Agora temos que ter cuidado para quem possamos trazer ou continuar com o Douglas. Fizemos a gestão todos esses anos dessa maneira. Acreditou e deu certo. Sabemos que dá certo. É claro que às vezes momentaneamente tem que jogar pelo resultado, como é nosso caso nesses dois jogos. Mas a essência e a filosofia têm que ser a mesma – falou Juninho.

Também em coletiva de imprensa após o jogo, o auxiliar Douglas Leite, que comandou o Ituano pela segunda vez (ambas em derrotas por 1 a 0), colocou-se à disposição para assumir o cargo, mas disse que abraçará outro técnico, caso o clube opte por trazer um novo treinador.

– Eu sou funcionário do clube. Faz um ano e meio que estou vivenciando isso aqui dia e noite. Esse é o menor dos problemas. A decisão que a diretoria tomar, é hora de todo mundo abraçar, remar para o mesmo lado. Se tiver que estar no jogo, eu acredito que tenho confiança do grupo e tenho capacidade. Se tiver que auxiliar outro treinador, ele vai ser abraçado da melhor maneira possível. Tudo nesse momento é secundário – afirmou Douglas Leite.

Juninho Paulista falou ainda sobre o quanto a falta de confiança tem impacto em um time em crise.

– Estamos passando uma situação difícil. Sabemos que no futebol é muita confiança, você tem que ter confiança. Às vezes o mesmo atleta com uma confiança vai performar bem diferente e é o que está acontecendo conosco. Estamos agoniados para sair dessa situação e às vezes as coisas não estão acontecendo e a falta de confiança dentro de campo faz com que às vezes a gente tome gols que não pode, perdemos gols que não pode. É seguir em frente que temos duas batalhas ainda – finalizou Juninho Paulista.

O Ituano tem a semana livre e direciona a preparação para o jogo da 11ª e penúltima rodada do Paulistão que será no próximo sábado, às 20h, contra a Inter de Limeira, no Limeirão.

Também em entrevista após a partida, o meia Yann Rolim demonstrou o desejo do time "levantar a cabeça" para os dois duelos finais.

– Temos uma semana inteira. Não adianta abaixar a cabeça e achar que está tudo errado. Temos que ver onde estamos errando e minimizar os erros para conseguirmos a vitória. É com o grupo que vamos conseguir essa força. Não adianta chorar, fazer nada. Temos que levantar a cabeça e seguir em frente – pregou o meio-campista, que vestiu a camisa 10, no lugar do suspenso de Eduardo Person.

O auxiliar Douglas Leite foi otimista e avaliou uma evolução dos seus comandados na reta final do jogo o que, para ele, "tem que servir de combustível para alguma coisa".

– Adquirimos confiança durante o jogo. Entramos com as linhas um pouco baixas, sem toda a confiança. Isso foi mudando aos poucos, igualamos o jogo e tivemos possibilidade de buscar o empate. Vamos lamentar muito a derrota, mas tem que servir de combustível para alguma coisa. Temos uma decisão no próximo fim de semana e alguns comportamentos que tivemos, eu acredito que vai nos ajudar a conquistar a vitória lá em Limeira – opinou Douglas.