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Por Fabio Grijó, Guto Rabelo e Sinclair Jr — Kobe, Japão


O Brasil ganhou mais duas medalhas de ouro na sessão da madrugada desta terça-feira (tarde de terça no Japão) do Mundial de Atletismo Paralímpico de Kobe, chegando a 14. A baiana Raissa Machado ganhou pela primeira vez o título no lançamento de dardo F56, em que se compete sentado, e a acreana Jerusa Geber conseguiu o tricampeonato na prova dos 100m da classe T11, para pessoas com deficiência visual. Com esse resultado, o país iguala a marca conquistada no Mundial de Paris do ano passado. O número a ser batido agora, até o fim do Mundial no dia 25, é o recorde conquistado em Lyon 2013, de 16 medalhas de ouro.

Raissa Machado conquistou o primeiro título mundial dela no lançamento de dardo F56 (que competem sentados). — Foto: Alessandra Cabral/CPB

O ouro de Raissa

A baiana Raissa Machado conquistou o primeiro título mundial dela no lançamento de dardo F56. Na carreira, Raissa havia sido até então prata no lançamento de dardo em Paris 2023 e Doha 2015, bem como bronze em Dubai 2019. Além disso, ela também é a atual vice-campeã paralímpica da prova, feito alcançado nos Jogos de Tóquio 2020.

Em Kobe, a brasileira lançou o dardo em 24,22m, o recorde da competição. O resultado foi superior ao da iraquiana Hashemiyeh Moavi, campeã paralímpica na capital japonesa, que, em Kobe, fez 22,74m, sua melhor distância nesta temporada. O bronze ficou com a chinesa Lin Sitong (22,68m).

Raissa Machado conquista o primeiro ouro no lançamento de dardo no Mundial de Atletismo Paralímpico

Raissa Machado conquista o primeiro ouro no lançamento de dardo no Mundial de Atletismo Paralímpico

— Estava sempre batendo na trave. Precisava muito dessa medalha. Eu fiz uma marca boa. Há tempos, buscava superar os 24m novamente, porque, infelizmente, passei por um período que não foi tão fácil. Todo atleta passa por isso, por uma estagnação, mas agora espero só evoluir. A medalha de ouro me dá uma tranquilidade. Era um dos critérios para ir aos Jogos de Paris e espero melhorar meu desempenho lá — afirmou Raissa, que nasceu com má-formação nos membros inferiores.

O tri de Jerusa e o bronze de Lorena

O tricampeonato de Jerusa, que nasceu cega, em Rio Branco (AC), veio com muita emoção e com a ultrapassagem da brasileira sobre a adversária chinesa Cuiqing Liu nos últimos cinco metros da prova. Com isso, terminou os 100m em 11s93, à frente da asiática, que fez 12s cravados.

Jerusa Geber conseguiu o tricampeonato na prova dos 100m da classe T11 (deficiência visual). — Foto: Divulgação/CPB

Com a vitória, a velocista acreana chegou à sua 10ª medalha em Mundiais de atletismo, sendo a maior medalhista da delegação brasileira em Kobe. Até agora, são cinco ouros e cinco pratas.

— Os 100 metros é a prova mais emocionante que tem na competição. É a mais rápida do mundo. A minha largada não é das melhores, mas durante a corrida a gente conseguiu recuperar. Minha mãe e meu esposo estão na arquibancada. Isso me motivou ainda mais. É a minha décima medalha em Mundiais e meu tricampeonato. Mais uma medalha para a nossa coleção. Não tenho palavras para explicar a emoção. Obrigada pela torcida de todos — comemorou Jerusa, que ainda vai correr os 200m T11 às 21h56 (de Brasília) desta quarta-feira, 22.

Jerusa Geber conquista o ouro e Lorena Spoladore ganha o bronze na categoria 100m T11 no Mundial de Atletismo Paralímpico

Jerusa Geber conquista o ouro e Lorena Spoladore ganha o bronze na categoria 100m T11 no Mundial de Atletismo Paralímpico

A dobradinha brasileira no pódio na prova dos 100m da classe T11 (deficiência visual) contou com a paranaense Lorena Spoladore, que chegou em terceiro na mesma disputa e levou o bronze com 12s26. Ela teve glaucoma congênito e obteve a sua sexta medalha mundial desde Lyon 2013.

— Esse bronze vem com gosto de ouro. Ano passado, foi muito triste tudo que aconteceu em Paris 2023. A volta foi muito difícil. E agora a nossa recompensa veio — afirmou Lorena, em referência à queda que sofreu durante a mesma corrida no ano passado, na capital francesa.

Dobradinha brasileira nos 100m da classe T11 (deficiência visual) com Jerusa Geber e Lorena Spoladore — Foto: Takuma Matsushita/CPB

Prata e bronze nos 400m

Já a capixaba Lorraine Aguiar e a rondoniense Ketyla Teodoro fizeram a outra dobradinha brasileira nos pódios nos 400m T12 (deficiência visual). Lorraine Aguiar conseguiu uma medalha mundial pela primeira vez na carreira. Foi prata nos 400m T12, com a marca de 58s26, o seu melhor tempo pessoal. O segundo pódio duplo do Brasil foi com Ketyla Teodoro, que também estreou em pódios mundiais, com 1min00s21.

Dobradinha brasileira no pódio de nos 400m T12 com Lorraine Aguiar e Ketyla Teodoro — Foto: Takuma Matsushita/CPB

Lorraine Aguiar e Ketyla Teodoro ganham prata e bronze na categoria 400m T12 no Mundial de Atletismo Paralímpico

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