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Por João Victor Teixeira — Porto Alegre


O Grêmio coleciona erros no Campeonato Brasileiro. O sistema defensivo insiste em vazar e o ataque continua ineficiente. Mas há outro elemento que fez a diferença na derrota por 2 a 1 para o Botafogo: o fator local. O mando era gaúcho, mas a torcida era carioca. O revés em Cariacica empurrou o Tricolor para a zona do rebaixamento. No pós-jogo, o discurso de Renato preocupou e não deu esperança alguma de melhora para o decorrer do primeiro turno.

Grêmio 1 X 2 Botafogo | Melhores Momentos | 9ª rodada | Brasileirão 2024

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Os desfalques - lesões, suspensões e convocações - e as dificuldades que a delegação enfrenta com logística já não são novidades. O resultado, infelizmente, também não. O time gaúcho sofre com o desgaste, ingressa no Z-4, com a mesma pontuação do lanterna, e vê o sinal de alerta ligado.

Parecia até que o jogo contra o Botafogo era no Rio de Janeiro. O Grêmio era o mandante, mas o estádio Kleber Andrade, no Espírito Santo, estava tomado por botafoguenses, capazes de fazer um mosaico do Alvinegro na entrada dos jogadores em campo.

Quando a partida iniciou, vaias ecoavam das arquibancadas quando os jogadores gremistas tocavam na bola. Apesar do acordo entre os clubes pelos confrontos em campo neutro, o começo de jogo já indicava que a decisão por Cariacica beneficiaria o líder do campeonato.

– Se jogássemos em outro lugar, continuaríamos fora de casa e o segundo turno seria na grama sintética do Botafogo. Temos que ver as coisas ali na frente. A melhor decisão foi essa. Para no returno jogar em Brasília e não no Rio de Janeiro, no sintético – justificou Renato.

Mosaico da torcida do Botafogo em Cariacica — Foto: Vitor Silva/Botafogo

O time foi a campo com sete alterações em relação ao jogo anterior. Não demorou para a defesa vacilar na marcação. Logo com nove minutos, Cuiabano avançou nas costas de Fábio e bateu na saída de Caíque. O gol parece ter despertado a equipe, que começou a trocar passes e jogar no campo rival.

A pressão surtiu efeito minutos depois. Gustavo Nunes, o melhor do Grêmio no jogo, empatou a partida. O time criou chances, mas também cedeu espaços generosos. Cenário parecido com a rodada anterior, quando perdeu por 2 a 1 para o Flamengo no Maracanã.

Já no segundo tempo, o bote errado de Geromel escancarou a falta de ritmo de jogo do zagueiro. Júnior Santos não perdoou. Gustavo Martins e Cristaldo quase empataram de cabeça. A coleção de erros - o pouco entrosamento, o desgaste, os erros atrás, os gols perdidos - impediu o empate.

Problemas que se repetem no Grêmio, resultantes de uma programação itinerante, mas também de um elenco insuficiente para encarar o calendário do futebol brasileiro. Obrigado a adotar o rodízio, Renato não consegue manter o padrão de jogo do time titular.

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Mas o que mais preocupa é a desesperança que o treinador exalou no discurso após a partida. Portaluppi pediu paciência à torcida durante o primeiro turno e aceitou as dificuldades.

Vai ser assim no primeiro turno. Vamos sofrer bastante. Peço ao torcedor que me entenda. Não tem como escapar disso.
— Renato Portaluppi, técnico do Grêmio

A equipe vai lutar, sem dúvida, para buscar a recuperação, mas a descrença nas palavras do comandante intriga. A sensação de impotência e o Z-4 são motivos para ligar o alerta. Sinal que vale também para a direção, que vai precisar agir para trazer reforços na janela de julho.

– Não tem para onde correr. Tem que poupar. Não gostaria de poupar, mas faço o quê? Jogadores com seleções, Diego (Costa) machucado, daqui a pouco estoura mais gente – disse o técnico.

Os seis pontos que o Tricolor somou no Brasileirão foram na Arena, diante do Cuiabá e Athletico-PR. A empresa que administra a casa gremista ainda não estipulou prazo para voltar a operar. Enquanto isso, cabe a Renato buscar soluções com o que tem em mãos para tirar o Grêmio da zona.

A maratona não para. A semana reserva para o Tricolor um confronto contra o Fortaleza, na Arena Castelão, e o clássico Gre-Nal, no Couto Pereira.

Renato na derrota do Grêmio para o Botafogo — Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA

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