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Por Beatriz Reis e Bruno Amâncio — Belém, PA


Você já ouviu falar em cheerleaders? Tradição das escolas e universidades norte-americanas, a modalidade, que ao pé da letra significa animação de torcida, chegou no Brasil por volta de 2008.

Em Belém, o primeiro grupo a surgir foi o projeto “Bicolindas”, as cheerleadrs do Paysandu animavam os intervalos dos jogos do Paysandu no estádio da Curuzu e do Mangueirão.

Projeto Bicolindas — Foto: Divulgação/Instagram

Em 2022, o grupo foi o centro das atenções após o envolvimento de uma das integrantes com um jogador do time daquele ano. Na época, a história foi negada por integrantes do projeto e da diretoria do clube bicolor.

Uma das coordenadoras do projeto procurou a reportagem do ge Pará. Pedindo para não ter a identidade revelada, ela falou com exclusividade como tudo ocorreu. Lembrando que uma das regras do projeto é que as integrantes são proibidas de se relacionarem com profissionais do clube, incluindo os jogadores.

– A diretora do projeto na época optou pela permanência dela, mesmo em meio a toda polêmica, como forma de apoio. No mesmo ano, por motivos pessoais da diretora com a atual presidência, ela foi desligada de suas funções dentro do clube, automaticamente também se desligou da diretoria do projeto.

A coordenadora falou que as “Bicolindas” nunca tiveram apoio da atual presidência do clube bicolor e que após a saída da diretora do grupo, o projeto foi afastado dos do Paysandu em casa.

O projeto nunca recebeu apoio da atual presidência, sempre tivemos uma grande resistência da sua parte, mas tínhamos essa pessoa lá dentro, que batia de frente com a pessoa dele (Maurício Ettinger) e fazia com que o projeto permanecesse. Após sua saída, ele teve forças para nos desligar das animações dentro de campo e, desde então, estamos lutando para que isso se reverta, pois infelizmente ele não tem coragem nem de conseguir sentar com a gente para ter algum tipo de reunião. Sempre passa essa delegação a outras pessoas. Só que no final tudo precisa passar por ele e encontramos essa resistência por sua parte.

Projeto Bicolindas, em 2016 — Foto: Arquivo Pessoal

Segundo a integrante da coordenação do projeto, ano passado o presidente do clube falou sobre a possibilidade da volta das animadoras de torcida para a beira do gramado. Ettinger falou que precisava de um tempo para “absorver tudo que aconteceu” envolvendo as integrantes e que nesse período o grupo ficaria afastada em forma de punição.

Desde o começo, o projeto é feito de forma voluntária. De acordo com a coordenação, todas as integrantes não possuem nenhum tipo de vínculo empregatício com o Paysandu.

– Muitas pessoas acham que a gente recebe valores financeiros e até mesmo salário. Por diversas vezes já fomos questionadas, mas todos os custos são inteiramente nossos. Nossas roupas, acessórios e tudo mais, são aquisições feitas pela coordenação, juntamente a todos os nossos parceiros, que são totalmente externos também. O Paysandu não tem gasto algum com a nossa participação dentro do clube, são oito anos da existência do projeto, levando em consideração a representatividade feminina dentro de campo.

Apesar não se realizarem as apresentações nos jogos, as "Bicolindas" seguem participando de ações com a diretoria de responsabilidade social do clube.

Acho válido ressaltar que o projeto é totalmente voluntário do Paysandu, sempre estivemos disponíveis para tudo o que clube precisasse, fazendo isso por puro amor. Hoje nós estamos com uma outra equipe de coordenação, eu mesma na época não fazia parte da coordenação. Hoje temos uma nova diretora geral do projeto e nós buscamos fazer com que todas as regras sejam aplicadas na prática e não somente em papel – finalizou a integrante da coordenação do projeto "Bicolindas".

Projeto Bicolindas participam de ações da diretoria de responsabilidade social — Foto: Divulgação/Instagram

A reportagem do ge Pará entrou em contato com o Paysandu para buscar uma posição sobre a situação envolvendo o projeto "Bicolindas", mas o clube prefere não se pronunciar sobre o assunto.

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