No início do conflito, as competições esportivas nos países foram diretamente afetadas e, uma das medidas adotadas à época, foi a liberação da Fifa para que atletas que atuavam em clubes russos e ucranianos suspendessem seus contratos e defendessem equipes em outros países.

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Por outro lado, há quem tenha optado pelo caminho inverso. É o caso do lateral (ou atacante?) Felipe Rodrigues, que deixou o Novorizontino em maio daquele ano rumo ao Vorskla Poltava.

Agora, o jogador completou sua segunda temporada atuando no leste europeu, período em que passou pela adaptação, alguns sustos e uma curiosa mudança de posição.

Depois de duas temporadas e meia no Novorizontino, Felipe Rodrigues acertou a transferência para o Vorskla e rumou para a Ucrânia em maio de 2022.

Desde então, foram 41 jogos disputados e cinco gols marcados pelo clube. O início, porém, foi marcado por tensão e preocupação constante.

– No começo, quando cheguei, ficamos em uma cidade que em 30 minutos você estava na Eslováquia. Foram seis meses lá em Uzhhrod. Depois os caras decidiram voltar para Poltava, que é a cidade do Vorskla mesmo. Agora é mais tranquilo, mas no começo era bem difícil. Graças a Deus nunca vi nada demais nessa cidade – relata o jogador.

– Aqui, pra eles é tudo normal, sabe? Quando tem alguma coisa acontecendo, toca uma sirene e aqui tem um aparelho que nós conseguimos ver qual é a cidade que está sendo atacada. Logo eu já me preocupo, mas aí eles falam que não tem problema. Pra eles que são daqui é mais tranquilo. Eu acho que já viveram coisas piores. O estrangeiro fica mais com medo, fica meio cabreiro. Não tem como ficar tranquilo ao extremo, sabe? É difícil, é uma loucura.

A escolha pelo leste europeu se deu em meio a um momento de incerteza no Novorizontino. Felipe Rodrigues havia passado oito meses sem atuar por conta de uma cirurgia no tendão de Aquiles, o que fez com que perdesse espaço no Tigre.

– O futebol estava rolando normalmente, então abracei a chance. Foi tudo muito rápido. Numa sexta-feira fechamos o negócio e no domingo eu já estava viajando. Deu aquele frio na barriga no voo, pensei: “O que eu vou fazer lá na Ucrânia?”. Mas graças a Deus deu tudo certo, foi uma boa escolha e as coisas fluíram. Logo me acostumei e estamos aqui até hoje. Tive a oportunidade de disputar competições europeias, como a Conference League.

Apesar do bom porte físico e da característica de apoiar muito o ataque, Felipe Rodrigues sempre atuou na linha de defesa, como lateral-direito, nos clubes por onde passou.

A ida para o futebol ucraniano, porém, trouxe mais do que uma mudança na vida pessoal do jogador. No novo clube, ele "escalou" o campo e passou a atuar como centroavante, aproveitando-se dos atributos físicos e táticos.

A troca de posição atendeu a um pedido do treinador e não foi algo totalmente novo para o agora ex-defensor, que já havia passado por essa e até mesmo por outras faixas do campo.

– Foi uma grande mudança, mas antigamente, quando eu comecei a jogar bola, eu era centroavante. Depois, virei volante até chegar na lateral. No início, o treinador aqui me colocou na beirada, até pra ajudar o lateral também, e aí fiquei só jogando de ponta – explica.

– Logo, teve um jogo em que ele precisou, chegou para mim e perguntou: “Você vai jogar de centroavante, pode ser?”. Falei: “Jogo, ué. Já joguei em todas as posições, não vou jogar de centroavante?". Então eu consegui aproveitar bem por eu ser um jogador de muita força – diverte-se ao contar o episódio que resultou na sua troca de posição.

O Vorlskla chegou à final da Copa da Ucrânia, mas acabou com o vice-campeonato diante do Shakhtar Donetsk ao ser derrotado por 2 a 1, no último dia 15 de maio. Era a chance para a equipe repetir a conquista da temporada 2008/2009, a única do torneio em questão na história do clube.

Apesar de a taça não ter vindo, Felipe Rodrigues se disse orgulhoso da campanha e projetou o período de descanso com o fim da temporada. O contrato do jogador termina no próximo dia 30 de junho.

– Infelizmente o título não veio, mas a campanha fica marcada na história de qualquer maneira. Demos o nosso melhor e alcançamos a decisão. Perdemos para uma grande equipe também, o Shakhtar é muito forte. Fica a tristeza por sairmos sem a taça, mas cientes de que todos deram o seu melhor. Agora é descansar, aproveitar as férias e aguardar os próximos passos.