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Por Isabela Reis — Rio de Janeiro


O time sub-20 do Fluminense se preparava para enfrentar o Boavista, em Xerém, na última segunda-feira. Um pequeno grupo de jogadores das categorias inferiores do Tricolor assistia à partida na lanchonete vizinha ao campo. Não demorou muito para que no meio deles surgisse a dúvida sobre o atacante do Boavista: "Esse camisa 9 é o irmão do Vinicius Junior?".

A resposta é "sim". O camisa 9 em questão é José das Neves Oliveira Neto, mais conhecido como Netinho, irmão do craque do Real Madrid e da Seleção.

Netinho durante a partida entre Boavista e Fluminense, pela Copa Rio Sub-20 — Foto: Eduardo Neves/Boavista SC

Aos 17 anos, Netinho veste a camisa 9 do sub-20 do Boavista e carrega no rosto a semelhança que não deixa dúvida quanto ao parentesco com o jogador revelado pelo Flamengo.

Mas há diferenças, inclusive físicas. O tamanho chama atenção, já que Netinho é visivelmente mais alto do que o irmão. Dentro de campo, o jovem do Boavista atua na posição de centroavante, enquanto Vini joga pela esquerda do ataque.

A referência constante ao irmão não incomoda Netinho. Na entrevista, ele lembra o início da carreira de Vinicius e dá respostas curtas, deixando clara a timidez.

Netinho presenteia Vini Jr. com camisa do Boavista, atual equipe do irmão — Foto: Reprodução / Boavista Sport Club

— Sou mais físico do que ele. A única coisa que consegui herdar foi a velocidade. Comparação entre a gente vai ter, mas o estilo de jogo é diferente. Não somos nem da mesma posição - disse Netinho.

A diferença de posições entre os dois pode ajudar a realização de um sonho de Netinho: jogar ao lado do irmão. Questionado sobre a maior meta de sua vida profissional, o garoto abre um sorriso e revela que é atuar no Real Madrid com Vini.

A caminhada para alcançar o irmão em um dos maiores clubes do mundo é longa. Neste início da carreira, Netinho mantém os pés no chão pelo sub-20 do Boavista. O adolescente já viveu sua primeira experiência no exterior, quando defendeu o Rayo Alcobendas, da Espanha. No meio de 2023, voltou ao Brasil.

— Foi uma experiência muito boa (jogar na Espanha), fiquei cinco anos no Rayo. Pude entender muito sobre o futebol de lá, um estilo totalmente diferente aqui do Brasil. Aprendi muito, o que me ajudou a complementar minhas habilidades e ajudar o meu time aqui no Rio de Janeiro. Quando cheguei, o Boavista me fez o convite para jogar e estudar. Me senti honrado — contou Netinho.

Netinho, camisa 9 do Boavista Sub-20, em meio aos defensores do Fluminense em Xerém — Foto: Isabela Reis

O camisa 9 do sub-20 do Boavista aproveita cada chance para pegar dicas com quem chegou ao topo. As conversas entre os irmãos sobre futebol são frequentes e, nas férias, eles treinam juntos. Netinho também pede ajuda constante a integrantes do estafe de Vini, principalmente a Thiago Lobo, gestor de performance do craque.

No sub-20 do Boavista, Netinho é o centroavante titular, com a presença de área característica dos camisas 9 e velocidade. Em campo, fica clara sua liderança perante os companheiros. Na função de centroavante, sua maior inspiração é o francês Benzema, hoje no Al-Ittihad e companheiro de Vini no Real entre 2018 e 2023.

- Desde que cheguei, o Netinho vem mostrando evolução na capacidade de finalização e em seu jogo em geral. É um dos líderes do grupo, sendo um dos grandes agregadores que temos, dentro e fora de campo. Ele vem buscando fazer a sua caminhada, dentro das suas características e capacidades. Pelo seu trabalho e pela sua evolução - analisou o técnico do sub-20 do Boavista, João Pedro Simões.

O atacante se destacou na base e, no início deste ano, ganhou a oportunidade de treinar com o time profissional, chegando a ser cogitado para jogos do Carioca.

Os irmãos Netinho e Vinicius, quando o mais velho ainda era uma promessa do Flamengo — Foto: Reprodução / Netinho

— Foi uma oportunidade incrível (estar com o time principal). Aprendi muito com eles quando estava lá, fiz a pré-temporada inteira com o time. Espero ainda poder estrear e vestir na camisa do Boavista como profissional - lembrou Netinho.

Mas o início de carreira, especialmente em um clube de menor expressão, tem obstáculos. Na segunda-feira, por exemplo, o Boavista perdeu por 5 a 0 para o Fluminense na Copa Rio Sub-20. Foi a segunda derrota em dois jogos na competição.

— É um sub-20 novo, um novo trabalho, um grupo que está sendo criado do zero. Temos que ter paciência, nada vem de uma hora para outra. O Boavista sub-20 ainda vai dar muitas alegrias — garantiu o adolescente.

O sub-20 do Boavista volta a campo às 10h de sábado, contra o Audax, no CT Pedrinho Vicençote, em Itaguaí.

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