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Por Redação do ge — Rio de Janeiro


Ameaçado após retorno do Talibã ao poder no ano passado e o banimento do esporte feminino, o campeonato nacional de ciclismo de estrada do Afeganistão vai acontecer no próximo domingo, dia 23. O evento será organizado pela UCI (União Internacional de Ciclismo) em Aigle, na Suíça, e reunirá cerca de 50 atletas, a maioria afegãs que vivem em países como Suíça, França, Itália, Alemanha, Canadá e Singapura. Mais do que o título, as ciclistas buscam chamar atenção para a situação das mulheres no país.

Masomah Ali Zada em ação em Tóquio — Foto: Getty Images

Entre as participantes está Masomah Ali Zada, integrante da Equipe Olímpica de Refugiados que se tornou a primeira ciclista afegã a disputar os Jogos Olímpicos em Tóquio 2020. Estudante de engenharia civil em Lille, na França, ela espera que a prova traga à tona o que acontece no Afeganistão.

- Este campeonato é como um despertador para o mundo. Espero que ele traga de volta à mídia a situação das mulheres no Afeganistão e que o mundo finalmente acorde para ajudar - diz a ciclista de 26 anos.

Equipe Olímpica de Refugiados: melhores momentos de Tóquio 2020

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O Talibã governa o Afeganistão desde agosto de 2021, quando tomou a capital Cabul. Desde então, os direitos das mulheres foram restringidos, incluindo o direito de estudar e de praticar esportes.

- É preciso lembrar a todas as pessoas que disseram que defenderiam os direitos humanos das mulheres afegãs que até agora nada foi feito e nada mudou no Afeganistão. A situação fica pior a cada dia - diz Masomah. - A cada dia perdemos mais uma coisa. No começo, as mulheres não podiam ir à escola, agora não podem nem trabalhar, o esporte ainda não é permitido. Todos os dias há uma nova regra mais rígida para tentar excluir as mulheres afegãs da sociedade.

Masomah, que terminou em 25º lugar no contra-relógio feminino de Tóquio 2020 ao completar o percurso de 22,1km em pouco mais de 44 minutos, quer usar sua condição de segurança em nome das compatriotas que não têm voz.

- Sempre que posso pedalar em um ambiente seguro e livre, me sinto muito grata, mas ao mesmo tempo fico triste. Não posso deixar de pensar nas mulheres em casa que também querem trabalhar, mas não podem por causa da situação de segurança e das regras estabelecidas pelo Talibã. Isso é de partir o coração.

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