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Por Flávio Dilascio — Rio de Janeiro


A lenda do bodyboard está de volta. Aos 50 anos, Daniela Freitas retornará ao Circuito Mundial da modalidade após 17 anos longe das competições. Dani, que é carioca, mas mora no Havaí desde 2001, é uma das convidadas do Wahine Bodyboarding Pro, que começou nesta quinta na Praia do Solemar, em Jacaraípe-ES. Trabalhando atualmente como funcionária pública dos correios dos EUA (United States Postal Service), a atleta chegou a competir no fisiculturismo na década passada, quando já estava afastada das ondas.

Daniela Freitas está de volta ao Circuito Mundial de Bodyboard — Foto: Arquivo pessoal

Bicampeã do mundo pela Global Organization of Bodyboarders em 1996/97 e campeã pela International Surfing Association (1996), Daniela Freitas também venceu três vezes o Pipeline Pro, o último em 2007. Casada e mãe de Kaila, de 21 anos; e Kainoa, de 19; ela deixou de participar das principais competições internacionais no início dos anos 2000 para dedicar-se à família.

- Estou super empolgada. São 17 anos sem competir em uma etapa do Mundial. Competir com atletas da minha geração e atletas da nova geração vai ser uma experiência irada. E terá um gostinho bem mais especial por estar competindo no Brasil, minha terrinha que amo. Eu participei de seis Crcuitos mundiais de 1996 a 2001. Tive meus filhos em 2002 e 2004. Depois disso competi em algumas etapas que eram convenientes para mim. Mas já não seguia o Tour. Escolhi ficar em casa com meus filhos e curtir o que sempre foi o meu maior sonho, ser mãe - contou.

Muito presente na mídia nos anos 90, Dani viveu o auge do bodyboard brasileiro, que teve campeões mundiais do país muito antes do "primo-irmão" surfe. Lamentando a falta de investimentos na modalidade, ela espera que o seu esporte um dia tenha o devido reconhecimento.

Carioca tem treinado mais nas vindas ao Brasil — Foto: Arquivo pessoal

- Chutando aqui, o Brasil deve ter mais de 30 títulos mundiais de bodyboard. Só na categoria feminina são mais de 20. O auge do bodyboard no Brasil foi nos anos 90 e início de 2000. Época que o surfe brasileiro ainda estava engatinhando à conquista de um título mundial. Talento o bodyboard brasileiro tem para dar e vender. O que falta é verba, patrocinadores multinacionais, um Circuito Mundial forte, mídia e etc - pontuou.

Dani foi além, apontando alguns caminhos para o seu esporte tornar-se mais popular e valorizado no Brasil e no mundo.

- Eu não vejo como comparar os dois esportes já que o surfe existe há mais de 100 anos. O surfe conseguiu crescer bastante no mundo com muito investimento financeiro de mega empresas e até de Hollywood. Entrou no patamar de grandes esportes. Acho que seria por aí. Outra coisa que ajudaria seria o bodyboard entrar para as Olimpíadas - destacou.

Dani Freitas em ação nos anos 90 — Foto: Arquivo pessoal

Conhecida como musa do bodyboard quando estava no auge da carreira, Dani afirma que gostava da fama que carregava. Adepta de um estilo de vida saudável, ela segue em ótima forma aos 50 anos.

- Eu gostava de ser chamada de musa. Eu acho que ser musa é um elogio e agradeço até hoje pelo carinho e a torcida de todos. Eu acho que o termo musa é a ligação de atleta, saúde e beleza, que são coisas que fazem parte do meu estilo de vida - frisou.

Mesmo com a rotina de trabalho na United States Postal Service, Dani tem encontrado tempo para treinar e se exercitar no Havaí. O bodyboard, no entanto, ela pratica apenas quando vem ao Brasil.

- Meu tempo de lazer é com família, academia e praia sempre que dá. Eu confesso que, com a correria de trabalho aqui e o crowd dentro d’água, o pouco tempo que sobra eu prefiro ir para a academia. Pego mais onda quando estou no Rio visitando a família do que morando aqui no Havaí. O bom é que eu vou ao Brasil pelo menos três vezes ao ano - contou.

Bodyboarder posa com o ídolo tricolor Romerito no Maracanã — Foto: Arquivo pessoal

Torcedora do Fluminense, Daniela Freitas não esconde a paixão pelo time nas redes sociais. Quando está no Rio, ela procura ir aos jogos do clube. Este ano, inclusive, a bodyboarder compareceu ao segundo jogo da Recopa Sul-Americana. E saiu do Maracanã feliz com o título em cima da LDU.

- Praticamente minha família toda é Fluminense. O Flu é a minha paixão. Sempre que estou no Rio eu vou aos jogos. Fui à semifinal da Libertadores (Fluminense x Internacional) ano passado e fui à final da Recopa este ano. Estou muito feliz com a fase do clube que eu amo - afirmou.

Sobre a breve carreira no fisiculturismo, Dani enumera os conquistas nos cinco anos em que subiu aos palcos.

- Eu competi na categoria figure (wellness no Brasil) por uns cinco anos. Ganhei o North American em Pittsburgh em 2012, quando recebi o meu Pro Card. Depois disso competi no Ft. Lauderdale Pro e Tampa Pro em 2013. E pendurei o biquíni de cristal (risos).

Questionada sobre o futuro, ela espera encontrar a motivação que pecisava a partir da disputa do Wahine Bodyboarding Pro. A ideia dela é competir em mais etapas do Circuito Mundial no ano que vem.

- Quem sabe após o Wahine Pro eu me empolgo e volto a treinar para algumas etapas ano que vem? - concluiu.

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