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Por Lafaete Vaz — Caruaru, PE


Em meio à invasão de técnicos estrangeiros no Brasil e a alta rotatividade de trabalhos, um treinador pernambucano decidiu deixar o país em busca de estabilidade. Em 2018, Cleibson Ferreira recebeu uma proposta do Destroyers, da primeira divisão da Bolívia, e se mudou para Santa Cruz de la Sierra. Ali começava uma aventura que já dura cinco anos.

Cleibson Ferreira, treinador do Real Potosí — Foto: Arquivo Pessoal

O ex-meia de 51 anos começou a carreira como jogador nas categorias de base do Sport, passou por clubes como Central e Brusque-SC e atuou no futebol boliviano por Bolívar, Real Potosí, Guabirá e Nacional Potosí. A experiência como atleta abriu as portas para o Cleibson treinador no país Sul-Americano. Antes de comandar equipes na Bolívia, o técnico passou por mais de 20 times no Brasil.

A carreira fora dos gramados começou no Santa Cruz, como auxiliar técnico de Maurício Simões, em 2006. Em seguida, trabalhou na base e foi assistente técnico do profissional no Náutico. Em 2010, veio a primeira experiência como treinador pelo Galícia-BA. Depois disso, rodou por clubes do interior do Nordeste, como Afogados, Maranhão, Atlético-PB, Sousa-PB, Pesqueira e CSE-AL.

Os trabalhos curtos e a falta de planejamento de alguns clubes fizeram Cleibson mudar a rota da carreira e aceitar o convite do Destroyers sem pensar duas vezes.

- O fato de jogar uma primeira divisão nacional com possibilidade de disputar competições internacionais era algo muito importante - relembra o treinador.

Cleibson Ferreira, treinador do Real Potosí — Foto: Arquivo Pessoal

No começo, o treinador conta que a adaptação foi complicada. Mas, logo no primeiro ano, ficou a um ponto de garantir classificação para a Copa Sul-Americana de 2019.

- Só havia eu de treinador brasileiro na liga principal. Não havia nenhum outro, nem na segunda divisão nacional, mesmo havendo muitos jogadores brasileiros. O futebol na Bolívia tem muita qualidade, mas peca na formação. Não vejo uma boa formação e isso vem pagando um preço muito alto nos últimos anos.

Em outubro deste ano, o treinador Antônio Carlos Zago foi anunciado como novo técnico da seleção boliviana. Zago ficou conhecido no país após ajudar o Bolívar chegar à Libertadores nesta temporada. Ele acredita que agora o mercado pode ficar mais atraente para outros técnicos brasileiros.

- A maior dificuldade foi a residência da classe dos treinadores. As pessoas falavam mal sem me conhecer, mas o tempo passou e o trabalho mostra que você não veio tirar o espaço de ninguém e sim somar forças para o desenvolvimento do país, no que se diz respeito ao futebol.

Cleibson treinou o Destroyers em quatro temporadas — Foto: Arquivo Pessoal

Além do Destroyers - equipe que comandou por quatro temporadas -, Cleibson também treinou clubes como Mojocoya FC, Real Mamoré e Stormers San Lorenzo, até chegar ao Real Potosí neste ano, um dos times mais tradicionais do país.

Com o Real, o treinador chegou às quartas de final da Copa Simón Bolivar (espécie de Copa do Brasil) e conquistou o título do estado de Potosí no início de dezembro.

- Aqui sou respeitado e valorizado como profissional. Isso me deixa confortável. Existiu a possibilidade de ir ao Equador, Paraguai e Peru durante este ano, recebi proposta de clubes destes países, e não aceitei pelo projeto que estou. O clube deseja que eu continue para mais uma temporada, vamos ver o que nos espera - comentou Cleibson.

Cleibson ministrando cursos para treinadores bolivianos — Foto: Arquivo Pessoal

Questionado sobre voltar a treinar no Brasil, ele revelou que recebeu alguns convites e esteve próximo de retornar ao país em outras oportunidades, mas sentiu falta de um projeto sério.

- Estive próximo de voltar ao futebol paraibano, ao maranhense, de treinar o Brusque... Sempre existe esta possibilidade, nunca vou dizer não. É questão de oportunidades em um projeto sério, que queira realmente brigar por ser protagonista. Sabemos que no futebol o que fala mais alto é o resultado. Pretendo voltar de férias agora, descansar e começar um 2024 muito motivado - finalizou o treinador.

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