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Por Redação do ge — Campinas, SP


Quando Ponte Preta e Novorizontino subiram para o gramado do Moisés Lucarelli, as atenções se voltaram para o banco de reservas. Ali, Nelsinho e Eduardo Baptista, pai e filho, davam início ao primeiro encontro entre os dois treinadores da mesma família.

Os desejos de "boa sorte" e "bom trabalho" foram acompanhados de um longo abraço entre os comandantes. Depois trocaram presentes e se despediram com um beijo no rosto antes de cada um tomar o seu lado no confronto da 10ª rodada da Série B.

Nelsinho e Eduardo Baptista em Ponte Preta e Novorizontino

Nelsinho e Eduardo Baptista em Ponte Preta e Novorizontino

Com bola rolando, Nelsinho e Eduardo praticamente reproduziam os mesmos gestos. Participavam do jogo, cobravam os atletas e raramente ficavam sentados no banco de reservas.

O gol de Gabriel Novaes, ainda no primeiro tempo, garantiu a vitória da Macaca no confronto inédito da família Baptista. Mas o discurso de Eduardo, o primeiro a chegar para a entrevista após o jogo, foi carregado de gratidão pela chance de realizar um antigo sonho.

- O meu pai é um cara que eu respeito porque ele é meu ídolo. Hoje eu me considero vencedor porque eu estive lado a lado do cara que eu admiro e me inspiro. Eu me sinto um vencedor profissionalmente. Foi um grande jogo e com muitas estratégias. Eu conheço ele muito bem, assim como ele me conhece e foi um grande dia - disse Eduardo Baptista.

Encontro entre Eduardo Baptista com o pai Nelsinho — Foto: Marcos Ribolli

Depois da entrevista de Eduardo Baptista, foi a vez do comandante da Macaca falar. E logo na primeira resposta mais elogios ao adversário que mais conhece dentro e fora de campo.

- Eu sempre torci para ver o Eduardo progredindo na carreira e hoje eu tive essa convicção dentro de campo. Eu confirmei porque joguei contra um time super organizado e contra um treinador super convicto nas alterações para tentar sair da desvantagem. Ele mostrou todo esse potencial e fico muito feliz. Um iria ganhar, mas foi um jogo muito difícil e complicado para nós.

O duelo da família Baptista foi o segundo confronto de pai contra filho como treinadores a ser registrado no futebol brasileiro. O primeiro ocorreu em 1988, quando Lula Pereira enfrentou o pai Geraldo Pereira, na partida entre Ceará e Fluminense-BA pela Segunda Divisão da Copa Brasil.

Encontro entre Nelsinho Baptista e Eduardo Baptista — Foto: Marcos Ribolli/Pontepress

Quis o destino que a partida entre Ponte Preta e Novorizontino fosse realizada no Moisés Lucarelli, estádio simbólico para a família - nascida e criada na cidade de Campinas.

Era fim da década de 1960 quando Nelsinho iniciou a carreira pela Ponte Preta como lateral-direito - foi capitão do time campeão paulista da Divisão Especial, em 1969, antes de se transferir para o São Paulo. Foi a primeira página da extensa relação profissional da família Baptista com a Macaca - para além dos laços afetivos.

Depois, já como técnico, Nelsinho ainda comandaria a Ponte por outras três oportunidades até a atual passagem, iniciada no fim de maio, após 17 anos longe do Majestoso. Com 119 jogos, ele é o décimo treinador que mais dirigiu o clube na história.

Nelsinho Baptista e Eduardo Baptista (criança em pé) em foto da década de 1970 — Foto: Arquivo pessoal

A trajetória do pai aproximou Eduardo da Ponte também. Além de acompanhar do Majestoso os jogos de Nelsinho - já como técnico na década de 1980, foi no estádio que Eduardo deu os primeiros passos no futebol - dentro e depois também fora de campo.

Com a vitória, a Ponte Preta chegou aos 12 pontos e ocupa o 13º lugar da Série B. Já o Novorizontino é o 11º, com 14.

Os dois times voltam a campo na próxima rodada, quando o time de Eduardo Baptista recebe o Amazonas, terça-feira, em Novo Horizonte, e a Macaca de Nelsinho visita o Botafogo-SP, quarta-feira, em Ribeirão Preto.

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