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Por Fabio Grijó, Guto Rabelo e Sinclair Jr — Kobe, Japão


O Brasil encerrou o Mundial de Atletismo com motivos para se orgulhar a pouco meses das Paralimpíadas. A campanha brasileira em Kobe, no Japão, foi a melhor em medalhas de ouro na história dos Mundiais, superando as conquistas de Lyon em 2013 com 19 primeiros colocados. Neste sábado, o gaúcho Wallison Fortes somou mais um ouro para o país nos 200m T64. Wallison é natural de Eldorado do Sul, uma das cidades mais afetadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul. Além dele, o Brasil também conquistou uma prata e quatro bronzes.

Prata que valeu ouro: Wallison Fortes chega em segundo nos 200m T64, mas vira ouro após desclassificação de italiano

Prata que valeu ouro: Wallison Fortes chega em segundo nos 200m T64, mas vira ouro após desclassificação de italiano

Gaúcho Wallison Fortes é ouro no Mundial de Atletismo Paralímpico — Foto: CPB

— Estou muito feliz porque isso garante a minha vaga nos Jogos Paralímpicos. Foi uma bela estreia em Mundiais. Não é mérito só meu. É de toda a equipe. Foi um momento muito difícil, ver a nossa casa muito afetada pela chuva, meus pais passando por aquela situação. Mas isso me encorajou — disse Wallison, que estreou na competição e garantiu a vaga para Paris na categoria, mas ainda aguarda a convocação oficial do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB).

Na disputa pelos 200m T64, categoria dedicada aos atletas com amputação unilateral abaixo do joelho, Wallison cruzou a linha de chegada sofrendo uma queda. A imagem digital da chegada determinou a medalha de prata para o brasileiro por um braço na frente dos adversários e o ouro foi para o italiano Francesco Loragno. Porém, logo após a prova, Francesco foi desclassificado por ter invadido a raia adversária. Com isso, o resultado da prova mudou e Wallison foi considerado o primeiro colocado, ficando com o ouro.

Wallison atingiu o tempo de 23s11. O japonês Kengo Oshima ficou logo atrás com a prata, somando 23s13. Quem completou o pódio foi o neozelandês Mitchell Joynt, com 23s15.

Dobradinha brasileira

O Brasil ainda conseguiu uma dobradinha nas disputas do último dia de competição. Na prova dos 200m T11 feminino (categoria de pessoas com deficiência intelectual), Thalita Simplício cravou a prata com 24s95. Essa foi a segunda medalha da brasileira no Mundial. Ela também foi ouro nos 400m T11. Logo atrás de Thalita, Jerusa Geber, que era a atual campeã mundial da prova, completou o pódio com 24s98.

— Essa prova estava engasgada desde os Jogos de Tóquio, quando perdemos por quatro milésimos no photo finish (imagem digital da linha de chegada). Confesso que gostaria muito de conseguir esse ouro. Saí um pouco ruim na curva, mas depois recuperei durante a prova. Agora vamos fortes para Paris 2024 — disse Jerusa.

Além de ter conquistado o ouro, a chinesa Cuiqing Liu também conseguiu atingir o novo recorde mundial da categoria, com 24s36.

Thalita Simplício e Jerusa Geber fazem dobradinha nos 200m T11

Thalita Simplício e Jerusa Geber fazem dobradinha nos 200m T11

Outros bronzes do dia

Além do bronze de Jerusa, o Brasil teve outros três terceiros colocados. Lorraine Aguiar disputou os 200m T12 (deficiência visual) e levou o bronze, atingindo uma marca de 25s40. Lorraine encerra a competição com três medalhas. Antes, ela havia sido prata nos 100m e 400m T12. A vencedora da prova foi a indiana Simran, que ficou com o ouro somando 24s95.

— Estou muito feliz. O ouro não veio, mas estamos satisfeitos com a conquista de três medalhas. O Mundial passado não foi uma boa experiência, não tive um bom desempenho. Mas consegui dar a volta por cima. Ganhei mais força, mais velocidade, melhorei a parte psicológica. Agora é voltar ao Brasil e treinar mais ainda porque o objetivo maior são os Jogos de Paris — avaliou Lorraine.

Veja o bronze de Lorraine Aguiar nos 200m T12

Veja o bronze de Lorraine Aguiar nos 200m T12

Quem também medalhou foi Rayane Soares, em uma prova emocionante. Pelos 400m T13 (deficiência visual), ela cruzou a linha de chegada com um tempo de 56s78, somente um centésimo na frente da quarta colocada, a norte-americana Erin Kerkhoff. A portuguesa Carolina Duarte (55s61) ficou com o ouro e Lamiya Valiyeva (55s03), do Azerbaijão, levou a prata.

— Pelo esforço que fiz na chegada dos 400m, o cansaço que senti, esse bronze valeu muito a pena. Consegui uma medalha de cada cor aqui em Kobe. Estou treinando para subir no pódio em Paris 2024 — falou Rayane, que também foi ouro nos 200m, prata nos 100m e bronze nos 400m.

Veja o bronze de Rayane Soares nos 400m T13

Veja o bronze de Rayane Soares nos 400m T13

Na noite da última sexta-feira, Rodrigo Parreira havia conquistado a prata no salto em distância T36 (paralisados cerebrais). Ele saltou 5,75m, enquanto o compatriota Aser Ramos atingiu um centímetro a menos (5,74m) e ficou na terceira colocação. A princípio, os brasileiros haviam feito uma dobradinha, com prata e bronze, respectivamente.

No entanto, após a prova, o neozelandês William Stedman, que havia terminado a disputa fora do pódio, pediu a revisão por vídeo de um dos seus saltos e confirmou a marca de 5,85m. Com isso, o resultado mudou e Rodrigo Parreira ficou com o bronze. Enquanto Aser Ramos caiu para a quarta posição, sem medalha.

O Brasil encerra o Mundial de Atletismo Paralímpico na segunda posição do quadro geral de medalhas, com 42 pódios. Ao todo, foram 19 ouros, 12 pratas e 11 bronzes. A líder do ranking foi a China, que somou 33 ouros, 30 pratas e 24 bronzes.

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