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Por Carol Oliveira e Henrique Arcoverde — Rio de Janeiro


- Passei um ano tendo pesadelo com aquele campeonato. Se me perguntar o que aconteceu, eu não sei.

Nas Olimpíadas de Sydney, em 2000, Shelda viveu o momento mais desafiador de sua carreira. Ao lado de Adriana Behar, no vôlei de praia, as duas chegaram no Jogos como favoritas ao ouro, mas deixaram escapar a vitória contra as australianas Natalie Cook e Kerri Pottharst e ficaram com a prata. Apesar de ser um conquista enorme no esporte, Shelda confessou que foi difícil superar o vice e que demorou quatro anos para assistir àquela final. Neste domingo, o quadro "Minha Medalha", do Esporte Espetacular, relembrou essa história da ex-jogadora em Sydney.

Relembre os episódios anteriores do quadro "Minha Medalha" ao fim desta reportagem.

Minha Medalha: a prata de Shelda nas Olimpíadas de Sydney, em 2000

Minha Medalha: a prata de Shelda nas Olimpíadas de Sydney, em 2000

Muitas vezes, no jogo ou no momento mais importante da carreira, os atletas podem relatar alguma falta de memória daquele dia depois de um tempo. Assim como Zanetti em Londres 2012, Shelda viveu um desses momentos nas Olimpíadas de Sydney em 2000. Isso pode acontecer porque os jogadores experimentam um estado quase meditativo na hora da decisão, onde só o ouro importa. E quando o título não vem, a dor pode ser grande.

Muita coisa eu apaguei, acho que foi uma defesa depois daquele resultado. Passei um ano tendo pesadelo com aquele campeonato. Se me perguntar o que aconteceu, eu não sei. Acho que nunca vou saber. Foi pesado - disse Shelda.

Shelda e Adriana Behar eram as melhores do mundo no vôlei de praia e as favoritas ao ouro nos Jogos de Sydney, em 2000. As duas dominavam o esporte e foram para a Austrália com uma grande expectativa de retornar ao Brasil com o título.

- A gente já saiu do Brasil como as favoritas e uma das medalhas certas. A gente estava muito bem, muito bem preparada. O objetivo mesmo era estar no pódio, no lugar mais alto. A gente pensava só naquilo. A arena estava linda, eles fizeram realmente um espetáculo. A gente jogava dez vezes contra a Austrália e ganhávamos sete. Mas, assim, dava tudo certo para elas. Então foi o dia delas, o momento delas, na cidade delas, a torcida delas - comentou Shelda.

Shelda, Adriana Behar, Adriana Samuel e Sandra, Sydney-2000 — Foto: Reprodução Instagram/Adriana Samuel

A dupla brasileira chegou na final dos Jogos Olímpicos e enfrentou Natalie Cook e Kerri Pottharst. Com apoio da torcida local, as adversárias fecharam o primeiro set por 12 a 11. O jogo estava disputado e qualquer erro poderia significar a perda do título. No segundo set, Shelda lamentou uma bola que passou perto de entrar, mas foi para fora. As australianas fecharam o jogo por 12 a 10 e conquistaram a medalha de ouro.

- Eu passei a bola e foi muito perto da rede para a Drica. Ela tentou salvar a bola, e a bola foi fora por pouco. Tanto que a Natalie e a Kerri olharam e nem acreditaram. Foi um tantinho fora. Geralmente é dentro, mas essa foi fora - lamentou Shelda.

Adriana Behar e Shelda nos Jogos de Atenas 2004 — Foto: Divulgação COB

A derrota faz parte do esporte, e os atletas lidam com ela de maneiras diferentes. Para Shelda, a final em Sydney foi dolorida e demorou anos para a ex-jogadora conseguir assistir ao jogo novamente e analisar os erros cometidos.

- Demorou quatro anos para eu assistir à final. Porque geralmente quando eu perdia, eu ia ver o jogo para ver o que tinha errado, o que a gente podia ter feito, mas a final de Sydney eu não consegui assistir. Não sei se eu bloqueei, não quero saber. Acabou a olimpíada e a gente continuou jogando. A gente foi campeã mundial em 2000 e em 2001, mas eu não conseguia pensar naquela olimpíada de Sydney.

- Quando a gente voltou para o Brasil, era muito pesado. A gente era a decepção, a frustração. Ninguém mais do que a gente queria ganhar aquela medalha de ouro, né. Tanto que eu só consegui ver a final olímpica três dias antes de eu embarcar para a outra olimpíada. Aí eu sentei para assistir o jogo e vi que poderia ter feito melhor. Perdemos e a vida continua, faz parte. Não sei como seria se fosse medalha de ouro. Valeu a pena tudo, faria tudo de novo - completou Shelda.

A parceria com Adriana Behar durou 12 anos e rendeu duas medalhas de prata olímpicas (Sydney 2000 e Atenas 2004) e mais de 100 títulos na carreira, entre eles o bicampeonato mundial e o ouro nos Jogos Pan-americanos Winnipeg 1999.

Shelda confessa dor de perder o ouro em Sydney — Foto: Carol Oliveira

Este foi o sexto episódio do "Minha Medalha" no Esporte Espetacular, quadro no programa que relembra grandes conquistas de medalhistas brasileiros nas Olímpiadas. Além de Arthur Zanetti, Hebert Conceição, Fabi Alvim, Luísa Stefani, Pedro Barros e Shelda, o quadro ainda vai contar com mais seis medalhistas olímpicos: Fernando Scherer, Rafaela Silva, Ricardo Lucarelli, Italo Ferreira, Janeth Arcain, e Isabel Swan.

Confira os episódios anteriores do quadro "Minha Medalha"

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