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Por Camila Sousa e João de Andrade Neto — Recife


A negociação entre Sport e Chelsea envolvendo o lateral-direito Pedro Lima deu uma esfriada nos últimos dias, com o cenário atual longe de um acerto. E não apenas por um fator.

Entre os atuais entraves nas tratativas está o desejo do clube pernambucano em manter um percentual dos direitos econômicos do prata da casa, enquanto o clube inglês quer comprar 100%.

Pedro Lima, do Sport, durante execução do hino nacional, pela Série B — Foto: Paulo Paiva/Sport Club do Recife

Além disso, a gestão de carreira do jogador entende que há lastro para o atleta ter mais protagonismo e, portanto, considera não muito atrativa a possibilidade de Pedro Lima, inicialmente, atuar pelo Strasburgo, da França, clube que pertence aos mesmos donos do Chelsea.

Porém, o lateral-direito atualmente não atende os requisitos para obter o visto de trabalho para atletas não europeus atuarem na Premier League (saiba os bastidores mais abaixo).

O que emperra?

Para começar, um eventual rateio dos direitos econômicos de Pedro Lima. Hoje, o Sport detém 70% do jogador, e os 30% restantes se dividem entre empresário e o lateral. Por sua vez, o Chelsea quer adquirir a integralidade, isto é, os 100% dos direitos, em contrapartida à posição do Leão - que não vê proveito nesse modelo porque vislumbra uma venda futura.

Na negociação, o Sport chegou a sugerir que a parte que lhe cabe dos direitos de Pedro Lima fossem divididos em 70% para o Chelsea e 30% permanecesse com o próprio Rubro-negro. Uma divisão que poderia até chegar a 80/20. Mas não houve qualquer avanço da parte dos Blues.

A proposta do Chelsea, por sinal, é a única formalizada junto ao Sport, apesar de outros clubes europeus já terem demonstrado interesse no atleta.

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Por conta da indefinição quanto ao percentual da venda, outros detalhes ainda não foram discutidos, como o tempo de contrato (geralmente em transferências internacionais o vínculo é de cinco anos) e quais seriam os bônus para Lima atingir o valor cheio da negociação.

A investida inicial dos ingleses para contratar o jogador foi de 8 milhões de euros (R$ 46 milhões), mas pode bater os 10 milhões de euros (R$ 57 milhões) com gatilhos.

Segundo apuração do ge, a proposta de 10 milhões de euros inicialmente não agradou aos rubro-negros, uma vez que a multa para transições internacionais estabelecida no contrato é de R$ 12 milhões de euros (R$ 69 milhões).

Contudo, a cúpula do Sport também entende que não se pode melar uma transferência desse porte por apenas essa razão. Afinal, em todos os cenários esta seria a maior venda da história de um clube do Nordeste.

A ideia, inclusive é que, em caso de consenso, Pedro Lima já seja vendido no meio do ano. A janela para a Inglaterra abre na próxima sexta-feira (14).

Work permit

Outra variável presente nas tratativas é o chamado work permit, que é o visto de trabalho que todo estrangeiro precisa receber das autoridades britânicas para trabalhar no Reino Unido.

No caso de jogadores de futebol, a FA (federação inglesa) possui um sistema de pontos para que atletas de fora possam atuar no país, levando em conta minutos jogados em seleções, ligas, copas e competições internacionais. Para atuar na Premier League, o mínimo necessário são 15 pontos, com cada clube tendo direito a quatro exceções. Pedro Lima ainda não atende a esses pré-requisitos.

Pedro Lima, lateral do Sport — Foto: Paulo Paiva / Sport Recife

Sendo assim, mesmo que seja contratado pelo Chelsea, dificilmente o lateral seria utilizado pelo clube inglês de início. A tendência seria ele vestir inicialmente a camisa do Strasbourg, 13º colocado do último Campeonato Francês. Ideia que não agrada ao staff do Pedro Lima, que entende que o jogador precisa ter mais protagonismo.

O que aconteceu, por exemplo, no ano passado, com o volante Andrey Santos, que apesar de ter sido comprado pelo Chelsea por 12,5 milhões de euros (R$ 72 milhões) não pôde atuar pelo clube inglês por não ter a pontuação necessária para conseguir o work permit - motivo pelo qual ele defende justamente... o Strasbourg.

Andrey Santos em ação pelo Strasbourg — Foto: Reprodução/Instagram

Segundo as regras da FA, os pontos são distribuídos por pesos a depender de cada liga nacional. A Série A do Campeonato Brasileiro, por exemplo, está na terceira "prateleira" de pesos, ao lado da Major League Soccer, dos Estados Unidos, e da Primeira Divisão da Argentina e do México.

Já a Série B do Campeonato Brasileiro está na sexta margem de pontuação, junto com "demais campeonatos"

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