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Com menos de uma década de vida, Mia já viveu mais emoções do que grande parte das meninas de sua idade. A começar por sua primeira batalha, que nada teve a ver com as rampas de skate. Aos três anos, a australiana que nasceu na cidade de Perth, sofreu uma série de convulsões graves, até ser diagnosticada com epilepsia. Desde então, a menina e sua família passaram a falar publicamente sobre a importância da conscientização sobre distúrbios neurológicos, além de apoiarem hospitais infantis locais.

Em dezembro de 2019, com apenas cinco anos, a australiana subia em um skate pela primeira vez, em uma clínica do esporte oferecida pela Skate World Academy para crianças, no Bibra Lake Skate Park, em Perth. Era o início de uma paixão inseparável. A partir deste momento, todas as manhãs de férias e todas as tardes do período escolar eram preenchidas por treinos. Até mesmo os passeios com as amigas viravam os clássicos "rolês" sobre rodas.

Uma pequena feminista do esporte, aos sete anos, Mia começou a fazer parte do movimento "Girl is not a 4 letter word", uma equipe que promove o empoderamento, apoio e a visa dar oportunidades para meninas skatistas.

Apelidada de "panda voador" por seus fãs, a atleta já coleciona 134 mil seguidores em sua rede social, administrada por seus pais. Em seus vídeos, é possível identificar uma constante na vida de Mia: a resiliência. Entre tombos e escorregões, não há o que tire seu sorriso do rosto. Cada queda parece fazer a skatista voltar mais forte, e com mais vontade de acertar.

Mia não tem um treinador, mas em compensação, tem uma família que a incentiva no esporte e que não hesita em levar a menina para praticar todos os dias. Faça chuva ou faça sol, a rampa de Baywater, segunda maior de toda a Austrália, feita sob os parâmetros olímpicos, é sua segunda casa.

- Eles estão sempre ao meu lado quando eu preciso - disse Mia.

Em maio, Mia foi uma das quatro escolhidas entre skatistas do mundo inteiro a receber um wildcard para participar da competição Tony Hawk Vert Alert, um torneio de dois dias em Utah, nos Estados Unidos, com demonstrações de grandes astros do skate. Em sua primeira vez fora da Austrália, a pequena aventureira avançou às finais em terceiro lugar, e acabou garantindo sua vaga nos X-Games da Califórnia.

Neste sábado, Mia conquistou seu maior feito até então: a menina se tornou a mais jovem medalhista de ouro nos X-Games, título que pertencia ao brasileiro Gui Khury, desde que sagrou-se campeão na categoria best trick vert masculino, em 2021, aos 12 anos.

A vitória veio em uma manobra de 720º, na segunda tentativa para chegar ao primeiro lugar. Arisa Trew, sua compatriota de 14 anos, atual campeã do evento e que recentemente se tornou a primeira mulher a completar um 900º, tentou encaixar o truque, mas acabou superada pela pequena atleta.

- Estou muito feliz. É simplesmente incrível, uma loucura - comemorou, animada.