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Por Carol Oliveira, Marcelo Barone e Matheus Guaresi — Rio de Janeiro


Raiva. Tensão. Gritos. Deboche. Provocação. Clima hostil. Este era o ambiente que predominava quando a seleção brasileira feminina de vôlei tinha que enfrentar as russas em competições pelo mundo. E não era só dentro de quadra: a atmosfera afrontosa se dava nos corredores de hotel, por exemplo. A rivalidade, iniciada no começo dos anos 2000, colocou Gamova, Sokolova, Goncharova e companhia como as principais adversárias do país na modalidade.

Rivalidades: Vôlei russo vira fantasma para o Brasil nos anos 2000

Rivalidades: Vôlei russo vira fantasma para o Brasil nos anos 2000

O ponto inicial desta rivalidade surgiu nos Jogos Olímpicos de Atenas, na Grécia, em 2004. A seleção brasileira vencia por 24 a 19 - estava, portanto, a um ponto da decisão. As comandadas do técnico José Roberto Guimarães não só perderam o set, mas também o confronto no tie-break. Eliminação precoce para a candidata à medalha dourada, que sequer subiu ao pódio. Nascia, ali, o "fantasma russo".

Ex-líbero da seleção brasileira, Fabi recorda, em entrevista à série Rivalidades do Vôlei, do "Esporte Espetacular", que a "ficha demorou a cair" e não esquece das provocações da russas.

- Eu me lembro da sensação de incredulidade... o Brasil perdeu? Demorou um tempo para a gente realizar o que de fato tinha acontecido naquele jogo de semifinal. A partir dessa derrota ficou uma animosidade, amplificada nos encontros subsequentes. Elas provocavam, tinha um tom de comemoração mais alto, olhando para as adversárias.

Fabi Alvim recorda derrota para a Rússia em 2004 — Foto: Ronaldo Gonçalo

Traumatizada, a seleção brasileira foi assombrada novamente pelas russas no Mundial de 2006 e 2010. Nesta última competição, Ekaterina Gamova garantiu o bicampeonato em mais uma vitória no tie-break. O choque aumentava a cada revés, assim como a vontade de dar o troco.

Thaisa era uma das que cresciam diante das provocações das russas, que gritavam em direção à rede após pontuarem. Capitalizava em cima da fúria que sentia diante das rivais.

- Eu já tinha uma raiva absurda naquela época, de rivalidade mesmo, porque a gente se cruzava muito. Era um jogo muito duro, muito difícil. Era aquele modo Thaisa raivosa mesmo. Eu falava: "Não é possível, a gente precisa ganhar dessas mulheres". Era muito difícil, indigesto total, o time como um todo. Tinha um gostinho diferente jogar contra elas. A Gamova era a principal jogadora, a que fazia acontecer. Então, você cria uma raiva maior. Eu precisava pegar essa mulher. E era difícil.

Ekaterina Gamova foi pedra no sapato das brasileiras — Foto: Divulgação / FIVB

A redenção se deu nos Jogos Olímpicos de 2012, em Londres. O treinador José Roberto Guimarães, que esteve à frente da seleção em todas estas etapas, não esquece da vitória sobre as russas nas quartas de final, uma espécie de "decisão antecipada". O Brasil viria a conquistar o ouro contra os Estados Unidos.

- A torcida com aquela coisa de “o campeão voltou", o nosso astral diferente, a torcida empurrando, eu me arrepio de falar disso porque foram momentos muito difíceis antes disso. Eu dei quatro peixinhos na quadra para comemorar e, no dia seguinte eu acordei todo dolorido, pensando: "O que aconteceu?".

Zé Roberto e seleção feminina de vôlei campeã em Londres 2012 — Foto: Alexandre Arruda / Divulgação CBV

Uma das principais responsáveis pela conquista, Sheilla conta que estava cansada de amargar derrotas paras as russas. Era preciso dar um fim à freguesia.

- A gente cruza com a Rússia em 2012, porque começamos muito mal. Elas se classificam em primeiro lugar do grupo, enquanto a gente passa em quarto do outro grupo. Foi tie-break de novo, mas naquela hora eu pensei: "Nem fod***** que elas irão ganhar de novo". Não vou sentir aquela dor outra vez. A vontade de ganhar da Rússia era diferente por causa da rivalidade, eram jogos calorosos.

Seleção feminina de vôlei após conquista do ouro em Londres, 2012 — Foto: Divulgação/FIVB

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