O Troféu Brasil de natação, encerrado no último sábado, definiu a seleção brasileira que vai representar o país nos Jogos Olímpicos de Paris. Serão 18 nadadores, a menor equipe desde a edição de Sydney 2000. É o resultado da entressafra que a natação masculina vive somada com a falta de nadadoras classificadas nas provas de borboleta, costas, peito e medley.
Mafê Costa vence prova de 200m livre e garante a segunda vaga olímpica dela
Vale iniciar o texto falando de Maria Fernanda Costa, que na seletiva quebrou os recordes brasileiros dos 200m e 800m, além de ter confirmado a vaga também nos 400m. É o grande nome da natação feminina do Brasil e, ao lado de Guilherme Costa e Guilherme Caribé, forma o trio principal da modalidade atualmente.
Guilherme Costa vence 400m livre no Troféu Brasil de Natação e garante vaga Olímpica
Nomes experientes como Guilherme Guido, João Gomes e Leonardo de Deus, pilares da seleção há mais de uma década, não conseguiram a vaga. Bruno Fratus, por questões médicas, não disputou a seletiva. Ao mesmo tempo, atletas que surgiram de uns anos para cá não explodiram: Brandonn Almeida, Luiz Altamir, Caio Pumputis, Leonardo Santos, Vinicius Lanza e Pedro Spajari também ficaram fora da lista para as Olimpíadas.
Assim, o Brasil disputará apenas sete das 14 provas individuais masculina nas Olimpíadas. Os 50m, 100m, 200m, 400m e 800m livre, além dos 100m e 200m borboleta. O país não terá representantes, nas provas individuais, nos nados costas e peito, nem no medley. Como comparação, em Tóquio, os homens ficaram fora de apenas três provas.
Guilherme Caribé conquista vaga olímpica para o Brasil na natação
A natação feminina está muito bem no nado livre. Além de Mafe Costa, outros nomes fizeram boas marcas, mas a verdade é que ainda existe um buraco gigante. Nenhuma atleta chegou nem perto do índice olímpico nas provas de peito, costas, borboleta e medley.
É bem possível que o Brasil mantenha a média de finais conquistadas nas últimas Olimpíadas. Isso porque os revezamentos do Brasil estão fortes. O 4x200m, masculino e feminino, só não vão à final olímpica se nadarem bem abaixo do esperado. Os 4x100m, masculino e feminino, têm boas chances de finais, mas os tempos têm que ser melhores do que os feitos nas seletivas.
Guilherme Caribé tem totais chances de finais nos 100m livre e pode sim surpreender nos 50m livre. Guilherme Costa é outro que pode atingir duas finais se nadar perto das melhores marcas da vida. Mafê Costa também tem condições de duas finais. E sempre há uma final "surpresa", aquela que não está no radar, mas que chega com um recorde brasileiro batido por algum atleta. Pode ser com Bia Dizotti, Kayky Motta, Gabi Roncatto ou até mesmo o Nick Albiero.
Assim, dá para pensar tranquilamente em um número de finais maior que cinco e menor que oito. Exatamente a média dos últimos anos: foram cinco em 2004, seis em 2008, cinco em 2012, oito em 2016 e seis em 2021.
Três atletas se classificaram para as Olímpiadas no primeiro dia de seletiva da natação
A chance do Brasil sair sem medalha é grande, já que as possibilidades de pódio são remotas e nenhum dos nadadores é favorito. Guilherme Costa, nos 400m livre, foi bronze no Mundial de 2022 e quarto em 2023 e 2024. Está na briga, mas não é favorito. Guilherme Caribé pode ser uma surpresa nos 100m livre, mas seu melhor tempo ainda está distante de qualquer briga por pódio. Por fim, o 4x200m masculino precisa melhorar cerca de cinco segundos se quiser entrar na briga entre os três primeiros colocados.
Atualmente, a natação feminina briga por finais, não por medalha. O que já é uma evolução, já que na última edição, em Tóquio, nenhuma final foi obtida pelas mulheres. Só o fato de Mafê Costa ter tempos para brigar por três finais individuais, além dos revezamentos, já mostra um crescimento. Mas ainda há uma lacuna gigante nos outros estilos.
A natação brasileira vive um momento delicado, de entressafra, em que poucos nomes têm surgido em destaque mundial. É algo parecido do visto nas Olimpíadas de Atenas, a última de Gustavo Borges e Fernando Scherer, e a primeira de Thiago Pereira. Cesar Cielo surgiria meses depois, com medalha no Mundial em piscina curta de 2004. O gargalo de 2004 antecedeu uma geração que teve muito sucesso nos anos seguintes.
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