TIMES

Por Erica Hideshima e Flávia Ribeiro — Rio de Janeiro


Thiago Braz está liberado para disputar o Troféu Brasil de Atletismo, entre os dias 27 e 30 de junho, e tentar o índice olímpico do salto com vara para Paris. Ouro na Rio 2016 e bronze em Tóquio 2020, o atleta foi suspenso provisoriamente em 28 de julho de 2023, após ter sido pego no antidoping com a substância ostarina, utilizada para o aumento de massa muscular. Em maio deste ano, a World Athletics, entidade máxima do atletismo mundial, confirmou um gancho de 16 meses, e o saltador só poderia voltar a competir em novembro. Mas o advogado do brasileiro, Marcelo Franklin, entrou com recurso na Corte Arbitral do Esporte (CAS), e o órgão concedeu uma liminar, nesta quarta (26), para que Thiago volte às competições.

Thiago Braz nas Olimpíadas de Tóquio — Foto: Gaspar Nobrega/COB

– Precisamente às 13h (de Brasília), recebemos um e-mail da Corte Arbitral do Esporte, concedendo uma liminar para que fosse levantada a suspensão imposta ao Thiago Braz, permitindo que ele tente a qualificação olímpica no Troféu Brasil, que ocorrerá de 27 a 30 de junho, em São Paulo. A decisão está sendo muito comemorada, e temos um forte otimismo de que ele novamente representará o nosso país em Jogos Olímpicos – disse Marcelo Franklin, em áudio enviado ao ge.

O julgamento no CAS teve um painel de três árbitros, e todos concordaram com a liberação de Thiago. Nas redes sociais, o atleta se manifestou. Compartilhou uma publicação em que a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) divulga o Troféu Brasil e escreveu:

– Estou chegando, filho.

Post de Thiago Braz nas redes sociais — Foto: Reprodução

Na época em que foi anunciada a suspensão de 16 meses, a Unidade de Integridade do Atletismo (Athletics Integrity Unit) afirmou que Thiago foi “imprudente” e agiu com “intenção indireta”, já que os atletas são informados do risco do uso de suplementos feitos em farmácias de manipulação, e o brasileiro “desconsiderou manifestamente esse risco”. A entidade chegou a pedir pena de quatro anos. No entanto, a World Athletics decidiu que não houve "falha ou negligência significativa", já que o saltador brasileiro teria sido orientado pela sua equipe médica no consumo do suplemento.

Na defesa de Braz, Marcelo Franklin argumentou que o saltador "foi vítima de contaminação de suplementos, uma violação não intencional, com ausência de culpa significativa". Referência internacional em antidoping e direito esportivo, o advogado se notabilizou por defender Cesar Cielo em 2011. Ele também advogou para os atletas Etiene Medeiros (natação), Ana Cláudia Lemos (atletismo) e Petrúcio Ferreira (atletismo paralímpico), garantindo a participação dos três na Rio 2016. Recentemente, representou o zagueiro Manoel, do Fluminense, que foi suspenso por apenas oito meses pela Conmebol por ter testado positivo para a substância ostarina.

Aos 30 anos, Thiago Braz é um dos principais atletas de salto com vara do mundo. Além das duas medalhas olímpicas, ele conquistou uma prata no Mundial de Atletismo Indoor de Belgrado 2022. Agora, tentará a vaga para os Jogos de Paris, que começarão em 30 dias. Para garantir a qualificação, ele precisará saltar acima de 5,82m no Troféu Brasil.

Em 2016, Thiago Braz recebe medalha de ouro após superar o favorito no salto com vara

Em 2016, Thiago Braz recebe medalha de ouro após superar o favorito no salto com vara

O que é ostarina

Ostarina custou à equipe masculina britânica de revezamento 4x100 metros uma medalha de prata nos Jogos de Tóquio, depois que Chijindu Ujah testou positivo. A jogadora de vôlei Tandara também foi suspensa por quatro anos pelo uso da mesma substância.

O médico endocrinologista Guilherme Renke explicou, em coluna no ge, que a ostarina "é uma substância que influencia diretamente nos receptores ligados aos hormônios androgênicos, em especial a testosterona. A substância tem ação anabolizante, aumenta a massa muscular, a força e a performance. É uma classe nova de medicamentos, não aprovada pela FDA. É da classe dos SARMS, sigla para moduladores específicos de receptores androgênicos (selective androgen receptor modulators)". Ou seja, é um anabolizante que atua, dentre outras coisas, no aumento de massa muscular, e é substância proibida pela Agência Mundial Antidoping.

Segundo Renke, "não é um medicamento de simples acesso em farmácias. Para o uso de ostarina é preciso de uma prescrição médica para a manipulação". A defesa de Thiago defende justamente que houve contaminação cruzada em uma farmácia de manipulação onde um suplemento do atleta foi produzido.

Veja também

Mais do ge

Ryan James Wedding, que disputou os Jogos Olímpicos de Inverno em Salt Lake City, é considerado foragido pelo FBI. Ex-snowboarder também é acusado de envolvimento em assassinatos

Ex-atleta olímpico é procurado pelo FBI por liderar rede de tráfico de drogas

Destaque no STU Rio, nesta semana, skatista medalhista de bronze na França conta como superou pressão e avalia: "Comecei a sentir mais orgulho de mim depois dessas Olimpíadas"

Rayssa Leal revela tensão vivida nos Jogos de Paris: "Primeira vez que senti medo de decepcionar"

No Dia do Professor, Francisco Porath contou como moldou relação com as atletas da ginástica brasileira: "Procuro entender cada uma e respeitar o jeito delas"

Técnico de Rebeca diz que quebrou rigidez na ginástica com liderança afetuosa: "Sou o guardião delas" - Programa: Jogos Olímpicos Paris 2024

Medalhista olímpica promove evento para incentivar crianças e adolescentes no surfe

No Dia das Crianças, Tati Weston-Webb faz ação no litoral de SC: "Trazer o estilo de vida do surfe" - Programa: Globo Esporte

Decisão passa a valer em 2025 com os Jogos Sul-americanos da Juventude e Jogos Pan-americanos Júnior

COB adota medida para ter mais mulheres nas delegações de competições internacionais - Programa: Jogos Olímpicos Paris 2024

Seleção é superior, triunfa por 3 sets a 1 e mantém sequência de pódios olímpicos do vôlei de quadra brasileiro

Toda a comissão técnica está mantida para o ciclo Los Angeles 2028, com os auxiliares Tiago Splitter, Bruno Savignani, Demétrius Ferraciú e Helinho Garcia

Aleksandar Petrovic renova contrato como técnico da seleção masculina de basquete do Brasil

Campeã mundial em 1994 e prata nas Olimpíadas de Atlanta 1996, a ex-jogadora de basquete comandará entidade ligada ao Governo Federal e terá Leomon Moreno como vice

Técnico do Pinheiros - clube em que treinam Bia Souza, Willian Lima e Larissa Pimenta, os três medalhistas individuais dos tatames em Paris 2024 - desenvolve software para estudar adversários

Guilheiro usa estudos matemáticos de mestrado em ferramenta que auxilia medalhistas olímpicos - Programa: Globo Esporte SP

Família James fazem parceria inédita na NBA,mas grandes nomes já seguiram os passos dos pais, inclusive jogando junto, em outros esportes; confira lista

LeBron e Bronny, Bernardinho e Bruninho... veja mais pais e filhos no esporte