O presidente do Salgueiro, José Guilherme da Luz, falou sobre a decisão de clube de não participar do Campeonato Brasileiro da Série D deste ano, durante entrevista coletiva na manhã desta terça-feira. Segundo o dirigente, a situação financeira ruim foi fundamental para a desistência da competição. A CBF atualizou o regulamento da Série D e colocou o Central no lugar do Salgueiro.
- Vamos dar uma parada e nesses seis meses da parada da Série D vamos correr atrás de patrocinadores, ex-presidente, da torcida, se ainda acreditar, e quem queira acreditar, pra gente tentar manter alguma coisa para o ano que vem.
Segundo José Guilherme, a manutenção da equipe na Série D acarretaria em futuras dívidas com o elenco, comissão técnica e demais funcionários do clube.
- Me vi na situação de, se tentar insistir na participação do campeonato, aí eu vou dois, três meses, faço contrato de atletas para o campeonato. Você não vai fazer contrato só de quatro meses. Tem que fazer contrato pensando que vai passar de fase.
"Você vai fazer contrato de seis meses com o atleta. São 20 a 30 pais de família, treinador, todo mundo. Aí fico dois, três meses sem pagar. Vai ocorrer aqui no Salgueiro o que sempre ocorre no Brasil e aqui em Pernambuco já temos prova do que aconteceu, greve de jogador que não recebe".
Fora da Série D, o Salgueiro tem apenas a reta final do Pernambucano para disputar. Segundo José Guilherme, a situação foi conversada com o elenco, que compreendeu o momento do clube. Nesta quarta, o Carcará joga contra o Vera Cruz, na Arena de Pernambuco.
- Nesse um mês e pouco que falta, os jogadores estão compromissados, estão viajando para Recife, pra jogar contra o Vera Cruz e a gente tentar mais uma vez uma classificação entre os quatro. Tentar uma vaga na Copa do Brasil. Chegando entro os quatro é mata-mata, pode chegar na final de novo e ano que vem tem cota novamente. Mas agora, para a Série D, eu não tenho condições financeiras.
Presidente do Salgueiro fala sobre situação financeira do clube
Em entrevista na tarde da última segunda-feira, à TV Grande Rio, o presidente José Guilherme deu indícios de que a situação financeira poderia comprometer a participação do Carcará no Campeonato Brasileiro. (veja no vídeo acima)
– A situação do clube, desde o início do ano, está complicada. Perdemos os patrocínios, perdemos cotas da Copa do Nordeste, caiu pela metade, perdemos o patrocínio da prefeitura. Por causa da pandemia, o jogo que poderia ser um grande jogo e rendeira uma boa receita, que foi o jogo contra o Corinthians, também não teve público. Foi um dinheiro que deixou de entrar, mais receitas perdidas.
“Até maio, para esse primeiro semestre, a gente está tranquilo em relação à parte financeira. Mas, para Série D mesmo, já está complicado”, disse José Guilherme.
O presidente da Federação Pernambucana de Futebol (FPF), Evandro Carvalho, confirmou que o motivo da desistência do Carcará é a impossibilidade de manter o pagamento da folha salarial até o fim da competição.
- O único motivo é de ordem financeira. Ele (presidente do Salgueiro) não tem, não encontrou, não vislumbra sustentabilidade, ainda que a competição seja toda paga, hospedagem, viagem, transfer, alimentação... Mas você tem folha salarial, que é da ordem de R$ 200 mil/mês. Quer dizer, você tem aí seis, oito meses de competição que você tem que ter R$ 200 mil/mês. Ele não tem onde buscar, aí ele exerceu o direito, dentro do prazo - afirma Evandro.
O presidente da FPF também afastou qualquer risco de punição ao Carcará em razão da desistência.
"Ele exerceu o direito dentro do prazo para não ser punido, aí não tem nenhum prejuízo. Foi diferente da Copa do Nordeste. Ali, como ele desistiu em cima da hora, ia ser punido e voltou atrás. Agora não. Agora, agiu corretamente, verificou os prazos, fez tudo direitinho. Portanto, é um direito deles.”
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