taça das favelas

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Por Geovanni Henrique — Campinas, SP


Vestir a camisa da seleção brasileira e ainda ao lado da rainha do futebol. Um sonho para milhares de meninas que saem de casa em busca de uma oportunidade. Na Taça das Favelas de Campinas, Lulu, com passagem pelas categorias de base da seleção brasileira e agora finalista da Taça das Favelas de Campinas pelo Cafezinho, é exemplo para a nova geração.

Fora de campo, Joseane de Freitas Azevedo, conhecida no mundo do futebol por Lulu, trabalha para auxiliar na formação humana e esportiva de jovens de Campinas. Já dentro das quatro linhas, ela precisou se reinventar no retorno aos gramados.

Lulu na disputa da Taça das Favelas pelo Cafezinho — Foto: Arquivo Pessoal

Se antes era responsável por defender, agora é ela quem ataca. Com dois gols decisivos - um nas quartas e outro nas semifinais, a ex-zagueira explica que voltou a atuar na posição que se sente mais confortável, mas que também gosta de desafios durante os 90 minutos.

- Digamos que eu sou um “coringa”. No futebol feminino poucas pessoas sabem sua trajetória. Minha base foi como atacante, mas com o decorrer do tempo fui sendo testada e usada em outras posições. No momento que o time está ganhando é bom estar lá na frente, se está perdendo não é muito bom ficar atrás. Geralmente zagueira só vai pra área pra cabecear, essa habilidade e desenvoltura com os pés é muito difícil, mas isso é treinamento, tenho essa facilidade de jogar na frente pelas laterais ou até no meio. Eu gosto de ficar na frente, tenho facilidade de chutar, dar passe, digamos que é minha área de conforto, mas gosto de desafios, jogar zaga e de volante.

Muitos podem dizer que se Lulu disputou um sul-americano sub-20 ao lado de Marta, fora as passagens pelo futebol da Suécia, Israel, Trinidad e Tobago, Macedônia, além do próprio brasileiro, disputar uma final de Taça das Favelas é tranquilo. Ela discorda, e o motivo está no peso da confiança que uma comunicada tem depositado em cima de uma única jogadora.

Joseane em ação na Macedônia do Norte — Foto: Arquivo Pessoal

- Sempre fui muito ansiosa em relação a todos os jogos, tanto no profissional, na seleção e até aqui. Mas a responsabilidade é por causa da ansiedade porque são sonhos que estão sendo realizados com esse novo projeto. Muitas das meninas nunca participaram da Taça. Temos essa responsabilidade de passar tranquilidade, experiência, de acreditar e confiar. Trabalhar isso com elas. Se eu fico nervosa, imagina elas.

Atalhos com a Rainha

Mesmo como defensora quando integrou a base da seleção brasileira, Lulu diz que aprendeu e viu muito do que a dona de seis bolas de ouro fazia para passar das zagueiras e balançar as redes. Perguntada se vai utilizar o máximo desta experiência para sair com o título da Taça, Josi diz que o nível é diferente, mas que pôde aproveitar muito da oportunidade recebida na época.

- Eu joguei com a Marta no sul-americano, que aí é diferente. Teve a Cilene, Michael Jackson, que é aqui de Campinas, a Roseli de Belo. É um privilégio, só craque, e não é pra qualquer um. Então em cada lugar que fui passando tive esse privilégio de adquirir experiência, conhecer a história de cada um [...] eu era novinha, ela era uma pessoa simples, humilde, foi algo especial, realização de um sonho. Eu sonhava com isso, acho que tinha 16 anos, não sabia nem o que falar, hoje tenho uma camisa autografada que ganhei da Marta.

Marta, a primeira da direita para a esquerda na fileira mais alta, e Lulu, a terceira da direita para a esquerda na fileira do meio — Foto: Arquivo Pessoal

Na semifinal, Lulu fez o gol que eliminou o Paranapanema, atual campeão da Taça das Favelas e considerado favorito para levar a edição de 2024. Mesmo com a vitória de peso, a experiente jogadora diz não enxergar favoritismo para a final e prevê que o jogo será decidido no erro mínimo.

- Faz tempo que elas [meninas do Paranapanema] trabalham pra colher os frutos que colheram no ano passado, são merecedoras disso e eram as favoritas. Sabíamos que tínhamos a possibilidade de ganhar, se classificar, mas que não seria fácil. Realmente foi muito sacrifício. Agora também tem um time de tradição do outro lado, mas numa final não tem favorito. Os dois times são, é igualdade, quem errar menos pode ser campeão.

O time de Lulu disputa a final no dia 23 de junho (domingo), no Estádio Brinco de Ouro, contra São Marcos, com transmissão na EPTV e também no ge.

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