Conheça Lia Thomas, nadadora que reacendeu a discussão sobre atletas trans em competições
Lia Thomas vai ficar fora das Olimpíadas de Paris. Na quarta-feira, a Corte Arbitral do Esporte (CAS) anunciou a decisão de rejeitar o caso da nadadora transgênero. O tribunal máximo da justiça desportiva entendeu que a americana de 25 anos não é elegível para questionar a regra da World Aquatics (Federação Internacional de Esportes Aquáticos) que proíbe a participação de atletas trans em competições femininas. Assim, Lia, que foi campeã universitária nos Estados Unidos, continua banida e não vai poder disputar a seletiva olímpica do país, a partir de sábado.
- Lia Thomas simplesmente não tem o direito de se qualificar para disputar competições da World Aquatics como alguém que não é mais membro da USA Swimming (Federação de Natação dos Estados Unidos), portanto não foi suficientemente afetada pelas regras para ser capaz de desafiá-las - informou a decisão de 24 páginas do CAS.
Em março de 2022, Lia Thomas ganhou destaque ao se tornar a primeira nadadora trans campeã universitária nos Estados Unidos. Ela tinha planos de tentar disputar a seletiva olímpica americana, mas três meses depois do feito inédito a World Aquátics (na época chamada de Fina), anunciou uma nova política que restringiu a participação de mulheres trans na natação. A regra barra de competições internacionais femininas pessoas transgêneros que passaram pela puberdade masculina, ou seja, apenas mulheres trans que completaram sua transição até os 12 anos de idade podem competir.
A World Aquatics argumenta que o limite de idade para concluir a transição de gênero é necessário para garantir que mulheres trans tenham vantagem por passar pela puberdade masculina, embora a entidade admita que em muitos países não é permitido fazer a transição tão cedo. A Associação Mundial para Saúde de Transgêneros recomenda 14 anos como idade mínima para esse processo de transição. Na prática, a regra da World Aquatics barra praticamente todas as mulheres trans das principais competições da natação, incluindo as Olimpíadas.
A World Aquatics considerou a decisão do CAS de rejeitar o caso de Lia Thomas como "um grande passo nos esforços para proteger o esporte feminino".
- A World Aquatics está empenhada em promover um ambiente que promova a justiça, o respeito e a igualdade de oportunidades para atletas de todos os gêneros e reafirmamos este compromisso. Continuamos empenhados em trabalhar em colaboração com todas as partes interessadas para defender os princípios de inclusão nos desportos aquáticos e continuamos confiantes de que a nossa política de inclusão de gênero representa uma abordagem justa - afirmou em comunicado a World Aquatics.
Em junho de 2022, o Congresso Geral Extraordinário da World Aquatics aprovou a criação de uma força-tarefa para estabelecer bases para a criação de uma categoria aberta que permita a participação de mulheres trans na natação. Esses princípios ainda não foram divulgados.
Lia Thomas afirmou estar desapontada pela decisão do CAS.
- A decisão do CAS é profundamente decepcionante. As proibições gerais que impedem as mulheres trans de competir são discriminatórias e privam-nos de valiosas oportunidades atléticas que são fundamentais para as nossas identidades. A decisão do CAS deve ser vista como um apelo à ação para todas as mulheres atletas trans para continuarem a lutar pela nossa dignidade e direitos humanos - disse a nadadora, em comunicado.
Em novembro de 2021, o Comitê Olímpico Internacional (COI) decidiu que cada federação de modalidade esportiva passaria a decidir seus critérios sobre a questão dos atletas transgêneros e intersexuais.
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