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Por Marcel Merguizo — São Paulo


Um é Zé. O outro é "inho". Nada mais brasileiro. Ainda mais no mais brasileiro dos esportes olímpicos. Eles são a história: José Roberto Guimarães e Bernardo Rezende. Juntos e separados, eles estão novamente à frente das seleções feminina e masculina do Brasil, respectivamente. E pode ser a última vez que os deuses do olimpo terão os dois ali, na beira da quadra, em uma edição dos Jogos. Epílogo imprevisível de um livro de ouro sobre o vôlei mundial.

Rebeca Andrade, Flávia Saraiva e Júlia Soares no Maracanãzinho — Foto: Marcelo Barone

As semanas iniciais da Liga das Nações mostram que, entre vencedores e vencidos, o Brasil chegará a Paris candidato a medalhas. Não seria diferente com equipes dirigidas por um técnico tricampeão olímpico e outro com sete pódio em Olimpíadas. Feitos inéditos no país que provam que um time pode ser comandado por um professor ou por um coach, de formas distintas, e ainda ser campeão.

Quando os dois estão em pé à beira da quadra, porém, independentemente de quais jogadores ou jogadoras estejam atuando, parece um déjà vu (para usar uma expressão francesa). E as lembranças desses muitos anos de Zé Roberto e Bernardinho no comando das seleções são ótimas. E talvez explique porque durante tanto tempo o vôlei permaneça como potência dentro de quadra e também fora dela, acumulando tanto conquistas quanto fãs.

Zé Roberto conversa com torcedores no Maracanãzinho — Foto: Priscilla Basilio

É como assistir a um jogo amador de vôlei em um ginásio brasileiro em um domingo qualquer de maio de 2024 e saber que muitas daquelas mulheres em quadra têm como primeira lembrança olímpica o ouro de Barcelona 92. Uma ligação entre meninas, filhas, mães, mulheres, das que tem o vôlei como terapia esportiva semanal até as que fizeram do esporte a profissão que levou as levou ao bicampeonato olímpico. Um fio condutor entre a energia de um Maracanãzinho em final olímpica de 2016 e uma quadra qualquer com piso de cimento na zona oeste de São Paulo.

E Bernardinho e Zé Roberto estão sempre lá. Influenciando, há décadas, atletas e treinadores, fãs e torcedores. Estilos, personalidades, métodos diferentes. Quem é melhor? Quem é maior? A audiência do vôlei é maior. A expectativa sobre o vôlei é a melhor. O único esporte coletivo em que o Brasil terá homens e mulheres nas Olimpíadas de Paris parece ser também o mais capaz de mobilizar os mais diferentes públicos.

Bernardinho e Bruninho em Brasil x Argentina, Liga das Nações masculina de vôlei — Foto: Volleyball World

Das medalhistas olímpicas Bia Ferreira e Rebeca Andrade na arquibancada do Maracanãzinho aos avós da Júlia vendo pela TV em Mairinque, os vôleifãs se duplicam. Em ano olímpico, quadriplicam-se. Essa multiplicação é um fenômeno a ser estudado futuramente quando não tivermos mais Zé Roberto e Bernardinho com a seleção. Não é uma tempestade como no surfe. Nem um raio como já visto no tênis. De Maurício a Bruninho. De Sheilla a Gabi. De Giovane a Darlan. De Ana Moser a Thaisa. O elo dessa corrente tem nome. Dois nomes bem brasileiros.

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Blog Olímpico Marcel Merguizo — Foto: Reprodução

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