Em setembro do ano passado, a ministra de esportes da França, Amélie Oudéa-Castéra afirmou que as desportistas e integrantes das comissões técnicas do país estão proibidas de usarem símbolos religiosos durante os Jogos Olímpicos de 2024, o que inclui a proibição do véu islâmico, ou Hijab, para as atletas do país-sede. Ativistas da Aliança Sport & Rights – cujos parceiros incluem a Human Rights Watch e a Anistia Internacional –enviaram uma carta ao COI e pediram o fim dessa proibição que deixa os atletas muçulmanos "excluídos e humilhados", segundo o grupo.
A carta ao Comitê Olímpico Internacional (COI) foi datada em 24 de maio, mas mostrada à imprensa somente nesta terça-feira. Faltando menos de dois meses para os Jogos Olímpicos em Paris, o grupo de direitos humanos persistiu ao órgão olímpico para apelar às autoridades desportivas da França para anularem as proibições aos atletas de usarem o hijab no esporte francês. O COI afirmou que as restrições da França não se aplicariam a atletas de outros países.
- As proibições de hijab nos esportes resultaram em muitos atletas muçulmanos sendo discriminados, invisíveis, excluídos e humilhados, causando trauma e isolamento social - alguns saíram ou estão considerando deixar o país para procurar oportunidades de jogo em outro lugar - pontuou a carta dos ativistas.
- Portanto, apelamos ao COI, como líder do movimento olímpico, que use sua alavancagem considerável antes de Paris 2024 para chamar publicamente as autoridades esportivas francesas para derrubar todas as proibições de atletas que usam o hijab na França, em todos os níveis do esporte - acrescentou.
Esgrimista luta com véu islâmico pela 1ª vez na história de equipes olímpicas dos EUA
Repercussão
Nesta terça-feira, durante uma conferência de imprensa organizada por grupos de direitos humanos, a jogadora de basquete muçulmana da França Diaba Konate pediu à França que anule as proibições aos muçulmanos de usarem lenço na cabeça nas provas. Ela ainda reiterou que esperava representar seu país nos Jogos olímpicos de Paris, mas não teve chance porque usa o Hijab.
- Apesar do meu desejo e habilidades, não estou realmente autorizado a jogar pela França por causa de políticas discriminatórias. É muito frustrante ser excluído da representação do meu país simplesmente por causa da minha identidade religiosa. Acredito firmemente que o esporte deve ser inclusivo - disse a atleta, que jogou na seleção juvenil da França e tem carreira no basquete universitário nos Estados Unidos.
ONU condenou medida
Logo depois da proibição da ministra do esporte no ano passado, a ONU condenou a medida e reiterou sua oposição de princípio a impor às mulheres o que devem ou não vestir.
- Em geral, o gabinete do alto comissariado para os direitos humanos acredita que ninguém deve ditar a uma mulher o que ela deve ou não vestir - disse a porta-voz do ACNUDH, Marta Hurtado, em resposta a uma pergunta sobre o tema durante a conferência de imprensa regular da ONU em Genebra.
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