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Por Camila Sousa e Daniel Gomes — Recife


Carlos Miguel, do Corinthians, está de malas prontas rumo à Europa. O destino deve ser mesmo o Nottingham Forest, da Inglaterra, que venceu a disputa com outro inglês, o West Ham, pela sua contratação. Mas, se hoje o goleiro desperta o interesse dos grandes do futebol, o início da carreira esteve longe de ser assim.

O gigante de 2,04 metros é da base do Internacional e teve, no Santa Cruz, a primeira oportunidade como atleta profissional. Acontece que... Sequer jogou, sendo dispensado do clube, que à época tinha o técnico Itamar Schülle no comando da equipe.

Carlos Miguel Santa Cruz — Foto: Marlon Costa/ Pernambuco Press

O ge, então, traz os bastidores da saída que ajudam a compreender o questionamento dos tricolores: por que não deu certo logo aqui se o jogador está a caminho da Premier League, uma das ligas mais competitivas do futebol?

Ali, Itamar Schülle pensava em trabalhar com um goleiro experiente na posição (Tiago Cardoso ou outro), Maycon Cleiton, prata da casa, e mais um terceiro - na época, o nome seria Magrão, ex-Palmeiras, apalavrado para chegar no Arruda após a Copinha.

Entretanto, ao longo da evolução dos trabalhos:

  1. Cardoso não passou nos exames e decidiu se aposentar por dores no joelho;
  2. Itamar não aprovou o nome de Mota, cotado como substituto do ídolo coral;
  3. A negociação por Magrão não andou;
  4. E o Santa Cruz precisou trazer às pressas Luiz Fernando como alternativa.

Mas, quem terminou assumindo a posição pelas boas atuações foi o cria da base, Maycon Cleiton - correspondendo assim à necessidade do clube em vender um ativo para fechar o plano financeiro.

Nesse novo reordenamento, Luiz Fernando - que seria o titular -, herdou a vaga "2" de goleiros do Santa Cruz. Aí, Carlos Miguel, um dos primeiros a chegar no clube, em tese brigaria com ele pelo posto de primeira alternativa caso o titular não pudesse jogar.

Carlos Miguel Santa Cruz — Foto: Marlon Costa/ Pernambuco Press

Então... O que deu errado?

"Muito verde em fundamentos básicos", confidenciou um diretor do clube da época para a reportagem, o goleiro começou a perder espaço no elenco. Treinava, segundo esse mesmo cartola, menos minutos que Rokenedy, outro cria da base, com 17 anos. Carlos Miguel chegou ao clube com 21.

Mas não era só isso. A falta de foco, como resumiu o setorista do Santa Cruz do ge em 2020, Daniel Gomes, foi o pivô para a dispensa no Arruda.

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De acordo com a comissão técnica daquele período, Carlos Miguel não tinha "motivação" - essa também foi a mesma palavra usada por um outro membro da direção em 2020 - durante os treinos.

A falta de empolgação por vestir a camisa do Santa Cruz incomodava - e muito - da gestão ao corpo técnico. Sobretudo pelo perfil de Itamar Schülle em exigir rigor máximo dos atletas, sendo até "chato", como ele mesmo se definiu treinando o próprio Tricolor nesse ano.

Itamar Schülle, técnico do Santa Cruz na temporada de 2020 — Foto: Rafael Melo / Santa Cruz

Manchado, Carlos Miguel terminou dispensado do time para voltar ao Internacional - que tão logo o emprestou ao Boa Esporte. De lá, seguiu livre para o Corinthians após rescisão com o Colorado.

De apontado como sucessor de Cássio, deve deixar o Corinthians menos de um mesmo depois da saída do ídolo alvinegro para o Cruzeiro. Os cursos do futebol.

Carlos Miguel no desembarque do Corinthians no Rio de Janeiro — Foto: Rodrigo Coca/Agência Corinthians

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